Previsão para o inverno 2025 indica frio intenso, geadas e nevoeiros
TER MAIS E TER MENOS
Por cobiça, preferimos bens materiais a eventuais virtudes, mas essa cobiça está a serviço da vaidade.
Hoje, o que nos define, à condição, claro, de ostentá-lo o suficiente para que os outros saibam: constatando nossos "bens", eles reconheceriam nosso valor social.
Essa seria a razão da cobiça de todos. O argumento básico funciona mais ou menos assim: 1) para ser alguém, na nossa sociedade, é preciso ostentar bens, 2) quem vale menos na consideração social (o desfavorecido, o excluído, o miserável) teria um anseio maior de conquistar aqueles bens que aumentariam seu valor aos olhos dos outros.
Tudo bem, uma sociedade em que as diferenças são decididas pelo "ter" (vale mais quem tem mais) pode ser um pouco sórdida. Acharíamos mais digna uma sociedade na qual valeria mais quem "é" melhor, não quem acumulou mais riquezas.
Voltemos agora à observação de que, numa sociedade do "ter" como a nossa, os que tem menos seriam por assim dizer, "famintos" e portanto, propensos a querer a qualquer custo.
A procura por bens é infinita ou, no mínimo, indefinida, como é indefinida a procura pelo reconhecimento dos outros.
Procuremos primeiro o "ser" e depois, como consequência, o "ter".
Referência: CALLIGARIS, Contardo. Ter mais e ter menos. Folha de S. Paulo. São Paulo 28 de maio de 2015.
Deixe seu comentário