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Preço do mel cai em 100% nos últimos dois anos
Celso Ramos / Anita Garibaldi
E
m relação aopreço recebido em 2004, onde os produtores da região venderam a safra bruta com valor acima de R$ 5,00 reais, agora a situação é bem diferente. O Preço de mercado não ultrapassa R$2, 60, e ainda falta mercado para absorver a alta produtividade.
O produtor rural Expedito Pelozato, 53 anos, no final do ano passado, retirou aproximadamente 1000 kg de mel. A safra está estocada num galpão em sua propriedade na localidade de Cachoeirinha, interior de Anita Garibaldi. Ele reclama da queda elevada no preço nos últimos anos. "Praticamente todo a produção está aí parada. Estou esperando por alguma melhora no preço e na abertura de novos mercados", salienta o agricultor.
Segundo ele, o preço atual traz prejuízos para os produtores. "O custo de produção é alto. A cultura necessita de muitos cuidados. Todo esse esforço tem que ser contabilizado no momento da comercialização e esse valor de mercado não cobre nossos serviços", reclama. "Em 2004 vendi toda a produção bruta para uma empresa. Recebi R$ 5,4 o kilo-grama. Agora não se tem perspectiva de venda e o preço não ultrapassa R$ 2, 60, completa Pelozato que faz parte de uma associação de produtores de mel no Município vizinho de Celso Ramos. Uma pequena parte de sua produção conseguiu colocar em alguns comércios locais, em virtude de seu produto ter o selo de inspeção federal.
O Técnico Agrícola e estensionista da Epagri de Celso Ramos Rogério Viera, disse que essa queda no preço é resultado da globalização de mercado. "A partir de 2004 o mercado exterior começou a ditar as regras nessa cultura. Lá o preço é menor do que no Brasil e isso influenciou no valor de venda aqui", mencionou.
Vieira também destacou o aumento na produtividade do país como outro fator que contribuiu para a baixa dos preços. "Só para se ter uma idéia no ano anterior, produtores do Mato Grosso, estavam comercializando mel em nossa região. Isso demonstra bem a falta de mercado existente. A oferta tem superado à procura", falou.
Segundo ele, não há grandes perspectivas de melhora no futuro. "Os produtores tem que se adequarem com essa realidade. A maneira para melhorar a situação é produzir mais, e fazendo com que esse mel seja de qualidade". Outra saída para os pequenos produtores é se organizarem e conseguirem o selo de inspeção, o chamado SIF ? Serviço de inspeção federal. "Dessa forma eles poderão comercializar diretamente nos comércios locais e assim descobrir novos mercados para colocar o produto, ganhando um pouco mais no preço de venda", conclui Vieira.
O mel da região é considerado de altíssima qualidade, devido à quantidade de matas nativas e espécies de árvores com floradas abundantes, utilizadas pelas abelhas na fabricação do mel.
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