Lages recebe nesta semana mais uma edição do Programa Alesc Itinerante
18 de Outubro ? Dia do Médico
Jornal Correio dos Lagos
Um estudioso do tema da medicina afirmou certa vez que a experiência da doença nos reduz a uma dependência de crianças, necessitamos ser cuidados, e de alguém que nos tire a dor da doença e da incerteza. O homem doente requer uma explicação da dor que lhe lembra sua condição mortal. A data de 18 de outubro está vinculada ao dia de São Lucas, apóstolo cristão, evangelista e médico grego. São Lucas impregnou a medicina de amor, de compaixão e solidariedade pois aliou aos conhecimentos adquiridos na escola de Medicina de Pádua a crença de que o preparo espiritual dos enfermos e o carinho dos médicos são de grande valia no êxito do tratamento instituído. Tendo em vista a data dedicada ao dia do médico, 18 de outubro, o Correio dos Lagos na intenção de homenagear a todos os profissionais médicos da região procurou dois profissionais com mais de 30 anos de serviços prestados a população desta região para entrevistá-los e conhecê-los melhor. Dr. Antonio Sérgio Wisniewski ou Dr. Sérgio, como é conhecido em Campo Belo do Sul, esposo de Dona Maria Noerdi e pai de Serge e Lílian (acadêmicos de Informática e Arquitetura e Urbanismo respectivamente). Natural de São Luiz Gonzaga, cidade Missioneira, localizada no noroeste do RS. Dr. Sérgio é filho de pequenos agricultores, formado em medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e conta que precisou se esforçar muito para cursar a faculdade e concluir o curso de medicina. Fascinado pelas ciências médicas, desde os tempos de piá acalentava a ideia de ser um clínico geral e afirma que nunca lhe agradou a ideia de tornar-se um especialista. Dr. Sérgio chegou em Campo Belo do Sul em 1978, há mais de 30 anos atrás, para trabalhar no hospital. Veio pelas mãos do Bispo D. Honorato, inicialmente como médico auxiliar, mas tão logo chegou, em pouco tempo foi convidado para assumir a direção do hospital. Relembrando estes mais de trinta anos de vida profissional Dr. Sergio falou do quanto a medicina mudou. "Nos primeiros anos, quando a gente encaminhava um paciente para fazer exames, o sujeito chegava a duvidar da necessidade, dizia pra gente ‘será que precisa mesmo doutor?’ Hoje praticamente não tem consulta sem que se faça uma bateria de exames". Quando perguntamos sobre os muitos fatos que marcam sua carreira Dr. Sérgio lembrou logo de uma história inusitada que lhe aconteceu por volta de 1980. Contou ele que num sábado, estava de plantão quando chegou um sujeito que havia sido baleado na cabeça ainda no dia anterior, fazia mais de 12 horas, a bala havia atravessado de lado a lado, entrando pela lateral do rosto na altura do olho esquerdo e saído do outro lado. Dr. Sérgio apavorado, notou que o sujeito, apesar de meio "grogue", mantinha os sinais vitais em boas condições, a bala não tinha atingido nenhuma região vital e aí não teve jeito, limpou a ferida, medicou o paciente e o manteve internado sob observação. Resultado, o sujeito ficou bom, recuperou-se e está vivo até hoje "de vez em quando ainda me traz uns peixes de presente" disse o Dr .Sérgio. O episódio serve bem de ilustração para se comparar a medicina daquele tempo com a medicina atual, hoje seria impossível um atendimento semelhante, o paciente seria encaminhado diretamente para um especialista. A profissão de médico exige muito das pessoas, Dr. Sergio mencionou outro aspecto relevante de sua vida que serve para entender melhor o dia-a-dia destes profissionais, diz ele que quando olha o álbum de fotografias da família vê que em muitos dos encontros e festas estava ausente, não aparece nas fotos, estava trabalhando no atendimento de urgência ou