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A afinidade com a igreja

O contato dos jovens com a igreja auxilia a despertar a vocação

 Parece que os ânimos dos católicos foram renovados com a vinda do Papa Francisco ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude. Durante os dias do Santo Padre no país, o que mais se noticiou na mídia foi a movimentação e a fé dos peregrinos no Rio de Janeiro. Cada um deles trazia consigo um objetivo muito pessoal durante a jornada, algo puramente espiritual, íntimo de cada um. Entretanto, eles tinham, também, um sonho em comum: ficar perto de Francisco.

O papa mostrou que não é tão difícil ganhar a fama de popular – não no sentido de classe social, mas no que diz respeito ao modo afetuoso como é visto pelas pessoas – e é desse modo que ele quer que a igreja se torne, até, por que não dizer, para atrair novos candidatos a religiosos.
Agora, em agosto, quando é comemorado o mês vocacional, os católicos brasileiros recém abençoados por Francisco vivem  uma época destinada especialmente para refletir sobre a espiritualidade e a relação que mantêm com a igreja, um ato que pode despertar potenciais lideranças religiosas nas comunidades.
Até pouco tempo, em diversos pontos e momentos, a igreja apresentou uma postura pouco notória frente aquilo que muitos chamam de “modernismos”, os quais abriram caminhos para um universo abastado de novas ideologias, entre elas as protestantes e as de cunho científico. Ultimamente, a figura de uma igreja austera foi apaziguada pelo carisma do novo Papa, porém a imagem inflexível pode ter contribuído para a perda de fiéis como também pode ter sido responsável pelo sumiço dos candidatos a padre em vários pontos do país, uma vez que muitos dos jovens que poderiam ser futuros sacerdotes estão acostumados à liberdade para se expressar na maioria dos ambientes nos quais interagem com outras pessoas, desde o escolar até o virtual, e essa liberdade também é esperada na igreja. Uma relação agradável, que atraia alguém, é aquela na qual os participantes ouvem e não deixam de ser ouvidos. 
Ciente da importância de um equilíbrio com o mundo exterior, até monges enclausurados no mosteiro em atividade mais antigo do país, o de São Bento, na Bahia, cederam um pouco, após quase fechar as portas na década de 1990 por falta de religiosos. Agora, os jovens beneditinos enclausurados têm acesso a computadores, revistas, sala de TV e até academia de ginástica. 
Matheus Stanski, de 18 anos, é seminarista e estuda Filosofia em Brusque. Ele é conhecido em Anita Garibaldi por já ter colaborado com a igreja, participando de diversas missas. Na opinião dele, a única coisa que atrai um candidato à vida sacerdotal é Jesus Cristo. “Como jovens que aspiram ao sacerdócio é de extrema importância estarmos preparados para o novo. Os computadores, com a internet, nos põe de frente para a realidade mundial; as revistarias são sinônimos de atualização e as academias de ginástica são para zelar da saúde. É preciso quebrar o preconceito. Os tempos mudam. Nós seminaristas não fugimos do mundo, mas estamos nele de forma diferente”, disse Matheus.
 
Igreja, juventude e vocação

Através das palavras do seminarista Matheus Stanski, confira como pensa um jovem cuja vocação surgiu desde cedo.

Correio dos Lagos: Como seminarista você provavelmente pretende tornar-se padre. Com que idade decidiu seguir esse caminho e como surgiu esse anseio em sua vida?
Matheus: Acredito que somos chamados por Deus antes de estarmos formados e durante a nossa caminhada o Espírito Santo permite-nos conhecer conscientemente este chamado. Em mim, aos cinco anos começava este processo de ciência da minha vocação, quando brincava de ser padre, celebrando com colegas uma “missa” feita de “bolacha maria” e suco de uva. Com o tempo e a catequese fui amadurecendo e percebendo que Cristo me chamava e um anseio crescia conforme eu me aproximava de três grandes atributos da minha vocação: a oração, a catequese e o testemunho. Então, com 15 anos entrei no Seminário Menor, onde pude responder a paixão que sinto por Cristo. 
 
Correio dos Lagos: Durante a JMJ, a mídia trouxe à tona o fato de que a igreja vem perdendo fiéis. Como um representante da juventude católica, a que você atribui essa diminuição?
Matheus: Como filho jovem da Mãe Igreja, vejo que esta diminuição de fiéis diz que os verdadeiros católicos, aqueles que são comprometidos, não abandonam a Igreja. Há uma parcela de fiéis que, ainda imaturos, transitam de igreja a igreja. A estes que se dizem “católicos”, mas que pulam de galho em galho, atribuo os números destas estatísticas. Eles mantêm a falta de proximidade da Igreja e o desconhecimento real da fé.

Correio dos Lagos: Durante a JMJ, o Papa falou que a igreja precisa aproximar-se mais do povo. Como é a relação da igreja com os jovens hoje? 
Matheus: A Igreja hoje está aberta buscando um diálogo jovem com pastorais juvenis. Mais do que nunca está em um constante diálogo com nós, e nós com ela. A Igreja Latino americana e do Caribe, refletiu, recentemente, sobre a proximidade da Igreja com os Jovens. A Igreja fala que diante dos desafios do mundo moderno é necessário tomar linhas de ações constantes, como renovar a opção pelos jovens e educá-los a fim de estarem a serviço da Igreja local, como nas pastorais, e nos movimentos mais diversos de uma paróquia.
 
Correio dos Lagos: Essa relação contribui para que futuros seminaristas surjam entre esses jovens? De que forma contribui?
Matheus: Sim, esta relação é eficaz para que surjam homens apaixonados por Cristo. Esta relação de diálogo que a Igreja está estabelecendo, com nós jovens é uma imensa catequese e esta é uma das formas para que surjam vocações. Os tweets do Santo Padre, por exemplo, são catequeses que incutem no jovem a vontade de seguir a Cristo, não somente como Padre ou Irmãos e Irmãs Consagrados e sim como fiéis pais e mães de família que sejam discípulos missionários de Jesus. Nós jovens, precisamos encontrar-nos com Deus, surpreender-nos por Ele.
 
 
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