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Nove décadas da memória viva de Celso Ramos

Celebrar a vida é uma tarefa diária de José Comin. O sobrenome é bem conhecido em Celso Ramos, mas por José poucos o chamam. Agora quando falamos em Bepe Comin, morador da comunidade São Pedro, tudo se torna familiar, e logo se remete a ele os adjetivos de alegria e amizade.
No próximo dia 18 de outubro, o descendente de origem italiana completará 90 anos, uma conquista partilhada pela família e os amigos. No domingo, dia 16, Bepe realizará um almoço para celebrar o aniversário.
Agricultor por muitos anos, Bepe é um dos cidadãos celso-ramenses que mais possui identificação com o município. Um dos motivos é que ele e Juvelino Grassi são as duas únicas pessoas vivas que moram em Celso e que integraram as primeiras oito famílias de origem italiana a colonizar o município, vindas da Região Sul de Santa Catarina. 
A memória de Bepe é impecável. Ele se lembra de cada detalhe da viagem feita em 1934, quando na época tinha 8 anos e 13 dias. Ao lado dos pais Ernesto Comin e Maria Martinelli Comin o menino chegou às terras que então pertenciam ainda a Lages e foi construindo sua história. "Naquele tempo quando chegamos só tinha 20 famílias em Celso, mas depois foram chegando mais. E era só mato aqui, os bugios dançavam nas árvores", lembra.
E nessas próximas famílias que vieram, isso no ano de 1936, lá estava a menina que Bepe já conhecia ainda quando morava no Distrito de Novo Beluno, em Urussanga. Tereza Fabris Comin (hoje com 87 anos) e Bepe começaram a namorar no dia 25/01/1948, e exatamente após 27 meses se casaram. São 66 anos convivendo juntos, e desta união à família cresceu, sendo: 9 filhos, 17 netos e 5 bisnetos. O bem mais valioso dessas nove décadas de vida é para Bepe a família. Por isso ele lembra emocionado: "Tive muitas alegrias na minha vida, como em ter três filhas religiosas. Porém uma delas faleceu já faz 14 anos".
Bepe e Tereza participam do Grupo de Idosos, e não costumam ficar parados. Dentre as atividades que mais gostam de fazer está cuidar da horta e passear, de modo especial visitar os doentes. Toda noite, antes de dormir, o casal costuma rezar o terço. "Sempre rezamos pelas pessoas, porque quem reza para os outros reza pra si, e não esquecemos de agradecer por mais um dia de vida", disseram.
Quando ainda era menino, Bepe pediu ao pai que lhe desse uma gaita. "Mas meu pai disse que não. Pedi de novo e não deu certo. Então fui juntando dinheiro e comprei uma gaitinha de boca. Fui treinando e treinando até que aprendi, e assim me diverti muito com ela. Até hoje toco e gosto muito", recorda o idoso.
Bepe frequentou a escola por apenas oito meses, porque ele já tinha quatorze anos na época e precisava ceder o lugar para outros estudarem. Mas ele lembra com precisão não apenas o nome do primeiro e único professor: "Ele se chamava Idalésio Rodrigues Leite, e não esqueço do tempo em que estudei com ele. Foi o único estudo que recebi e que marcou pra vida inteira. Costumo brincar com o pessoal que tenho oito meses de faculdade. Rezo sempre por ele, porque foi muito importante pra mim". O casal que teve poucas condições para estudar, sempre batalhou para oportunizar estudos para os filhos. "Trabalhamos duro e nosso filhos sempre nos ajudaram, para que eles conseguissem estudar", contaram.
Ainda sobre educação, Bepe conta que lhe alegra muito poder compartilhar seu conhecimento com as demais pessoas, pois frequentemente é convidado a palestrar nas escolas do município para relatar a história de Celso Ramos. "Acompanhei o desenvolvimento de Celso desde quando não era município ainda. De 1934 para cá muita coisa mudou e evoluiu, mas pela falta de mais indústrias Celso não cresceu tanto. Tenho muito amor por morar aqui, tanto pelo lugar quanto pelas pessoas".
Perguntado sobre qual a mensagem de experiência de vida que gostaria de transmitir, o senhor define: "Zelar e respeitar as pessoas, em especial os idosos, que tanto gostam de carinho. Saber perdoar e nunca perder a fé, tanto quando o motivo for o choro, mas, também, quando for à alegria".

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