Lages recebe nesta semana mais uma edição do Programa Alesc Itinerante
Abdon Batista tem as primeiras propriedades com certificação orgânica
Pensar na saúde da família e de quem vai consumir seus produtos, além de agregar valor as frutas produzidas são alguns dos objetivos da família Rosa, moradores da comunidade de Bom Jesus em Abdon Batista.
As terras privilegiadas dos irmãos Rogério e Manoel Rosa, que há pouco mais de cinco anos decidiram deixar a produção convencional para se dedicar a produção orgânica, chamam a atenção não só pela qualidade e beleza das laranjas e tangerinas produzidas, mas pelo cuidado e amor dedicados ao cultivo com a terra.
Do feijão, milho, fumo, passando pela produção de melancia e morangos cultivados de forma convencional, até chegar a produção de citros de forma totalmente orgânica, sem a aplicação de nenhum tipo de agrotóxico, foram alguns anos de tentativas, estudos e espera. As propriedades que juntas somam cerca de 30 hectares de terras receberam no mês de março a Certificação de Propriedades Orgânicas e o Selo Orgânico disponibilizados pelo Ministério da Agricultura - MAPA, através da Certificadora Tecpar Cert, a qual é credenciada junto ao Ministério da Agricultura e que esteve nas duas propriedades certificando, o que era aguardado há quase dois anos.
A partir de agora, tudo o que é produzido nas duas propriedades necessariamente deve ser orgânico. A produção dos citros iniciou em 2014, e há dois anos eles já colhem os frutos. Cada irmão tem 10 hectares de terras com as frutas e dizem que, se tivessem mais, investiriam nesta produção. "Ricos não é fácil de ficarmos, mas encontramos uma maneira de viver bem, com saúde. Aqui é uma riqueza, tudo vivo, a beleza de ver esses pés de frutas, você trabalha de segunda a segunda e não cansa", comentam os irmãos que já projetam algo para o futuro. "Não dá para se acomodar, temos que continuar investindo", destacam.
Falando em investimentos, eles frisam que não é algo barato. Para a implantação investiram cerca de 15 mil por hectare e depois a média de 10 mil para manutenção. "A propriedade hoje está praticamente implantada com citros, mas se tivéssemos mais área, com certeza investiríamos. A gente investiria mais, pois depois de implantado não tem muito risco, mas tem que saber que deve ter um comprador certo, garantir a venda da produção".
A expectativa dos irmãos é de que neste ano colham cerca de 120 toneladas da fruta e daqui dois anos, quando as laranjeiras irão atingir o pico de produção e com a expectativa de durabilidade da planta de 15 a 20 anos, produzam a média de 20 a 30 toneladas da fruta por hectare. A expectativa dos irmãos é que em 2022 as duas lavouras passem das 500 toneladas de fruta.
Além das laranjas e tangerinas, eles também produzem a noz pecã em uma área de 1 hectare de terra, e igualmente orgânica e com a certificação. "Todos os nossos defensivos são biológicos ou naturais, além de utilizar de técnicas de manejo orgânico. Nessa hora sentimos a falta dos agrotóxicos, mas sabemos que estamos produzindo alimentos de qualidade e preocupados com a nossa saúde e de quem irá consumir. Temos mais trabalho, precisamos de mais manejo, mas tudo compensa", comentam.
"Todos os nossos produtos têm a rastreabilidade e seguimos a normativa da IN 46/2011 que estabelece os parâmetros dos produtos orgânicos", comenta Odair Rosa, filho de Rogério.
Toda a produção cultivada no Sítio dos Rosa é entregue para a empresa Orgânicos Pilatti, da cidade de Lages.
Basicamente todo o investimento foi privado, contando com apoio da Enercan, Epagri e Prefeitura Municipal através da Secretaria de Agricultura, que disponibiliza a assistência técnica. A mão de obra é familiar, os filhos ajudam e na época da colheita contratam diaristas.
Rogério comenta que desde quando iniciou no projeto, sua intenção é de que em 5 a 7 anos veja os filhos todos morando e trabalhando na propriedade. "Daqui 2 anos vamos colher mais e vender a um preço atrativo, e espero ter os meus três filhos, genro e nora trabalhando comigo."
O filho Odair acredita na sequência familiar dos investimentos na produção orgânica. "Quando for para renovar a plantação, com certeza daremos sequência. O mercado está mudando para o orgânico e já estamos nessa área para colher os bons frutos", destaca.
O irmão Manoel, com sorriso no rosto, demonstra a satisfação em produzir citros de forma totalmente orgânica. "Eu não sei como eu aceitei essas mudanças, nós tínhamos na mente que tinha que plantar feijão e milho, perdia tudo, mas todo ano plantava. Os mais novos eram mais fáceis de mudar, mas quando começamos a plantar morangos já mudamos. Eu achava ruim, era todo dia morango e não terminava nunca, e quando surgiu o citros, tudo mudou e eu me sinto feliz."
Numa conta simples eles fazem um comparativo entre a produção de citros e de soja neste ano: "Em 1 hectare de terra plantado com citros equivale entre 20 a 25 hectares de terra em retorno financeiro, isso demonstra a nossa satisfação em produzir citros", finalizam.
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