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MEDO DA VELHICE

O medo do envelhecimento. A maioria das pessoas tem medo da velhice, especialmente nas sociedades onde a juventude é cultuada como a maior qualidade do ser humano. Por outro lado, os mesmos indivíduos que dizem temer ficar velhos são os que respondem nas pesquisas que querem viver até os 90 anos de idade, se não mais. Ou seja: ninguém quer envelhecer, mas morrer também não está nos planos. Pelo menos até encontrarem a fonte da juventude eterna, a saída é uma só: preparar-se para envelhecer o melhor possível, aproveitar o que cada fase da vida tem de bom e encarar as dificuldades que vão aparecendo no caminho com bom humor e otimismo. Difícil? Às vezes é, mas não dá para desistir. 
Pesquisas conduzidas pelos institutos Qualibest (no Brasil) e Nielsen (em sete países da América Latina) mostram que o brasileiro é o povo mais preocupado em adotar medidas preventivas de saúde para envelhecer bem, entre elas a prática de exercícios físicos e uma dieta saudável. Nos outros países, a segurança financeira aparece em primeiro lugar. Para uma velhice digna e feliz, dizem eles, ter uma boa segurança econômica é fundamental. Não é difícil entender por que ter dinheiro é um item tão importante, já que se trata de países, na sua maioria, com grandes falhas no serviço de saúde pública. O que mais me chamou a atenção no resultado das pesquisas é que "ficar perto da família" foi o item mais importante para menos de 20% dos entrevistados. É de se estranhar essa resposta, uma vez que quando foram convidados a se imaginar na velhice, mais de 70% deles criaram uma cena onde estavam perto dos filhos, netos e bisnetos. 
Mesmo que se fale pouco sobre isso, é certo que um dos grandes temores da velhice é a solidão. Chegar ao fim da vida sozinho, dependendo de estranhos, não está nos planos dos entrevistados pela pesquisa (e acho que ninguém quer isso). Este é, com certeza, um fantasma que assombra muita gente, independentemente da situação econômica e de estado de saúde. Não adianta envelhecer de forma saudável ou ter uma boa reserva de dinheiro para uma emergência, se a dor maior for a solidão. Conheço muita gente, já de cabelos brancos, que daria tudo o que acumulou durante a vida inteira para ter a família e os amigos de volta, para se sentir parte de um grupo, para não ter que alimentar a alma diariamente apenas de lembranças. 
É bom que se diga, porém, que para chegar rodeado de pessoas que nos queiram bem na velhice depende muito de nós mesmos. É preciso começar cedo e dar valor ao que realmente importa na vida. Cultivar amigos, amar a família, gostar de estar junto e se esforçar para viver bem com todo mundo, mesmo que às vezes as diferenças entre as gerações sejam enormes e a convivência familiar não seja perfeita. Parece piegas, mas a verdade é essa: cada um colhe o que planta.
"Somente os idiotas se lamentam de envelhecer". (Cícero, 44 a. C.)
Referência: BEVILACQUA, Viviane. O medo do envelhecimento. Diário Catarinense. Florianópolis, 19 de outubro de 2016.

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