Dias atrás um colega me sugeriu escrever sobre como a rotina é importante para a vida familiar. Ele comentou isso após o início das aulas, quando suas duas meninas já haviam voltado para o colégio. "Só quando a gente fica muito tempo sem rotina é que se começa a valorizá-la", disse, ressaltando que agora as filhas têm novamente horário certo para comer, fazer deveres, lazer e ir para a cama. Assim, o casal também volta a ter um tempo sozinho e a vida volta ao seu ritmo normal.
Passamos a vida reclamando da rotina, que ela é massacrante, que nos oprime. E, entre nossos sonhos mais secretos, está o de viver uma vida sem rotinas, onde cada dia nos espere novas emoções e descobertas... Mas quem conseguiria levar uma vida inteira assim? Férias só são uma maravilha porque são férias. A rotina parece ruim, mas quando estamos impossibilitados de cumpri-la, sentimos uma falta danada. Recentemente, li o comentário de uma mãe que está acompanhando seu filho pequeno, que passa por um transplante de medula óssea, em um hospital longe daqui. Ela escreveu: "Que saudade da nossa vidinha em casa, da nossa rotina, de fazer o café da manhã das crianças, de tirá-los da cama para ir à escola...". Aquelas cenas tão banais do dia a dia de qualquer família, para ela, que vê o filho em uma situação tão delicada no hospital, é tudo o que quer viver novamente. 
Passei pela mesma coisa. Durante uma doença séria, eu enxergava da janela do quarto, lá de cima no Hospital de Caridade, em Florianópolis, as pontes engarrafadas. E tinha muita vontade de estar lá, no meio daquela muvuca toda. Só o que eu desejava era ficar boa o mais rápido possível para voltar a viver a minha rotina, a mesma da qual tantas vezes reclamei. Chego à conclusão de sempre: tudo é uma questão de bom senso, de saber dosar as coisas. Fazer todo dia a mesma coisa, do mesmo jeito, cansa. É preciso colocar um pouco de novidade, nem que seja mudando o trajeto para ir ou voltar do trabalho, pegando um cineminha no meio da semana, fazendo uma aula diferente na academia, sentando por 10 minutos no parque para apreciar o pôr do sol. E, sempre que possível, nas férias, aproveitar para fazer algo diferente, daí sim, deixando a rotina de lado e vivendo novas experiências. Esta é a minha receita para viver bem, e o importante é que cada um encontre a sua.
Referência: BEVILACQUA, Viviane. Lado bom da rotina. Diário Catarinense. Florianópolis 11 de março de 2016.