Abdon Batista realiza o maior Rodeio Artístico de Santa Catarina
O amor pelo próximo que passou de pai para filhos

-
null -
Eles escolheram ser bombeiros voluntários: Em alusão ao dia Dia do Bombeiro, confira a história de pai e filho em Campo Belo do Sul
O acaso e o planejamento possibilitaram que no dia da formatura dos bombeiros voluntários de Campo Belo do Sul, fosse também a data em que se celebra o Dia do Bombeiro (02/07). Foi então uma comemoração dupla.
Em meio aos formandos lá estava Mariel Junior Pereira, 18 anos, morador de Campo Belo. A diferença dele perante aos demais formandos? Nenhuma. Mas para o comandante dos bombeiros, Marioli dos Santos Pereira, ver Mariel se formando foi ainda mais especial, afinal ele é pai do jovem.
Nessa entrevista com pai e filho contamos a história e o que lhes motivou a seguir o caminho do voluntariado em prol de salvar vidas. Mas por que para os filhos? Por que a palavra sendo usada no plural?
Marioli dos Santos Pereira
Correio dos Lagos - Como iniciou na carreira de bombeiro voluntário?
Marioli - Quando me inscrevi para fazer o curso de Bombeiro não tinha muita certeza do que se tratava. Eram 70 inscritos e no final se formaram apenas 31. Logo já fui pegando gosto pela profissão. No começo foi muito difícil, pois estávamos iniciando e nem viaturas tínhamos, mas logo com trabalho e esforço tudo foi se ajeitando. Porém, o que mais me motivou a continuar foi ver que é um projeto que dá certo quando é realizado com humildade e honestidade e, acima de tudo, com compromisso. Víamos muitas necessidades das pessoas que precisavam de um socorro imediato e não tinham, víamos casas se perderem em chamas e não tinha ninguém para ajudar, o socorro mais perto levava 60 minutos para chegar até a cidade.
Correio dos Lagos - Há quanto tempo trabalha nesse meio?
Marioli - Trabalhei oito anos e fiquei afastado por dois anos.
Correio dos Lagos - O que mais lhe motiva a ser um voluntário em prol de salvar vidas?
Marioli - É ter orgulho de si mesmo. Está no sangue ajudar o próximo e ter amor pela vida. Acho que não somos nós que escolhemos, é Deus que nos escolhe para tal função que é de socorrer e estender a mão a quem precisar. Mais do que ter uma profissão, é ser sacerdote da vida. É seguir o verdadeiro princípio cristão de amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
O que mais me motiva a ser um bombeiro é ter a fé que a recompensa pelo valoroso serviço prestado virá pelo sorriso de uma pessoa aliviada de sua aflição, do olhar doce daquele que acaba de ser salvo de um acidente ou de um desastre ou apenas pelo simples, mas significativo, "obrigado" daquele que foi resgatado do meio da morte, para retornar à vida.
Sabemos que temos hora para sair de casa para exercer o dom de salvar vidas, mas nunca temos certeza que voltaremos para o nosso lar, sãos e salvos.
Correio dos Lagos - O que a corporação de bombeiros de Campo Belo do Sul representa para você e há quanto tempo trabalha lá?
Marioli - A corporação representa tudo para mim, é minha segunda casa, pois paro mais lá do que na minha própria casa. Eu já venho há um bom tempo colaborando com a associação para desenvolver várias atividades em prol das comunidades que atendemos e que não ficamos esperando quando acontecer a ocorrência, pois trabalhamos firme na prevenção, ministrando palestras na comunidade e treinamentos nas empresas. Administramos o projeto bombeiro mirim, iniciado em 2007 e que tem continuidade até hoje, quando contamos com 125 jovens entre os três municípios: Campo Belo, Capão Alto e Cerro Negro.
Agradeço muito a Deus em primeiro lugar por me dar esse dom de ser bombeiro voluntário e ao comandante Amarildo Molinari, um bombeiro voluntário que iluminado por Deus deixou sua terra natal, que é Indaial, e veio com o projeto de instalar a corporação em Campo Belo. Aprendemos muito com ele, tudo que temos devemos ao comandante, pois se não fosse ele, quem sabe não existiria bombeiro voluntário aqui, porque não tínhamos nem se quer noção do que era ser bombeiro.
