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A sexualidade é desafio para os pais.

A sexualidade, que antes aflorava aos 14 anos, hoje inicia em torno de 10 a 12 anos. Por isso, muito cedo os pais devem se aproximar dos filhos, transmitir confiança, sendo mais amigos do que pais. Dessa forma terão uma abertura maior para conversar e se envolver na vida sexual de seus filhos.

A adolescência é uma fase cheia de mudanças físicas, psicológicas, emocionais e sociais. Nesse período, teoricamente o organismo do adolescente sofre alterações biológicas a fim de prepará-lo para o processo de reprodução. É preciso muito tato ao lidar com as crianças ou adolescentes, já que é nesse período que grande parte deles consolida sua personalidade e sua integração no meio social.

Esse período de transição deve ser bem-vindo. Mais do que importante, é essencial para a construção de um ser humano saudável, sem traumas, de maneira que tire do caminho toda e qualquer forma de desencadeamento de doenças biológicas, emocionais ou ainda psíquicas, que podem aparecer nessa fase.

O papel dos pais – Os pais devem lidar com o assunto sexo com naturalidade, desmistificar o tabu de que sexo é algo errado ou pecaminoso, sem esquecer, é claro, das responsabilidades que decorrem da sexualidade. Nessa fase, tudo é muito intenso, por isso os pais não devem perder lugar para a mídia, os amigos, as novelas, a internet. Devem fazer parte do mundinho dos adolescentes, tentar sentir e ver as coisas na intensidade com que eles veem. Afinal, os pais já passaram por essa fase.

A educação afetivo-sexual é uma questão substancial e deve ser encarada de frente pelos pais e também por toda a sociedade, tendo em vista que existe uma grande banalização do sexo pela mídia. Os pais devem se fazer presentes com competência para debater as opiniões e os conceitos que são veiculados e popularizados. Assim os adolescentes poderão enfrentar todas essas questões, encontrar o equilíbrio, considerando o que realmente é positivo para o crescimento e o amadurecimento de sua vida sexual.

Entra aqui também como tema importante o esclarecimento das informações a respeito dos contraceptivos e das doenças sexualmente transmissíveis. Em geral, essas informações são oferecidas nas escolas pelos educadores ou profissionais da saúde, com palestras. Mesmo assim muitas dúvidas cercam os adolescentes que, por vergonha, acabam não sendo esclarecidas por não serem elencadas. É aí que a relação saudável e amigável dos pais entra em jogo. Por meio do diálogo as informações e as orientações chegarão ao adolescente pelos responsáveis certos e, dessa forma, as dúvidas, podem ser esclarecidas, diminuindo os riscos de decepções fortes, doenças, gravidez e o início precoce da vida sexual.

E um desafio dos pais é entender que o adolescente de hoje vive em outros tempos. Estamos na era da velocidade, em que tudo é para ontem. É preciso, no entanto, resgatar valores. Mostrar aos jovens suas habilidades internas e promover o resgate da prudência para sensibilizá-los a manter sua saúde integral e seu potencial de crescimento físico e psíquico. Podemos provar que viver é muito mais que ter, consumir e adquirir bens.

Os pais podem ajudar o adolescente a descobrir o que realmente gosta de fazer, dentro daquilo que pode ser prazeroso e do aprendizado que promove seu crescimento.

Viver é buscar, entender e dimensionar aquilo que nos caracteriza como seres humanos é preciso ensinar a pensar, questionar, ter consciência crítica refletir e sentir o prazer de viver.

Nessa tarefa dos pais, os verbos recomendados são: instruir, ensinar, demonstrar, encaminhar, indicar caminhos, ceder às vezes, renunciar, chorar. E os verbos a serem evitados: impor, desprezar, ignorar, gritar, esbravejar sem antes conhecer os motivos.

Referência:

RICARDO, Magda. A sexualidade é desafio para os pais. Jornal Mundo Jovem, Porto Alegre, junho de 20l3.