O grupo de acadêmicos do curso de Gestão Comercial da Unoesc/Anita Garibaldi dentro da Disciplina de Cultura e Comportamento Organizacional, realizada pelo professor Almir Antonio Isganzella, realizaram aula nas dependências da CASA LAR.
Este encontro de troca de conhecimentos teve por objetivo, proporcionar aos acadêmicos, a oportunidade de conhecer a realidade da cultura local no quesito de trabalho voluntariado. “Cultura da Fraternidade” trabalho este desenvolvido há 12 anos e que faz parte de uma cultura sólida no município e região e que tem trazido excelente resultado às crianças e famílias que passaram por esta casa de abrigo, considerada hoje uma das melhores de Santa Catarina. A intenção, é fazer com que os acadêmicos, dentro desse contexto, se sensibilizem por este trabalho brilhante que faz parte de sua cultura e que, direta ou indiretamente, tem influência no seu comportamento pessoal e social.
A presidente da casa, Simone Martins de Castilhos Godoy, e a Presidente do conselho municipal da Criança e do Adolescente, Rita de Cassia Neves, fizeram uma explanação contando um pouco da história da casa Lar e de como tudo começou e também, abordaram uma variável de situações que surgiram ao longo do tempo e que só foram possíveis, em virtude de um trabalho voluntário organizado e bem desenvolvido.
A Casa Lar teve seu início com trabalho voluntário em 30/11/1999 por pessoas que, desprendidas do mundo materialista, tiveram a coragem de, em meio as tantas dificuldades, sustentar um sentimento de amor por aqueles menos favorecidos da sociedade que necessitavam com certa urgência, de uma local para resgatar sua dignidade e obter um espaço de afetividade e acolhimento.
Os recursos para iniciar os trabalhos tiveram seu início com a coleta de lixo seletiva, onde os voluntários trabalhavam horas extras a sua atividade profissional, coletando e separando o lixo para vender. A primeira acolhida de crianças realizada pela Associação Grande Exemplo de Vida (AGEV), denominada de CASA LAR, recebeu no abrigo 23 crianças que necessitavam de apoio, atenção e cuidado. Nesta época, o abrigo acolhia criança e de jovens até 18 anos. A casa chegou a atender cinco municípios no início de suas atividades, mas a partir de 2005 passou a atender a três município que são: Celso Ramos, Anita Garibaldi e Abdon Batista.
As responsáveis pela Casa Lar relatam que neste ano de 2012, a entidade completa doze anos de história e tem registrado em seu histórico essas duas pessoas que foram as pioneiras deste voluntariado.
Simone de Castilhos relata que desde criança jogava na loteria para poder construir um orfanato. “Como o dinheiro não chegou, eu fiz assim mesmo da forma que me foi apresentada. Agradeço a Deus pela oportunidade e a tantos parceiros, voluntários e apoiadores que de forma solidária durante todos esses anos, sempre auxiliaram nas atividades no que fosse possível”.
Já Rita de Cassia Neves declarou: “Se eu tivesse a oportunidade de ficar na igreja 24 horas por dia agradecendo a Deus, ainda não seria suficiente por tudo o que tenho. Ser voluntária neste trabalho nunca impediu que Deus me proporcionasse tudo o que tenho em condições e saúde. Há um povo inquieto que não tem voz e nem vez, e eles precisam de alguém que os defenda e os dê atenção e suporte. Está faltando amor ao próximo e o individualismo está tomando conta da vida das pessoas. E outra coisa eu digo a vocês que estão na faculdade, quando a dificuldade aperta aqui, nos abraçamos com quem está ao nosso redor e continuamos a caminhada. Firme sem desânimo, porque se nós desanimarmos, quem fará o trabalho? Quem irá ajudar essas pessoas necessitadas? Tudo o que é feito, muitas vezes é na precariedade, porém, sempre com boa vontade”, enfatiza.
Abaixo segue o relato de alguns alunos que se sentiram mobilizados por este trabalho, o qual ao longo do tempo tem auxiliado a muitos que passaram e deixaram suas marcas no coração de cada um que se disponibilizou em ajudar e não mediu esforços para o bem comum.
A aluna L. A. B. destacou em seu depoimento que a aula proporcionou uma nova visão de vida. “Você que tem família que te dê amor, respeito, carinho, educação e tenta mostrar qual é o melhor caminho a seguir, agradeça a Deus! Respeite-os, pois, por mais errados que eles representam estar, eles sempre estão pensando no melhor para você! Se ainda não está convencido disso, vá conhecer um pouco da história de vida das crianças e jovens, que por algum motivo, seus pais os entregaram para ficar em um abrigo (Casa Lar) e posteriormente ir para adoção, aí sim, somente assim, você aprenderá a dar valor a cada coisa que você tem e a cada minuto que passar” comentou a aluna.
Dentro dessa temática abordada, o acadêmico R.G.P. também contribuiu demonstrando seus sentimentos. “Meu sentimento foi de dó e ao mesmo tempo de culpa pela falta de solidariedade de uma grande maioria da população. Se cada um fizesse um pouquinho de esforço, a vida de muitos menores poderia ser ainda muito melhor. Fiquei também comovido com as histórias de algumas crianças e por saber que muitas famílias que as adotam, acolhem-nas como verdadeiros filhos”.
E por fim, o relato da acadêmica S.R.G. que exemplifica seus sentimentos. “A Casa Lar tem por finalidade resgatar o ambiente familiar, substituindo a família a qual a criança verdadeiramente pertence, oferecendo-a oportunidade de uma convivência afetiva, equilibrada e saudável ao seu pleno desenvolvimento. Meu sentimento em relação a tudo isso, é um sentimento de felicidade por saber que de forma voluntária, várias pessoas se dedicam aos trabalhos da casa, acolhendo crianças de maneira carinhosa, e por saber que a cidade de alguma maneira dá um bom exemplo de solidariedade e cresce com isso”, comenta.
Diante desses depoimentos e de tantos outros não descritos aqui, foi possível perceber que o objetivo da aula foi atingido, pois, notou-se que os acadêmicos foram tocados por um sentimento único de “amor ao próximo”. Cada um tem o dever de contribuir em seu cotidiano para que possamos minimizar o sofrimento dos menos favorecidos, pois a dignidade da vida deve sempre ser preservada acima de tudo.
Durante a aula, os acadêmicos tiveram a oportunidade de reavaliar a condução de sua vida e fazer com que suas atitudes e comportamentos sejam mais bem avaliados, e assim, de alguma forma, possam resgatar ou recriar em si uma cultura de fraternidade e de amor ao próximo valorizando ainda mais a sua vida e a vida de seus familiares.
O grupo de acadêmicos de forma homogênea faz uma solicitação à sociedade anitense e região. Que despertem para que situações de desamparo e de risco à criança, sejam minimizadas, que a sociedade de forma geral, bem como instituições e poder público, possam continuar a contribuir para que a Casa Lar possa ter, no mínimo, as condições necessárias para seu bom andamento sem ter que pedir ou implorar por ajuda.
Em nome da turma de Gestão Comercial, agradecemos a todos os voluntários, instituições, empresas e órgãos públicos que até hoje contribuíram e contribuem com a Casa Lar, fazendo com que ela seja sempre uma instituição que possa oferecer as condições necessárias para auxiliar cada vez mais a quem dela necessitar.
Faça parte você também: Fazer o bem, nunca está fora de moda!
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