O casal que há 45 anos demontra a união no casamento e no trabalho
Augusto Moro e Ana Rosa Moro se casaram no ano de 1970 e juntos cuidavam de um armazém e um moinho de farinha de milho na comunidade de Santa Maria Gorete, interior de Celso Ramos, local este onde também residiam na época. Ele de origem celso-ramense e ela anitense.
Para contar sobre a trajetória de mais de quatro décadas trabalhando como agentes rodoviários em Anita Garibaldi, conversamos com o casal justamente onde dizem ser a sua segunda casa: a rodoviária.
Augustinho da rodoviária e dona Rosa, como são conhecidos, mudaram-se para Anita por questões familiares, como nos contou Augustinho: “Tínhamos o armazém junto com meus pais. Logo que nos casamos meu pai faleceu e minha falecida mãe não quis mais ficar em Santa Maria, queria vim para Anita. Foi ai que surgiu a proposta de comprar o ponto de venda da rodoviária”. Proposta aceita e outro rumo na vida da família.
Pontual com a memória, Augustinho disse exatamente o dia em que passaram a residir nos pagos anitenses: “Foi dia 06 de outubro de 1971”. Além do ponto de venda na rodoviária, Augustinho começou em seguida a trabalhar como cobrador e posteriormente como motorista da empresa para a qual trabalha até os dias atuais, a Transporte e Turismo Manfredi.
“Minha esposa, minha cunhada e um sobrinho cuidavam da rodoviária enquanto eu saía para trabalhar como motorista”, acrescentou. Nesta época o estabelecimento era no local onde atualmente está a Engetrônica, próxima a Prefeitura, como mostra a foto.
Segundo eles, em meados da década de noventa a Prefeitura Municipal construiu um barracão, onde hoje é a Casa Lar, com o objetivo de ser uma feira. Porém devido às más condições em que se encontrava a estrutura do estabelecimento viu-se como mais urgente a mudança da rodoviária para o referido barracão. “Quando chovia muito a água entrava na antiga casa. Teve uma vez que tivemos que despregar o assoalho para a água escoar para baixo, porque se não inundaria todo o espaço interno”, disse o casal. Ainda falando sobre esse local, dona Rosa lembrou o vultoso movimento de pessoas que tinha na época. “Hoje em dia diminuiu muito o número de pessoas, antigamente tinha muito mais”, comentou Rosa.
Augustinho conversou com o prefeito da época para poder utilizar esse barracão que estava vazio. “Ficamos naquela casa antiga do ano de 1971 a 1993”, recordou.
Foram quatro anos atendendo nesse local ainda que improvisado, até que a atual estrutura do Terminal Rodoviário Izidoro Marin ficou pronta. Mostrando mais uma vez a boa memória Agustinho descreveu exatamente esse momento: “Era dia 23 de março de 1997 quando começamos a trabalhar nesse espaço onde estamos até hoje”.
O local utilizado é de propriedade pública, ou seja, o casal paga aluguel para poder utilizá-lo, bem como água e luz.
Quanto às funções exercidas como ponto de venda, nos explicaram que sobre as passagens recebem comissão das empresas que prestam serviço na Região, e a lanchonete e o bar são inteiramente deles, quanto às vendas de produtos nestes.
São 43 anos e cinco meses exercendo a atividade de agentes rodoviários. Perguntado se imaginava atuar nessa área, Augustinho argumentou que já trabalhava na área do comércio mesmo antes de iniciar na rodoviária, mas que foi por o acaso que sua vida seguiu esse rumo. Todavia, com o sorriso nos rostos ambos responderam que são felizes com o que fazem.
“Não tivemos e não temos uma vida de trabalho que rendesse grande quantidade de dinheiro, mas criamos tranquilos nossas três filhas e vivemos bem”, comentaram.
A convivência com as pessoas diariamente foi elencada por dona Rosa como um dos motivos que não a fazem pensar em parar de trabalhar “A gente se acostuma com o povo”, mencionou Rosa, e Augustinho acrescentou: “Tem muita gente que diz: Por que não para de trabalhar se já está aposentado? A gente está muito acostumado a essa rotina de levantar cedo, as 5h30 e trabalhar até as oito da noite. A nossa casa é só visita, pois só posamos lá e nos finais de semana almoçamos lá, porque praticamente moramos na rodoviária”.
Há 29 anos o aposentado Augustinho realiza no centro da cidade a entrega de jornais que vem juntamente via o ônibus da Manfredi, com o apoio de mais um funcionário que faz a entrega nos bairros. “Como já estou meio velho para cuidar desta responsabilidade, se surgir alguém que queira assumir essa função eu deixaria de entregar jornal”, declarou o agente rodoviário.
Sobre a continuação da atividade exercida pelo casal, ambos contaram que não há perspectiva de que as filhas e nem os quatro netos continuem a exercer o trabalho. “Nenhuma delas tem interesse de dar continuação”, disseram.
Ele com 67 anos e ela com 65 anos tem muita história para contar. Um dos fatos destacados foi um curto circuito que atingiu a antiga rodoviária, ainda a de madeira, a qual teve um princípio de incêndio. “Mas nada de grave, não houve danos”, destacaram.
Chegando ao final de nossa conversa, o casal fez questão de pedir um espaço para agradecer as pessoas que sempre os respeitaram e perpetuam um bom convívio. “Somos gratos a todos que passaram em nossas vidas e continuam a fazer parte delas, como as empresas, cobradores, motoristas e passageiros, assim como a toda a comunidade que nos acolheu de braços abertos e fazem parte desta trajetória”, finalizaram.
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