O amor pelos filhos e o recomeço de uma nova vida

O dom de ter um filho, dar amor, carinho e atenção, carregar em seu ventre um ser que se tornará tão especial ou aguardar na fila de uma adoção. Não havendo adjetivos para demonstrar tão grandioso e especial é ouvir a palavra mãe, não tem explicação.
No próximo domingo, comemora - se o 'Dia da Mães' e para celebrar essa tão importante data escolhemos uma história de superação, carregada de emoção e muitos desafios enfrentados por uma mãe que se viu obrigada a abandonar o marido que era alcoólatra e cuidar dos seis filhos, todos pequenos, sozinha. Hoje relembra com emoção os desafios enfrentados há quase quarenta anos.
Leonir Maria da Silva, conhecida por Tia Bique, hoje com seus 69 anos de idade, nasceu na cidade de Espumoso no Rio Grande do Sul, aos 11 anos mudou - se para a região onde a família veio para trabalhar na serraria Ouro Verde. Em Anita conheceu aquele que se tornaria seu marido e quem a daria os seis maiores tesouros, seus filhos Angela, Jocelito, Paulo, Andreia, Marcos e Marcio.
Aos 19 anos de idade casou-se com Guilhermino Varela da Silva, morou em Anita durante cinco anos quando se mudou para Lages, e junto com a mudança começaram os problemas. Guilhermino era alcoólatra, e com o passar dos anos a vida ao lado daquele que deveria lhe dar amor e atenção se tornou insustentável e após 12 anos casada decidiu abandonar o lar e levar junto os seus seis filhos. "Sem saber o que fazer peguei meus filhos e vim embora pra Anita, aqui tive o apoio dos meus irmãos e agradeço por ter eles, pois senão, não saberia o que fazer, tive que vim fugida e começar uma nova vida", lembra Bique.
Já em Anita, tentando recomeçar, conseguiu o primeiro emprego como faxineira, trabalhando na casa de Anir Dalmora. O segundo emprego foi arrumado por Isolina Pacheco, que era tia do gerente do Banco do Brasil, local em que ela trabalhou na limpeza e fez o café durante 10 anos. Neste período os filhos já trabalhavam e mesmo os menores com oito anos de idade já ajudavam na oficina mecânica do tio. A filha mais velha já estudava e começava a dar aulas e a vida seguia se ajeitando.
Com os filhos crescidos, uma já casada, a outra noiva, Bique decidiu acompanhar os filhos homens e mudou - se para Caxias do Sul, onde também trabalhou como faxineira. Na cidade gaúcha foram sete anos residindo, quando novamente a vida lhe dá uma nova missão: a de cuidar do neto, o qual na época estava com um ano de idade. Devido a problemas com a mãe do menino, ela pegou o neto e voltou para Anita e de lá para cá cuida dele que hoje está com 20 anos, como se fosse seu filho.
Questionada sobre os momentos mais difíceis de sua vida, ela lembra com emoção dos anos em que residiu em Lages, onde muitas vezes, em várias casas que morou, não tinha nem água encanada. "Foram anos bem sofridos, eu não podia trabalhar pois ele (marido) não deixava e como ele só bebia, não dava conta do sustento da casa. Outro momento difícil foi a separação, pois tinha seis filhos pequenos para cuidar, mas sabia que eu iria conseguir. E eu consegui".
Depois que se separou, ela nunca mais viu o marido, o qual veio a falecer alguns anos depois na cidade de Curitiba. "Ele nunca mais nos procurou, nem nos ajudou em nada, eu sempre dei conta sozinha em tudo."
Nesses 38 anos, desde aquele dia que resolveu largar tudo e começar uma nova vida com os filhos, ela nunca pensou em casar novamente e seu objetivo sempre foi cuidar e se dedicar aos filhos e à família.
Com a emoção aflorando nos olhos, ela diz que os filhos representam tudo para ela. "Eu sempre disse que nunca iria casar novamente para não prejudicar meus filhos e só me separei naquela época porque tinha certeza que eles ficariam todos comigo, se algum ficasse com ele eu não me separaria", comenta.
Atualmente todos os filhos têm uma profissão, trabalham e estão felizes com suas famílias. "Hoje estamos tranquilos. Eu moro com o neto e faço bolos, pães e outras guloseimas por encomenda para ajudar no orçamento, e sou feliz", enfatiza Bique que tem 12 netos e dois bisnetos e vive rodeada de amor e carinho, não só dos filhos e netos, como dos sobrinhos e amigos.
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