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Vai chover suco no Brasil

 Nos últimos dias, a notícia de que os Estados Unidos rejeitaram vários lotes de suco de laranja do Brasil, seu maior exportador, deixou muita gente pensando em o que fazer com tanto suco encalhado no nosso país, os preços vão despencar e os brasileiros vão poder comprar facilmente laranja a preço de banana.

Todo esse barulho deve-se ao fato de que uma agência americana de fiscalização sanitária que controla os alimentos, encontrou no suco tupiniquim vestígios de um pesticida que tem como princípio ativo o Carbendazim, autorizado pela OMS, mas não registrado nos Estados Unidos para uso na produção de laranjas.
Esta notícia pegou muitos produtores paulistas de surpresa, os quais chegaram a alegar que esta é apenas uma estratégia dos estadunidenses para barrar o produto, que chega ao país com um custo muito mais barato do que o norte americano consegue produzir, ou seja, a retenção do suco brasileiro pode ser motivada mais pela preocupação comercial do que pela sanitária.
O Brasil é o maior produtor de suco de laranja do mundo chegando a exportar mais de noventa por cento da produção, por isso, fora o entrave do pesticida, ainda passou por maus bocados com a valorização do Real. Mesmo que os brasileiros soubessem das restrições americanas com relação ao fungicida, levaria tempo para regularizar a produção a fim de não passar por este probleminha.
Aqui na Região dos Lagos, um grupo de agricultores jamais passaria por esta situação delicada e constrangedora, já que eles fazem parte de cooperativas como a Ecoserra e a Coperanita, nas quais os cadastrados recebem apoio técnico e trabalham em função da produção orgânica, sem qualquer tipo de pesticida. O agricultor José Pinto, com quem o Correio dos Lagos conversou essa semana (ver contracapa), mostra que é possível produzir alimentos de qualidade, que não estejam contaminados e com bom retorno financeiro. Entretanto, fica complicado para grandes produtores, como os que focalizam o mercado externo, produzir sem usar um veneninho básico, afinal o que eles visam é a saúde do fruto com a finalidade de grande produção, tornando desfavorável, em termos financeiros, a produção baseada nas técnicas orgânicas.
Enquanto uns chora o suco derramado, outros dormem sossegados com os resultados de anos de um trabalho que não será barrado por vigilância alguma. 
 
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