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Quando dona Levina Peterle Gottardo receber o jornal desta edição será exatamente o dia em que estará completando 80 anos, em 05 de março de 2020. Mulher, mãe, guerreira e tantas outras definições e qualidades que, ao escutar a história de oito décadas de vida da nossa entrevistada, temos o prazer de retratar nessa matéria, como forma de inspiração e homenagem à passagem do Dia Internacional da Mulher (08 de março).
Levina é natural de Siderópolis, no Sul de Santa Catarina, ela tinha 8 anos quando a família veio morar em Anita Garibaldi, na comunidade Nossa Senhora de Lourdes. O pai dos oito filhos veio trabalhar em uma serraria.
Aos 10 anos, Levina começou a estudar na escola da própria comunidade. Descentes de italianos, a família não falava em português. "Foi bem trabalhoso, porque o professor Valdomiro Menegazzo não sabia falar em italiano e nós não pronunciávamos se quer uma palavra em português", conta Levina, que na época só pôde estudar por três anos. "Mais tarde, o professor me convidou para ser professora, e gostei muito da ideia, mas como era menor de idade o pai precisava autorizar, só que ele trabalhava direto e acabou passando o prazo e perdi a oportunidade", lembra.
Todavia o destino lhe reservava surpresas. Quando tinha 19 anos casou-se com Idir Luiz Gottardo, também de origem italiana. "Era engraçado, porque como ele era natural do Rio Grande do Sul, de Nova Prata, nossos sotaques ao falar italiano eram diferentes", recorda Levina, que há 2 anos é viúva.
O casal teve sete filhos, seis de sangue e um de coração. A oportunidade que Levina não teve quando adolescente de estudar, ela quis proporcionar para as filhas. "Então, quando elas chegaram à idade de continuar os estudos, que não tinha na comunidade onde morávamos, parte da família veio morar na cidade, pra elas estudarem", explica a mãe, que na época, exatamente 44 anos atrás, ficou trabalhando na agricultura e só via a família nos finais de semana. "O Idir trabalhava com frete e eu continuei trabalhando na roça. Arrumava gente pra trabalhar comigo na roça. O que conquistamos foi do suor, do esforço".
Assim, ela conta com alegria que as quatro filhas estudaram e são professoras. "A Rita, a Janete, a Lourdes e a Vânia, minhas filhas, são professoras e mais uma neta também seguiu a profissão que um dia sonhei ser", destaca Levina, mãe de três homens, que sentiu a dor de se despedir de dois filhos.
O tempo passou e ela recebeu presentes, seis netos. A vó Levina então surpreendeu a família e a sociedade, quando aos 60 anos, com o cansaço de muito tempo trabalhando duro na agricultura, queria trabalhar com outra profissão. "Decidi que queria ser agente de saúde, mas para isso precisava ter o segundo grau, então depois de muitos anos voltei a estudar. Fiz o ensino fundamental e médio", relata com alegria. A coragem e determinação não pararam por aí. "Decidi então fazer carteira de motorista, já tinha 61 anos, e passei de primeira".
Levina trabalhou como agente de saúde por quatro anos. "Fui muito elogiada e fazia o possível para atender bem. Mas antes de ser agente de saúde, as pessoas me procuravam quando estavam doentes, aplicava injeções e também fiz três partos. Pra mim não era um sacrifício, sempre gostei de me dedicar aos outros, quase não cuidava de mim".
Além de agricultora, agente de saúde e dona de casa, ela também foi costureira e até hoje exerce aquela que é a sua profissão do coração: apicultura, uma atividade que iniciou bem cedo e permanece trabalhando. "Aprendi quando tinha 10 anos, com o meu pai, e gosto muito. Até hoje faço as caixas, ponho cera e, junto com um dos meus irmãos e mais uma pessoa, fazemos a retirada do mel no mato. Tenho mais de 100 caixas de abelha, uma parte em terreno próprio e o restante pago arrenda. Colho duas vezes por ano, o que gera cerca de 2.000 litros de mel por ano. Pretendo trabalhar com as abelhas enquanto tiver forças e conseguir andar", comenta a apicultora, ressaltando que com o passar dos anos tem diminuído a quantidade de abelhas. "Os agrotóxicos matam elas".
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Na rotina da senhora, está também à participação no Programa Anita Crescer e Envelhecer com Saúde e frequenta aos sábados o Grupo de Idosos Conviver Santa Ana. Católica, já foi catequista. "Sempre gostei de ajudar na igreja, antigamente fazia bolos para as festas de comunidade e aos domingos costumo ir à missa e ajudo na liturgia."
Aos 80 anos, Levina é um exemplo de vitalidade e agradece a Deus pela saúde. "Passei por dois cateterismos, cirurgia no joelho e cirurgia de vesícula, e estou bem. Pra mim não tenho 80 anos, não me sinto velha. Tenho disposição pra trabalhar, gosto de assistir novela e estar por dentro das notícias através dos jornais da TV e do Correio dos Lagos. Me dou bem com as pessoas, gosto dos meus vizinhos e procuro viver sorrindo", descreve com entusiasmo dona Levina, que em uma frase buscou deixar uma mensagem às mulheres: "Mulheres trabalhadoras lutam e vencem".
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