Capão Alto

Há 32 anos, uma paixão adolescente, que se confundiu com amor à primeira vista, gerou a esperança da volta de alguém para Maria N. Ferreira, de 50 anos, a "Neca". Ela mora em Capão Alto e refletiu nas palavras a sua saudade. Maria resolveu escrever, em pouco mais de 70 páginas, com 40 poemas, a frustração de quando tinha 18 anos, por não saber o destino do rapaz por quem se apaixonara e nunca mais viu. Tudo durou muito pouco, um mês, mas foi o suficiente para virar obra. O resultado foi o livro "À Espera", com versos escritos durante dois anos (1977 e 1979), em um caderno, com recortes de casais e paisagens que retratam cada fase da espera. Quando o texto fala dos momentos suaves surgem casais felizes e nos momentos de solidão, bancos de praça vazios. A impressão do livro irá respeitar a montagem feita por Maria, que leva na capa a figura de uma mulher que espera alguém como se o relógio estivesse parado no tempo. O rapaz, na época com 23 anos, morava em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul e estava visitando um amigo na localidade de Capão Verde, próximo a Pai Querê. Naquele tempo, a educação era rígida e Maria tinha combinado com ele de fugir, mas ela não cumpriu o combinado e, depois desse dia, nunca mais soube notícias do garoto. Ela ainda ficou seis anos esperando sua volta. Atualmente é casada, tem dois filhos e ressalva que o marido não tem ciúmes do seu passado, pelo contrário, apoia a obra. Para ela, o maior empecilho foi a falta de estudo já que, até o ano passado, tinha apenas a segunda série do ensino fundamental. Depois de frequentar as aulas da educação de jovens e adultos concluiu o ensino médio. Ainda a falta de uma máquina de escrever ou um computador dificulta e por isso, os poemas foram escritos a mão, em um caderno.