Na letra da música, gravada por interpretes como Os Serranos e José Cláudio Machado dentre tantos, a tradução em versos da saga d’aqueles que, sem olhar pro tempo, seguem suas convicções.

Sábado, doze de setembro, o dia amanheceu chovendo e frio, mas não o suficiente para assustar as mulheres campobelenses que tinham uma cavalgada para fazer. Afinal, o ideal e a vontade de realizar a Segunda Cavalgada Cultural das Mulheres de Campo Belo do Sul eram muito maiores do que qualquer contratempo, e a chuva não atrapalhou. Desde muito cedo, preparando e servindo um café reforçado lá estavam elas prontas aguardando o momento da partida.

Quando os ponteiros do relógio bateram 9h, o grupo montou a cavalo, Padre Darci pediu a bênção do Patrão Celeste e de Nossa Senhora do Patrocínio, padroeira do município, desejando a todas uma boa cavalgada, abençoando os participantes que lá se foram, deixando o centro da cidade para trás e seguindo pelas trilhas de campo por mais de 15 km rumo a Fazenda Ferradura, local de chegada da cavalgada. Dentre as participantes lá estava Dona Nair Bintercourt Néri, 86 anos, ansiosa e feliz de poder participar "mesmo que meu cavalo tenha se machucado e não possa ir ao lombo do animal, aqui estou para desejar à todas as minhas amigas muita sorte e que Deus abençoe todas elas".

Outra entusiasmada com o sucesso do evento foi Lausina Furtado Pucci. "Apesar do tempo feio, foram 165 mulheres inscritas, que estão aí, chuva no rosto, mas convictas, com o pé no estribo para fazer esta cavalgada, o objetivo deste grupo de mulheres cavalarianas, que organizou o evento, é fortalecer e divulgar o tradicionalismo gaúcho,  valorizar nossos costumes com esta manifestação popular de recreação, lazer e integração social", declarou Lausina.

Na Fazenda Ferradura maridos, filhos, amigas e amigos que não participaram a cavalo aguardavam ansiosos pela chegada do grupo que cavalgava a baixo de muita chuva. Enquanto isso, violeiros e gaiteiros ensaiavam canções e toadas para homenagear as bravas cavalarianas. Na churrasqueira, os assadores com a carne na brasa preparavam um suculento churrasco para o almoço.

Passavam das 13h quando seu Osni Amaral Antunes, proprietário da Fazenda Ferradura, anunciou que o grupo de cavalarianas estava chegando. Muita festa e correria para receber com carinho a todas as participantes da cavalgada. Dona Lausina emocionada falou que "não tem como explicar a emoção de chegar, passamos por lugares lindos, com chuva na cara, provamos que a mulher serrana é campeira e corajosa, e que venha a terceira cavalgada, queremos agradecer a todos, equipe de apoio e patrocinadores, maridos, pais, filhos e amigos e nosso comércio local, enfim a todos que nos ajudaram".

Marineide Mattos, do grupo de Mulheres Cavalarianas destacou. "Estamos engajadas neste ‘novo’ feminismo, que busca o respeito à mulher na sua integridade e isso interessa não apenas às mulheres, mas também aos homens, para que se viva de igual para igual. E assim, unindo forças, construiremos um mundo mais humano e mais feliz". Outro depoimento veio de Vera Antunes, proprietária da fazenda. "Não queremos sentir a canseira por que a emoção é muito grande, o traçado foi muito bem feito e a chuva não atrapalhou, pelo contrário deu mais emoção pra cavalgada, estão todas felizes e de parabéns, o destino dessa cavalgada foi na Fazenda Ferradura, mas já estamos pensando na terceira cavalgada que logo terá o local definido".

"Tenho muito orgulho de ter sido escolhido para acolher esse povo maravilhoso, é uma cultura que permanece para sempre levando o nome e a arte campeira para todo o Brasil" comentou o proprietário da fazenda Osni Amaral Antunes.

À tarde, foi realizada uma palestra sobre o meio ambiente com a intenção de alertar a todos sobre as consequências do aquecimento global. A festa se estendeu até a noite com muita animação e alegria.