Campo Belo do Sul

Iniciou esta semana e deve se estender até a metade do mês de maio a colheita da soja no Município. A maior dos últimos dez anos, de acordo com o Engenheiro Agrônomo da Secretaria Municipal de Agricultura, Eduardo Granzotto de Oliveira. Segundo ele, as expectativas estão se confirmando e os produtores terão uma safra recorde este ano. A previsão é que a produtividade ultrapasse 18 toneladas do grão, aproximadamente 300 mil sacos, um aumento de 40% em relação à safra passada.

Até o momento, 15% das lavouras já foram colhidas e a qualidade do produto está acima da média prevista. "Ao contrário das últimas três safras, desta vez o clima foi favorável e isso refletiu diretamente na qualidade da soja e também nessa elevada produtividade obtida", salientou Oliveira.

O engenheiro agrônomo no entanto alerta os produtores sobre a questão da comercialização, orientando sobre a importância de ficarem atentos às variações de mercado e aproveitando os momentos de pico para efetuarem as vendas, fazendo isso de modo parcelado e não tudo de uma só vez. "Atualmente o preço do produto já teve uma queda significativa, caindo de R$ 30, para R$ 27 à saca. Isso aconteceu em função da especulação existente no mercado, o super aquecimento do estoque mundial, o elevado índice de oferta do produto no mercado e também devido à baixa registrada no dólar. O preço pode reagir no segundo semestre, ou a qualquer momento conforme a variação da moeda americana. É importante que os produtores acompanhem a situação de mercado e aproveitem as melhores oportunidades para comercializar sua produção", explicou ele, acrescentando que a tendência é dos preços se manterem como estão por enquanto e começar uma leve reação no segundo semestre.

Outro fator que deve determinar mudanças nos preços de mercado, adianta o profissional agrícola, é o plantio da safra americana que deve ser iniciado no final deste mês. "As especulações com relação ao clima nos Estados Unidos, durante a fase de desenvolvimento da soja naquele país, pode e deve influenciar na questão dos preço do produto no mercado", revelou.

O produtor Irineu Reinoldo Delner, estima colher cerca de 12 mil sacos do grão numa área de 227 hectares. Ele deverá alcançar uma média de 50 sacos por hectare, a maior já obtida nos últimos anos.

Se por um lado o agricultor tem o que comemorar, com a alta produtividade, por outro, a queda no preço, faz com que ele volte a ficar desmotivado com a cultura. "Infelizmente o preço caiu. Espero que não sofra outras desvalorizações, pelo contrário, gostaria que o valor voltasse num patamar de R$ 30 reais a saca, para que possamos recuperar um pouco das perdas das safras anteriores", afirma.

Sobre a comercialização, o agricultor disse que 25% já haverá negociado antecipadamente com a cooperativa local, através da chamada venda pré-fixada por meio de contrato. O restante vai entregar em seguida ao término da colheita, haja vista, a necessidade de obter capital de giro para saldar as dívidas no comércio. "O correto seria se pudesse armazenar um pouco dessa produção, e esperar uma reação nos preços, mas não tem outro jeito, sou obrigado a comercializar a soja o quanto antes, pois tenho compromissos financeiros a serem quitados e compromissos, são compromissos", ponderou o produtor rural.

Outras informações:

- Campo Belo é o maior produtor de grãos da região serrana.

- Em torno de 55 produtores estão ligados a cultura da soja no Município.

- O custo da lavoura este ano deve ficar em torno de 32 sacos de soja por hectare este ano, se mantendo o preço atual de R$ 27 reais.

- Campo Belo tem aproximadamente 6 mil hectares de área plantada do grão.

- Em 2006 o preço de mercado ficou cerca de 30% menor do que o atual.

- No Brasil a estimativa é que sejam colhidas 58 milhões de toneladas de soja, também considerada safra recorde do grão.