Chamando por Miguel Duarte de Jesus, talvez poucos reconheçam de imediato, mas quando falamos no Tio Miga, logo os anitenses identificam de quem se trata. Para falar da profissão de apicultor, celebrada no dia 22 de maio, Tio Miga recebeu a equipe do Correio dos Lagos em uma conversa cheia de histórias para relembrar.
Natural de Anita Garibaldi, hoje com 56 anos, iniciou a trajetória dele com a apicultura orgânica em 1983, quando se casou com Luci de Fátima de Jesus, filha de um dos mais tradicionais apicultores da época, o senhor João Peterle. "Aprendi com meu sogro a gostar do trabalho com as abelhas, sendo para mim um hobby e também um auxílio na renda", comentou Tio Miga, que também é funcionário público.
Segundo ele, no princípio trabalhava sem assistência técnica, mas há 12 anos começou a se aperfeiçoar e investir. "Junto com mais dois apicultores, os irmãos Neri e Amarildo Maia da Silva, compramos os equipamentos necessários para trabalhar dentro da técnica e higiene, também pensando no cuidado e proteção na hora do manejo. Tem que se proteger bem na hora de chegar perto das abelhas", destacou, comentando que os três se ajudam, pois o trabalho necessita que mais pessoas colaborem.
Tio Miga tem 110 colmeias, o que equivale à produção de aproximadamente 1.500 quilos de mel ao ano, além da cera e do própolis,  para isso ele aluga terrenos para instalar as caixas, sendo nas comunidades de Santo Anjo, Rosário, Barro Preto, São José e Pinheirinho. 
Perguntado sobre como funciona o processo de produção do mel, ele relata o passo a passo: "Primeiro leva a colmeia para o campo com a cera de isca para capturar o enxame, depois do enxame capturado, em cerca de 30 dias coloca-se as melgueiras. Então de 45 a 60 dias já tem o mel. Após isso vem à colheita e a centrifugação do produto", comentou, destacando que a colheita acontece entre os meses de dezembro e janeiro e ainda tem a safrinha. "Neste ano foi surpreendente como foi baixa a safrinha do início do inverno", comentou.
Cuidar das abelhas é o princípio de tudo para a produção do mel. "O uso de inseticidas na limpeza de potreiros e a Peste Varroa, que é um pequeno inseto que se aloja embaixo da asa da abelha, causam a morte prematura delas, antes de completar os 41 dias do ciclo de vida normal", explica Tio Miga.
Ele e os amigos Neri e Amarildo fazem parte da FAASC - Federação das Associações de Apicultores de Santa Catarina através da Associação de Apicultores da Lagoa da Estiva, por isso estão sempre buscando se atualizar no meio. "Digo que vale a pena se a pessoa gostar, é um investimento de retorno a longo prazo, mas produzir mel orgânico e de qualidade é compensador. O que precisa é de mais apoio do poder público e conscientização dos agricultores para que não usem agrotóxicos que prejudicam a produção desse alimento que faz muito bem para a saúde", concluiu.