Como discípulos de Jesus Cristo, sentimo-nos desafiados a discernir os "sinais dos tempos", a novidade dessas mudanças, habitualmente são caracterizadas como o fenômeno da globalização, a ciência e a tecnologia, as capacidades de manipular geneticamente a própria vida dos seres vivos.

Interessa-nos como seguidores de Jesus Cristo e da Igreja, saber como esse fenômeno afeta a vida de nossos povos e o sentido religioso e ético de nossos irmãos e irmãs que buscam infatigavelmente o rosto de Deus.

Nesse novo contexto social, a realidade para o ser humano se tornou cada vez mais sem brilho e complexa. É freqüente que alguns queiram olhar a realidade unilateralmente a partir da informação econômica, outros a partir da informação política ou científica, outros a partir do divertimento ou do espetáculo.

Em nossa cultura latina ? americana e caribenha conhecemos o papel tão nobre e orientador que a devoção popular desempenha especialmente a devoção mariana, que contribuiu para nos tornar mais conscientes de nossa comum condição de filhos de Deus e de nossa comum dignidade perante seus olhos, não obstante as diferenças sociais, étnicas ou de qualquer outro tipo.

Em muitas ocasiões a informação transmitida pelos meios só nos distrai; nossas tradições culturais já não se transmitem de uma geração à outra com a mesma fluidez que no passado.

Os meios de comunicação invadiram todos os espaços e todas as conversas, introduzindo-se também na intimidade do lar. Nós cristãos, precisamos recomeçar a partir de Cristo, necessitamos fazer-nos discípulos flexíveis.

Em Cristo Palavra, Sabedoria de Deus, a cultura pode voltar a encontrar seu núcleo e sua profundidade, a partir de onde é possível olhar a realidade no conjunto de todos os seus fatores, discernindo-os à luz do Evangelho me dando a cada um seu lugar e sua dimensão adequada.

Só quem reconhece a Deus, conhece a realidade e pode responder a ela de modo adequado e realmente humano. A pessoa humana é, em, sua essência, o lugar da natureza para onde se converge a variedade dos significados em uma única vocação de sentido. A Pessoa sempre procura a verdade de seu ser.

Quem exclui Deus de seu horizonte, falsifica o conceito da realidade e só pode terminar em caminhos equivocados e com receitas destrutivas. O individualismo enfraquece os vínculos comunitários, deixa-se de lado a preocupação pelo bem comum para dar lugar á realização imediata dos desejos dos indivíduos, á criação de novos e muitas vezes arbitrários direitos individuais, aos problemas da sexualidade, da família, das enfermidades e da morte.

A ciência e a técnica quando colocadas exclusivamente a serviço do mercado, com critérios únicos da eficácia, da rentabilidade e do funcional, criam uma nova visão da realidade. Pela imposição de culturas artificiais, desprezando as culturas locais, conduz a indiferença pelo outro; prefere se viver o dia-a-dia, sem programas em longo prazo.

Em muitos casos as relações humanas estão sendo consideradas objetos de consumo, conduzindo a relações afetivas sem compromisso responsável e definitivo. A afirmação dos direitos individuais e subjetivos, sem um esforço semelhante para garantir os direitos sociais, culturais e solidários, resulta em prejuízo da dignidade de todos.

Algumas, desde crianças e adolescentes, são submetidas a múltiplas formas de violência dentro e fora de casa: tráfico, violação, escravização e assédio sexual, desigualdade na esfera de trabalho, da política e da economia, exploração publicitária por parte de muitos meios de comunicação social que as tratam como objeto de lucro.

Amigos (as) leitores (as), reflitam esta primeira parte do capítulo II deste Documento, porque logo vira uma segunda parte deste como continuação.

FELIZ PÁSCOA QUE CADA DIA POSSA REA-VIVER EM SUA VIDA!

Pe. Angelo Manoel da Cruz - Pároco de Anita