A conhecida goiaba-serrana e a abrangência em nível mundial

Levar os alunos a vivenciar os temas propostos em sala de aula na prática é algo comum nas aulas de História do professor Gil Karlos Ferri, da Escola de Educação Básica Padre Antônio Vieira, de Anita Garibaldi.
A atividade do dia 29 de março foi sobre a goiaba-serrana. A população da Região dos Lagos provavelmente conhece a fruta, mas sabe da dimensão que ela tem no mundo?
Para falar com propriedade do assunto, o professor convidou a doutora em História, Samira Peruchi Moretto, a qual desenvolveu a tese do doutorado com a seguinte titulação: "A domesticação e a disseminação da feijoa (Acca sellowiana) do século XIX ao século XXI". Feijoa significa o mesmo que goiaba-serrana.
Os alunos do 7º ano vespertino, a pesquisadora e convidados foram até o sítio da família de Gil, na comunidade do Divino, distante cerca de 8 km do centro da cidade, onde existem vários pés nativos da fruta, a fim de estudar e coletar goiabas. Mas antes disso, na escola, doutora Samira fez uma explanação sobre o tema, que teve continuidade embaixo da sombra da goiabeira.
A aula foi interativa, contando com várias perguntas dos estudantes, além de poder degustar a saborosa goiaba.
Segundo o professor Gil, a ideia da atividade surgiu de um anseio enquanto ele ainda era estudante de graduação na UFSC. "Sempre critiquei o meio acadêmico por interagir pouco com a sociedade, produzindo ótimos conhecimentos, mas pouco envolvido com as pessoas. Para fazer diferente, aos poucos procuro repassar aos meus alunos algumas informações sobre minha área de pesquisa do mestrado, a História Ambiental. A atividade em parceria com a Dra. Samira, que foi minha colega na UFSC e atualmente é professora na UFFS, surgiu de um diálogo que tivemos no Simpósio Internacional de História Ambiental e Migrações, e a partir passamos a organizar um evento voltado ao público escolar", contou o professor, que enfatizou sobre a importância do estudo de uma espécie nativa da região, a goiabeira-serrana: "É uma planta que foi levada para diversos países e aproveitada para a produção de muitos produtos, mas, até então, era pouco valorizada por nós. Acredito que o mérito da atividade foi reforçar o ideal de valorização e preservação, tanto da espécie goiabeira-serrana como de toda a nossa vegetação nativa".
Samira visitou plantações em alguns países e descobriu que a fruta foi levada primeiramente para a Europa e para os Estados Unidos e, de lá, para outros países. Atualmente a maior produção da fruta se concentra na Colômbia e na Nova Zelândia.
A historiadora, Dra. Samira, ressaltou a satisfação em ver o objeto de estudo de sua tese de doutorado, ser transposto para uma aula no Ensino Fundamental. "Tive uma pequena experiência enquanto docente do Ensino Básico e acredito na necessidade de trabalhos que agrupem o conhecimento acadêmico com o aprendizado na escola. Tenho me dedicado nos últimos anos a docência no Ensino Superior e poder trabalhar com alunos de 12 e 13 anos, foi uma satisfação. Sobre a saída de campo, a visita ao Divino, foi a oportunidade de fazer a observação in situ e estimular a interação com a fruta, no local onde ela é nativa. Espero ter conseguido mostrar a eles a importância da goiabeira serrana e estimulado a conservação da espécie", concluiu.
A resposta dos alunos quanto à atividade foi bem positiva. Acostumados com o jeito diferenciado das aulas de História, mais uma vez eles demostraram o quanto gostaram. "Conhecia a goiaba, mas não sabia muito sobre ela, muito menos o quanto ela era famosa pelo mundo. Assim a gente passa a valorizar mais as coisas do nosso lugar. E o nosso passeio foi muito legal", declarou a aluna Mônica Rocha de Oliveira.
A E.E.B. Padre Antônio Vieira agradece aos envolvidos nesta atividade: Dra. Samira Moretto, pelo envolvimento e carisma com os estudantes, profs. Gil Karlos Ferri e José Antunes de Oliveira, pela organização, Beatriz Santos Medeiros Matos (EPAGRI) e Juarez Mattos (ALESC), convidados especiais.
Conhecimento, interação, goiaba e vinho
Além da aula, no final do dia, a historiadora Samira, o professor Gil e convidados foram até a Vinícola Abreu Garcia, em Campo Belo do Sul. Na ocasião, os visitantes conheceram a estrutura da vinícola, os vinhedos, a igreja e o sítio arqueológico.
Na oportunidade, Samira realizou uma apresentação sobre sua pesquisa referente à goiabeira-serrana e depois, no belo pôr do sol da Abreu Garcia, os visitantes realizaram degustação de vinhos e espumantes.
Nos solos da Abreu Garcia, a goiaba serrana tem lugar de destaque. Foram plantadas 300 mudas no final de 2011, sendo que 221 se desenvolveram, estão dando frutos e sendo acompanhadas de perto por pesquisadores da UFSC. Essa goiaba gosta de altitude e frio, e perto de árvores nativas é comum haver pinheiros.
Além dos vinhos, queijos, salames e mel, produtos típicos da serra, a vinícola serviu água aromatizada de goiaba e fez uma decoração especial com folhas da goiabeira-serrana, a nova "prata da casa".
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