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BENTO XVI: NOVA ENCÍCLICA
João Maria da Silva. Endereço eletrônico: joaomaria.ag@gmail.com
Atestado Progressista. Em sua nova encíclica, o papa Bento XVI surpreende ao reconhecer o papel do lucro na produção da riqueza e os méritos do capitalismo globalizado. Dede Leão XIII, autor da encíclica
Rerum novarum, promulgada em 1891, a primeira a tratar do mundo da economia e do trabalho, os papas debruçaram-se sobre o tema. Ele entrou na lista das preocupações da Igreja Católica quando as transformações promovidas pela industrialização, entre as quais a criação de uma classe operária que vivia em condições degradantes, começavam a fornecer combustível farto à expansão das ideologias esquerdistas, ateias e anticlericais. Com a derrocada do comunismo, o Vaticano resolveu fustigar o capitalismo, antes alvo apenas periféricos de seus documentos. Em meio à crise financeira que abalou os alicerces da economia mundial, Bento XVI fez conhecer agora sua primeira encíclica a respeito do assunto: Caritas in Veritate (A Verdadeira Caridade), com 127 páginas. É a terceira do seu pontificado, iniciado em 2005 – as duas anteriores são Deus Caritas Est, de 2005, em que fala do amor de Deus pelos homens e busca entender as simetrias e assimetrias entre amor carnal e espiritual, e Spe Salvi, de 2007, em que trata do significado da esperança cristã.Caritas in veritate surpreende porque não demoniza o sistema capitalista. No entanto, o papa parte da teologia para abordar aspectos concretos que afetam seu rebanho. Ele diz que, "sem a perspectiva de uma vida eterna, o progresso humano fica privado de respiro". E que um mundo que se abdica da religião está condenado a girar em falso, de crise em crise, por que não tem base moral. Mas, pouco afeito ao misticismo, Bento XVI afirma que "a religião precisa sempre ser purificada pela razão". As consequências da falta de Deus no dia a dia, segundo o papa, são precariedade das condições trabalho para milhões de pessoas espalhadas pelo planeta, o desemprego galopante, a pobreza e a perda de dignidade. "A sociedade cada vez mais globalizada torna-nos vizinhos, mas não nos faz irmãos", assinala.
Referência: João Maria da Silva. Endereço eletrônico: joaomaria.ag@gmail.com
"A exclusão do trabalho por muito tempo ou então uma prolongada dependência da assistência pública ou privada corroem a liberdade e a criatividade da pessoa e as suas relações familiares e sociais, causando enormes sofrimentos psicológicos e espiriuais."
Bento XVI critica os ecoxiitas e sua visão "neopagã" de que a praga do mundo é o homem e que o desenvolvimento econômico é nocivo. Ao mesmo tempo, claro, defende o bom uso dos recursos naturais. Elogia as ONGs e seu papel em amenizar o sofrimento de milhões de pessoas.
"A encíclica deixa claro que não há solução, hoje, fora do capitalismo. Durante algum tempo, a Igreja não sabia como lidar com a globalização econômica. Essa encíclica resolve o problema.
Financistas e empresários às voltas com custos crescentes e lucros descendentes pensam ainda menos em religião.
Não deixa de ser bom para o rebanho quando as opiniões de um papa ficam mais próximas da realidade, como demonstra essa terceira encíclica de Bento XVI.
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