logo RCN

'Colha e Pague' uvas em Abdon Batista

Chegamos ao período da safra da uva, os parreirais estão carregados com o fruto e, cada vez mais, os produtores estão investindo nesta cultura que, além de rentável, é muito saborosa.
Esse é o caso do abdonense Jacó Petri, que deixou de produzir o tabaco para investir nas parreiras e desde 2002 os trabalhos em sua propriedade são divididos na produção de uva, pêssego, ameixa, maçã e o leite, porém sua grande paixão, e isso pode ser visto nos olhos de seu Jacó, são as parreiras.
Em 2 hectares de terra estão plantados os melhores pés do fruto que se dividem em ½ hectare de uva Niágara e 1,5 hectares da variedade Bordô, essa ele utiliza para a fabricação de vinho, que desde 2009 faz parte da renda da família e produz cerca de 6 mil litros anuais.
Mas esse ano seu Jacó tem uma novidade que o alegrou muito, um experimento que na sua visão deu muito certo. Através do projeto SC Rural desenvolvido pela Epagri, o produtor foi beneficiado com o valor de 4 mil reais, sendo esse valor utilizado para a compra de material e a fabricação por ele mesmo de coberturas em cerca de 80 plantas. "Conhecemos essa técnica em um dia de campo em Videira, nos apaixonamos e resolvemos trazer para a nossa propriedade, com o resultado desta safra pretendemos implantar em todo o parreiral, principalmente na variedade Niágara", comenta o produtor, destacando um dos principais pontos positivos da cobertura da parreira. "O que mais pesa no meu ponto de vista é a não utilização de tratamentos. Enquanto na uva sem cobertura utilizamos cerca de 12 tratamentos durante a safra, na uva coberta é zero, livre de qualquer tipo de agrotóxicos" enfatiza.
A lona evita também o granizo, chuva, ameniza a geada, vento, e logo irão acompanhar o grau de doçura das uvas e comparar com os frutos cobertos e que não estão cobertos para ver se tem diferença. "Visivelmente a uva fica mais bonita. Essa lona foi desenvolvida especialmente para o cultivo de frutas", lembra.
Perguntado sobre o apoio da administração ele é categórico em dizer que falta apoio. "Pouca coisa é feita, tivemos um incentivo em 2002 quando iniciamos, éramos em 28 produtores e hoje somos em apenas 4. Somando todas as terras plantadas com parreiras chega a pouco mais de 4 hectares e destes 2 são meus". Ele lembra que a Cidasc há alguns anos importou de fora do país o cavalo da uva (espécie de enxertos), livres de vírus, e foi implantado em Videira, e também no horto de Abdon Batista. Os enxertos livres de vírus não receberam a atenção especial por parte da administração e o resultado foi a perda desse material. Hoje as mudas que seu Jacó tem na propriedade vêm de Videira, da propriedade de seu Vicente Viecelli, todas possuem registro e outras ele mesmo faz. "Quem me ensinou foi o Roberto Viecelli de Anita", destaca.
Questionado sobre aumentar a área de terra com parreiras, seu Jacó diz que pensa em ampliar, mas que busca novas variedades, como a Moscato Bailey, que, segundo ele, é a variedade futuro das uvas, pois tem tintura excelente para vinho e suco e um potencial muito bom de produção e só se cultiva debaixo da lona, madurando um pouco mais tarde, na primeira quinzena de março, sendo essa uma vantagem.
Entre tantas vantagens de se produzir uvas e a satisfação do produtor, seu Jacó chama a atenção para um ponto negativo e que se não for levado em consideração, poderá acabar com a produção de uvas e de outros pequenos frutos no município. Ele enfatiza e reprova  o uso excessivo do agrotóxico 2,4-D, que é utilizado nas lavouras e para limpar pastagens e, segundo ele, recentemente o cheiro de agrotóxico era insuportável. "Os técnicos e outros produtores de uva sempre falam que o 2,4 - D é prejudicial para as frutas, esse é um dos pontos que pesa muito na hora de investir. Deve haver uma conscientização por parte dos agricultores, pois caso contrário não terá um futuro para a uva". 
Seu Jacó nasceu e se criou em Abdon Batista, na comunidade de Santa Terezinha, distante cerca de 5km da sede do município e não pretende deixar o meio rural. Já plantou milho, feijão e tabaco e desistiu principalmente desta última cultura, por acompanhar o sofrimento de um tio e do sogro que faleceram de câncer de pulmão. Ele trabalhou com tabaco de 1985 a 2002, quando começou a produzir uva.
Ficou curioso para conhecer o parreiral de seu Jacó e a nova técnica que está dando bons resultados?
O período de colheita já iniciou e como o sistema de seu Jacó é 'colha e pague', você pode se dirigir até a localidade e escolher você mesmo seus frutos. Segundo ele, tem dias que mais de 300 pessoas passam pela propriedade, é gente que as vezes eles não dão conta. E mais do que nunca, o apoio e a colaboração da família são essenciais.
O vice - prefeito Ile Busnello acompanhou a visita à propriedade de seu Jacó e, segundo ele, a administração que está iniciando os trabalhos neste ano irá dar mais apoio aos produtores de pequenos frutos do município, incluindo os produtores de uva. Ile coordenou os da prefeitura durante a semana que passou.
O secretário de agricultura Juliano Mecabô parabenizou seu Jacó Petri pelo exemplo em sua propriedade, a Epagri através o projeto SC Rural que disponibilizou o recurso para implantar a parreira coberta. "Espero que ano após ano o povo crie uma cultura de fruticultura no município e venham novas variedades de frutos. Nós, como administração municipal, temos programas de incentivo à fruticultura e queremos ampliar esse programas, mas para isso precisamos que os produtores se organizem em associações para que possamos criar projetos de apoio junto a agricultura familiar", enfatizou o secretário. 
Seu Jacó agradece a Epagri e a funcionária Maria Angela por ter apresentado essa tecnologia e por fazer o projeto que o auxiliou. "Hoje temos esse experimento para mostrar a todos e, graças a essa tecnologia, esperamos produzir mais e com melhor qualidade e, principalmente, sem o uso de agrotóxicos que é o ponto mais importante", relata o produtor, que participa sempre que possível de cursos, palestras e seminários e leva a família junto para dar o suporte necessário e para absorver todas as informações que serão aplicadas posteriormente na propriedade.  Ele sempre está em busca de novidades e outro experimento que está fazendo é colocar um tela também debaixo das parreiras, evitando assim que abelhas, insetos e, principalmente o morcego, que é um dos grandes vilões das uvas, cheguem até o fruto durante a sua maturação.

Deputado federal visitou municípios da região para conhecer as necessidades locais Anterior

Deputado federal visitou municípios da região para conhecer as necessidades locais

Casa na comunidade do Pinheirinho é destruída pelo fogo Próximo

Casa na comunidade do Pinheirinho é destruída pelo fogo

Deixe seu comentário