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O recomeço e a caminhada da felicidade

Uma adolescente que aos poucos foi perdendo o encanto pela vida. No lugar dos sonhos crescia o medo, a angústia e a ansiedade ao ficar sozinha, queria sumir para algum lugar. Erislane tinha 15 anos e uma grande autocobrança, queria fazer algo diferente, mas começou a sentir-se estranha, o vazio e a tristeza preenchiam seu coração. Guardava para ela o que sentia, nunca dividia com ninguém. "Eu não tinha noção de que estava doente e cheguei ao ponto extremo de tristeza, queria acabar com aquele sofrimento". Foi aí que ela tentou o suicídio.
Falar sobre a importância da vida não precisa de data especial, mas o Setembro Amarelo vem para pedir atenção com quem está passando por dificuldades, como a depressão. Enquanto veículo de comunicação seria contrário à ética divulgar suicídio, por isso estamos fazendo diferente, contando a história de quem superou, a fim de levar um relato de esperança.
A anitense Erislane Apª Ribeiro da Luz, morava na comunidade de São José. Ela recorda sobre aquele dia: "Foi numa tarde em que estava sozinha em casa, chorei muito, e decidi ir para a beira de um perau de 9 metros. Achava que se me jogasse acabaria com meu sofrimento. Fiquei bastante tempo lá, olhando e pensando, mas uma força maior me segurava, não sei explicar. Era como se dentro de mim duas forças estivessem brigando".
Depois desse dia a sensação de tristeza foi passando. "Tomei a decisão de querer viver, de fazer algo para melhorar". Um programa de TV com a participação de um psicólogo ajudou Erislane nesse processo de melhora e também a incentivou a querer estudar Psicologia.
Dois anos depois da tentativa de suicídio, a jovem mudou-se para Lages e iniciou a graduação. A identificação e encanto com a área foram imediatos. "Eu sempre dizia que, concluindo a faculdade, mesmo que nunca trabalhasse na área e nem ganhasse R$1,00 com ela, já valeria a pena, porque me fez muito bem".
Além da ajuda da Psicologia, Erislane conta que encontrou na religião também um meio de melhorar. "A religião forma uma base de valores, o ser humano precisa de crença. E a minha crença passou a ser de que suicídio jamais. A vida é dada por Deus e só ele pode recolher nossa vida novamente", comenta. Ela completa ressaltando que a família também é fundamental, e dá muita força.
Em 2007 se formou psicóloga. Trabalhou na área no Angeloni, e depois ao passar no concurso da Prefeitura de Anita voltou a morar na cidade natal.
Em 2017 a depressão novamente lhe assombrou junto à síndrome do pânico, mas nunca mais pensou em tirar a vida. "Tive problemas de trabalho e cheguei até a ter que tomar medicação, mas felizmente superei e passou", conclui com alegria.
Buscar ajuda
Hoje enquanto psicóloga do NASF na Secretaria Municipal de Anita, Erislane ajuda pessoas que estão passando pelas mesmas dificuldades já enfrentadas por ela. A vida mudou de uma forma que jamais imaginava. "Quando alguém chega dizendo que quer tirar a própria vida, eu sei como é essa sensação, e sei também que é possível vencer. As pessoas não querem morrer, elas querem é se livrar do sofrimento. Era isso que eu sentia. É incrível como é bom ver as pessoas melhorando", descreve.
Somente em 2017, Erislane contou à mãe sobre a tentativa de suicídio. E foi há poucos dias, durante a ação do Setembro Amarelo da Secretaria de Saúde, que decidiu fazer um relato da sua experiência. "Senti o desejo de compartilhar e mostrar que é possível vencer. Entendi que falar sobre o que passei pode ajudar as pessoas, e me senti muito bem em fazer isso.".
Hoje Erislane tem 36 anos, é casada com Alcione, mãe de dois filhos: Cristiano Ronaldo e Estefani, e feliz. "A felicidade é o caminho que percorremos, e não o destino. É o que eu sinto: felicidade".
A realidade da depressão em Anita
Segundo a psicóloga Erislane, é elevadíssimo o número de pessoas em Anita com depressão. "A depressão não surge do nada, pode ser tanto em decorrência de problemas que a pessoa está enfrentando e há também a questão do componente genético, se alguém da família teve, a mais tendência", explica.
Erislane acredita que a depressão é um estado. "Um dos problemas é que muitos procuram ajuda de medicamentos antes da ajuda de psicólogos. O correto é procurar primeiro um psicólogo, porque a medicação trata o sintoma e não a causa. Na Secretaria de Saúde através do NASF estamos planejando a criação e grupos de ajuda, para inserir estas pessoas com depressão", comenta.
Concluindo a entrevista, ela destaca que é muito importante ter sonhos, objetivos na vida e combater os pensamentos ruins, porque senão a vida vai murchando. "O pensamento vem primeiro que o sentimento, por isso é preciso pensar positivo. Mesmo que pareça difícil no momento, precisamos acreditar que existe um futuro lindo sendo preparado por Deus para nossa vida, e que depois da tempestade vem dias de alegria e de paz".
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