No dia 8 de março comemora-se internacionalmente o Dia da Mulher. A diversidade de histórias vividas por cada uma delas é digna de respeito e veneração. Nesta edição contamos a trajetória de lutas, força, fé e otimismo da mulher guerreira Leonice, em homenagem e como uma mensagem de perseverança a todas as mulheres.
No ano de 2013 a vida da pastora Leonice de Paula Amorim e de sua família passou por grandes reviravoltas. Após ter realizado o autoexame de toque das mamas, a moradora de Anita Garibaldi percebeu que estava com um caroço em um dos seios. Mesmo achando que não seria nada grave, por não sentir dor alguma, decidiu procurar ajuda médica e de imediato foi encaminhada a fazer a mamografia, exame especializado no diagnóstico do Câncer de Mama.
Depois de três meses de realizada a mamografia veio o resultado, que infelizmente foi desagradável, pois Leonice estava com tumor na mama, e para piorar foi diagnosticado em seguida que ele era maligno.
A mulher guerreira, hoje com 55 anos, relembrou os primeiros instantes de quando recebeu o diagnóstico. “No mesmo momento que eu quis me abalar eu me lembrei de tantas dificuldades que já tinha enfrentado e vencido, e acreditei que venceria mais uma vez. Pensei positivo e disse que lutaria para vencer”, disse otimista.
A pastora recebeu os encaminhamentos para fazer a cirurgia de retirada do tumor, porém um obstáculo apareceu em seu caminho. “Tive que me operar do coração, antes de cuidar do câncer, pois já estava em tratamento para sopro no coração e a situação havia se agravado”, contou a mulher, que ao dizer sobre as dificuldades não tirava o brilho dos olhos em acreditar que uma força superior lhe fortalecia a cada momento: “Tudo pela força divina, porque Deus está em primeiro lugar”.
Passados quatro meses de recuperação pós-cirurgia, em abril de 2014, Leonice iniciou o tratamento para combater o Câncer de Mama. “Fiz oito sessões de quimioterapia na cidade de Lages. Perdi todo meu cabelo, tive muitas reações do tratamento, muita dor, foi um trauma, fiquei abatida, mas depois comecei a pensar que como diz o ditado, antes dos dedos que se vão os anéis”, comentou. As sessões aconteciam quinzenalmente devido a pastora ainda estar em fase de recuperação da cirurgia, por isso ela e o esposo Alceu Laudelino Amorim tiveram que ficar hospedados em Lages por três meses. “Uma senhora nos cedeu um pequeno apartamento para ficarmos, porque não tínhamos como pagar aluguel. Meu esposo arrumou um serviço lá neste período”, comentou.
Mesmo com os problemas de saúde, Leonice não deixou que nada atrapalhasse os seus sonhos e a impedisse de fazer o que tanto gosta. “Não pesou nem para um lado nem para outro, consegui conciliar minha vida como pastora e cuidar da minha saúde. O meu físico estava fraco, mas o meu espírito nunca enfraqueceu”, relatou a religiosa que há 14 anos segue a vocação de pastora. “Ainda em tratamento estava preparando para gravar o meu quarto CD, e consegui gravá-lo”, nos revelou. O CD foi chamado de “Vaso Restaurado”, segundo a pastora por descrever o momento em que está vivendo.
Na luta em busca da saúde, em novembro ela passou pela cirurgia de retirada do tumor, a mastectomia, e ao acordar do procedimento eis a surpresa: “tiraram todo o meu seio, porque o tumor já estava enraizado”. Quando perguntada sobre a sensação do lado feminino em estar sem um seio ela mostrou-se mais uma vez positiva: “Pela minha saúde eu me aceito assim. Se fosse para ter a mama me prejudicando é melhor tirar. Esse é um conselho que deixo a todas as mulheres que estão na mesma situação, para que não se importem com o que as pessoas de má índole possam falar ou te olhar torto”.
Desde 1999 foi criada a lei para mulheres que sofressem mutilação total ou parcial de mama (mastectomia) a ter direito a cirurgia plástica reconstrutiva. Leonice quer colocar a prótese, mas não reconstruir o seio.
A experiência de conviver com pessoas doentes nos hospitais foram definidas como oportunidades de poder ajudar os demais. “Dizer palavras de conforto, de otimismo e de alegria fazem muito bem para as pessoas”, relatou a pastora.
Leonice revelou que aprendeu muito com os desafios dessa trajetória. “Depois de passar por situações oriundas do câncer eu mudei muito meu modo de pensar. Antes eu achava que não precisava de médico, que somente a oração iria me curar. Agora vejo que Deus nos deixou a medicina e devemos usá-la, nos prevenir. Toda mulher deve se cuidar fazendo mamografia e o preventivo, por exemplo”.
Leonice nos contou que fez a primeira mamografia aos 53 anos, e porque havia percebido o caroço no seio, visto que segundo mastologistas o indicado é realizar o exame a partir dos quarenta anos. “Demorei a tomar as providências necessárias”.
Além do otimismo e força própria ela agradece ao apoio que recebe sempre. “São cinco filhos e oito netos que estiveram e estão ao meu lado encorajando e ajudando em todas as etapas. A família e os amigos são muito importantes em todos os momentos”, disse emocionada.
A luta de Leonice ainda não terminou, pois ela tem mais 25 sessões de radioterapias a fazer. Mas essa é apenas uma das projeções futuras. “Continuarei na missão da obra de Deus na nossa Igreja ‘Congregação Só o Senhor é Deus’ e já tenho mais 40 letras escritas para lançar os próximos CDs. Quanto à continuação do tratamento estou tranquila e esperançosa de que tudo dará certo e ficarei curada do câncer”, disse com sorriso no rosto e acrescentou: “O que é para eu passar outro não passará”.
Como mensagem a todos que estão passando pela luta do combate ao câncer, sejam mulheres ou homens, a pastora ressaltou: “Vamos sempre ter fé em Deus, fazer tudo conforme a medicina prescreve. Sejamos calmos e nunca pensemos de forma negativa e com desânimo”, finalizou confiante.
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