Lages recebe nesta semana mais uma edição do Programa Alesc Itinerante
Dia do Sapateiro ? 25 de outubro
Por Gilmar Zolet Vieira
A data em homenagem ao Dia do Sapateiro, 25 de outubro, está relacionada ao dia de São Crispim, santo católico que viveu por volta do ano de 380 da era cristã e que é considerado o padroeiro desta profissão. O ofício de sapateiro é muito antigo e o início da padronização na produção de calçados começou na Inglaterra, quando em 1305, o rei Eduardo I estabeleceu medidas padronizadas para a produção de sapatos. O Rei decretou, por exemplo, que uma polegada fosse considerada como a medida de três grãos secos de cevada, colocados lado a lado. Os sapateiros da época adotaram a idéia e passaram a fabricar seus calçados seguindo as medidas do rei. Assim, um par de sapatos para criança que medisse treze grãos de cevada, passou a receber o tamanho treze. A partir daí a padronização tornou-se uma tendência mundial.
Os tempos modernos acabaram com muitas profissões e o ofício de sapateiro é uma destas que quase desapareceu, o processo industrializado de confecção de calçados, criou os especialistas em partes do calçado, mas nenhum deles sabe fazer o calçado completo. Muitos dos sapateiros atuais não fabricam mais sapatos, mas apenas consertam calçados e as pessoas estão preferindo comprar calçados novos, ao invés de mandar consertar os usados. Aqui na Região dos Lagos a realidade é muito semelhante.
Entretanto, apesar das tendências, muitos resistem, tanto os próprios sapateiros quanto muitos consumidores que preferem os calçados feitos sob medida, ou consertam os calçados usados, valorizando e mantendo este importante ofício dos profissionais sapateiros.
Aqui em Anita Garibaldi, duas sapatarias se mantêm ativas, como nos velhos tempos, fazendo calçados sob medida e atendendo às demandas de consertos de calçados usados. São elas a Sapataria do Neri e a Sapataria Martins. Em homenagem a estes heróis da resistência o Correio dos Lagos rende-lhes uma homenagem na edição desta semana.
Neri Martins Varela (Neri), gremista, 62 anos e Valmir Martins Varela (Bimba), colorado, 55 anos, cada um cuidando da sua sapataria, são irmãos, começaram praticamente juntos na profissão, pelas mãos do Seu Ezequiel Pereira da Silva, hoje com 79 anos de idade, que tinha uma sapataria na cidade. Os dois irmãos trabalharam vários anos para o Seu Ezequiel, depois se aventuraram em outras sociedades, arriscando outras lidas, mas com o tempo se firmaram como sapateiros e se instalaram com negócios próprios.
O Neri abriu a sapataria em 1987, sempre trabalhando com a família, com a ajuda da esposa Dona Dorotéa Madruga Varela, criaram e ensinaram os filhos Marques e Douglas no ofício de sapateiro, mas somente o Douglas (20 anos) continua trabalhando na sapataria e tudo indica que vai seguir em frente vivendo desta profissão. Neri conta que sempre acreditou na profissão, que tudo que tem fez com o trabalho de sapateiro, hoje já está aposentado mas segue trabalhando, num ritimo mais leve, agradece aos clientes, diz que tem calçados espalhados pelo mundo afora, que o movimento sempre foi bom e que nos últimos tempos tem melhorado ainda mais, com o asfaltamento da ligação de Pinhal da Serra aumentaram muito os clientes, tem muitas vendas para o RS.
O Bimba, abriu a sapataria em 1990, também conta com a ajuda da esposa, Dona Arlete das Graças Varela, criaram os três filhos a Cristiane, a Melina e o Rodrigo, todos encaminhados na vida. Bimba diz que a lida com a sapataria é uma lida boa, que sempre controla os gastos, investe aos poucos e que para quem começou do nada, ele se considera um vitorioso, também tem calçados espalhados pelo mundo afora, vende muito para Caxias do Sul e Flores da Cunha no RS, e também agradece muito aos clientes e as pessoas que confiam no seu trabalho.
Concluindo nossa reportagem conversamos com seu Ezequiel, que com quase oitenta anos, estava trabalhando até poucos dias, mas por problemas de saúde teve que parar. Hoje conta os causos, de como aprendeu praticamente sozinho e especulando a profissão de sapateiro e celeiro, ia desmanchando e consertando até aprender, seu Ezequiel foi um dos primeiros sapateiros em Anita Garibaldi, também ensinou os filhos no oficio, todos encaminhados na vida, e é também o pai do Sapateiro (Nilson) que de sapateiro só herdou o apelido.
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