simplesmente de plantão, de prontidão para o atendimento de alguma emergência, "trabalhei muitos domingos e feriados, sem descanso". Dr. Sergio atende também o município de Cerro Negro desde a emancipação, mas está agora diminuindo o ritmo de trabalho, reduzindo a carga horária, mas não pensa em se aposentar, quer continuar trabalhando. Além disso, ele gosta muito desta região, fez vários investimentos em Campo Belo e também comprou um sítio, nas margens do Rio Canoas em Anita Garibaldi "Vou ficar por aqui, quero um espaço para descansar, passar os dias e torcer pelo time do coração, o Inter" concluiu ele. Dr. Clóvis Cechin o nosso Dr. Clovis de Anita Garibaldi, convicto torcedor do Inter, esposo de Dona Neusa, uma Gremista de carteirinha, pai de Letícia (formada em Direito e Jornalismo) e Daniel (formado em Direito), avô de um neto e uma neta. Natural de Santa Maria, cidade localizada no centro do RS. Dr. Clóvis é de origem urbana, filho de um professor. Optou pelo curso de medicina por vocação. Formado pela Universidade Federal de Santa Maria, sua cidade natal, conta que ingressou na faculdade em 1966 e formou-se médico em 1971. Seu primeiro trabalho como médico foi no então distrito de Bocaina do Sul (Lages) onde chegou em 1971 para trabalhar no Hospital São José. Dr. Clóvis chegou em Anita Garibaldi em fevereiro de 1978, há mais de trinta anos, veio a convite da Irmã Amália para substituir o Dr. Elpídio. Dr. Clóvis fincou raízes por aqui, não investiu em patrimônios no município, mas investiu no que ele considera mais importante, dedicou toda a sua vida profissional e o seu tempo ao povo de Anita Garibaldi e região, criou seus filhos aqui e conhece praticamente toda a população do município, tratou de quase todos. Agradece muito a Dona Neusa, sua companheira, que sempre o apoiou muito e que também se envolveu com a comunidade, ajudando as pessoas. Olhando para o passado, Dr. Clóvis comenta como a medicina mudou "O médico tinha que ser um detetive, o paciente dava as pistas do problema, ia lhe contando os sintomas e a gente ia construindo o diagnóstico, quando encaminhava para algum exame era só para complementar o diagnóstico, tudo era difícil, até para conseguir os exames era complicado, hoje está tudo muito diferente, o exame chega quase antes da consulta," disse o doutor. Quando lhe perguntamos sobre os fatos mais inusitados, Dr. Clóvis lembrou logo dos conflitos e da violência que assolava a região, lembrou de um homicídio famoso, quando mataram o "Rasga Diabo" veio em cima de uma camionete, "todo picado a foice". Também lembrou de um outro caso de um sujeito que levou um tiro no abdome, com a bala transfixando a região do fígado e saindo sem atingir nenhum órgão vital, nem víceras, a bala passou num vazio e o sujeito sobreviveu. Mas Dr. Clóvis gosta mesmo é de falar de coisas boas, o momento mais sublime no exercício da profissão, é o que considera uma dádiva divina, o momento do nascimento de uma criança, e muitas crianças vieram ao mundo pelas mãos do Dr. Clóvis, diz ele que leu certa vez "que enquanto estiverem nascendo novos seres humanos é porque Deus não se arrependeu da sua criação". Atualmente Dr. Clóvis está fazendo um curso de Perícia Médica, atividade ligada à medicina legal, preparando o futuro, já que não pretende se aposentar e quer apenas diminuir o ritmo. Concluindo nossa conversa Dr. Clovis fez questão de registrar seu agradecimento à toda comunidade Anitense, pela confiança, pelas amizades, agradeceu às diferentes Administrações Municipais e em especial agradeceu ao Jornal Correio dos Lagos pelo excelente trabalho que vem realizando e pela homenagem que está prestando aos profissionais da medicina.
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