Correio dos Lagos - Em uma década de atuação dos bombeiros em Campo Belo, o que mais lhe marcou?
Marioli - Nesses dez anos foram vários motivos especiais, mas o que me mais me marcou foi quando fomos para um incêndio numa residência e o caminhão estava em manutenção e demorou chegar. Nós já havíamos chegado ao local e a casa estava queimando, porém não tínhamos o que fazer, então começamos a combater as chamas com baldes de água e a comunidade xingando, fomos quase apedrejados, mas nós ali, firmes, e conseguimos, pelo menos, não deixar com que as outras casas que estavam próximas incendiassem. Quando chegamos ao quartel de volta, toda a equipe triste e chorando nervosos por aquela situação. Tirar força de onde para continuar? Não sei, acho que foi aquela circunstância que nos fez ficarmos ainda mais fortes e seguir em frente. Nós bombeiros estamos sujeitos a tudo, por isso têm que ter muita força para poder continuar. Onde todos estão correndo, nós estamos chegando para socorrer.
Correio dos Lagos - Qual é o sentimento em ver seu filho seguindo os seus passos em favor de ajudar o próximo?
Marioli - É um sentimento sem explicação, é um orgulho, uma benção para um pai ver seu filho tendo a gente como exemplo. Nesse mundo em que vivemos, onde muitos só pensam em si e raros são os que estendem a mão para ajudar o próximo, saber que dessa vida nós não levamos nada de riqueza e bem materiais, mas sim as ações que fazemos em prol de ajudar, isso ninguém tira de nós, portanto tento passar a ele que a vida não é feita só de conquistas, méritos e elogios, têm as dificuldades e as situações difíceis, mas sendo uma pessoa solidária e humilde no momento que mais precisar tenho certeza que uma porta vai abrir, porque Deus vai estar lá para te amparar e não deixar cair. Agradeço a Deus todos os dias pela minha família e quero dizer aos meus filhos que os amo muito, e fico muito feliz de vê-los seguindo minha profissão, pois o Mariel já se formou como bombeiro voluntário e o Marciel, com 9 anos, já está iniciando também a carreira. É muito gratificante saber que quando partir desse mundo consegui deixar bons exemplos e ações feitas, saber que nunca vai parar, pois sempre vai ter alguém para dar continuidade ao sentimento de ajudar o próximo. Não tem explicação praticar e fazer o bem acontecer.
Mariel Junior Pereira
Correio dos Lagos - Por que a escolha por ser bombeiro voluntário?
Mariel - Eu estou seguindo os passos do meu pai, que para mim sempre será meu herói. Amava quando ele chegava do plantão falando das emergências atendidas, dos momentos bons, da sensação tão boa que é você ouvir um muito obrigado, da sensação de missão cumprida, da adrenalina que a gente sente quando saímos pela cidade com a sirene ligada... e tudo isso me levou a ser um bombeiro voluntário.
Correio dos Lagos - A formatura representa a capacitação para atuar com ainda mais profissionalismo junto ao trabalho de bombeiro. Desta forma, como se sente agora formado? E quais são os seus sonhos atuando nessa área?
Mariel - Para mim agora a sensação de estar formado é a de dever cumprido, pois eu iniciei no bombeiro mirim com 10 anos de idade. A formatura me emocionou muito, pois vi o meu pai se formar e virar comandante, eu presenciei a longa trajetória dele, que amo muito e tenho muito orgulho. O meu sonho eu já realizei que era ser bombeiro voluntário, mas foi o primeiro passo. Em seguida, se Deus quiser, vou fazer Medicina, para ter mais conhecimento e poder estar ajudando os bombeiros voluntários.
Correio dos Lagos - Para você, qual a importância de ser um bombeiro voluntário?
Mariel - É uma honra poder vestir a farda do bombeiro voluntário e poder ajudar a salvar vidas que se quer conhecemos as vítimas, mas que faremos de tudo para salvá-las. O que é mais gratificante são o sorriso e um muito obrigado da pessoa que atendemos e que até mesmo nos chama de anjos.
Deixe seu comentário