No dia 28 de julho é comemorado o dia daquele que trabalha com a terra, cultivando os produtos que mantêm a si e as pessoas da cidade
Agricultor é a pessoa que trabalha na lavoura plantando e colhendo alimentos, e são eles os verdadeiros responsáveis por garantir o pão de cada dia na mesa das populações do campo e da cidade. Nesta semana em que se comemora o Dia do Agricultor, convidamos um casal de agricultores anitenses para contar algumas histórias e expectativas para a agricultura no país.
Ivory Sutil, 53 anos e Marilde Aparecida Sutil, 45 anos, têm dois filhos Ronaldo e Felipe. O casal mora na localidade da Lagoa da Estiva, distrito de Anita Garibaldi, e contam que sempre trabalharam na agricultura.
Ivory conta que desde pequeno, com aproximadamente seis anos de idade, já ia para a roça com os pais onde aprendeu lidar com a terra. Ele conta que antigamente, sem a mecanização, as roças eram queimadas, o que exigia um preparo diferente da terra.
“Meu pai, Francisco Sutil, sempre foi agricultor e teve dez filhos, sendo seis homens. Cada um dos meus irmãos e eu tinha uma junta de bois com carreta e cavalos com cargueiros, que eram utilizados para transportar as colheitas”, relembra o agricultor, colocando também que na época plantavam milho, feijão, trigo e arroz. “Muitas vezes o feijão era arrancado, amontoado e debulhado com o “manguá” (um cabo de madeira amarrado a uma barra de ferro), nós colocávamos um pano no chão e em cima dele o feijão, aí cada homem batia em cima até debulhar todas as vagens do feijão, com o tempo surgiram as trilhadeiras (máquinas de debulhar), elas eram puxadas a boi e funcionavam com motor, o que facilitou um pouco esse trabalho”, comentou seu Ivory.
Para ele a vida no campo hoje é mais fácil, pois não se planta mais em roças queimadas, com as lavouras mecanizadas, onde os tratores realizam todo o trabalho. “Antes a vida era muito sofrida, hoje é mais fácil”.
Dificuldades no campo hoje
Perguntado sobre as dificuldades enfrentadas no campo hoje, seu Ivory é rápido na resposta e cita os altos custos de produção e o baixo preço dos produtos produzidos pelo agricultor, além das alterações no clima, um ano de muita chuva, no outro a seca que castiga e com isso se perde muito da plantação. “Nossa esperança é sempre de melhora, tornando mais lucrativos os produtos da agricultura”.
Outro ponto que o agricultor aponta como sendo um problema é o abandono do campo principalmente pelos jovens. “Meus filhos, por exemplo, não seguiram minha profissão, os dois optaram por ser professores. No campo só permanecem os mais velhos, por não ter estudado, na nossa época os estudos não passavam da 4ª série”, enfatiza.
Apoio aos pequenos produtores
Além de cultivarem o milho e feijão o casal também cultiva verduras orgânicas, o que acreditam ser uma nova fonte de renda, além de refletir diretamente na qualidade de vida das pessoas que consomem alimentos saudáveis livres de agrotóxicos.
Ivory é o tesoureiro da Associação de agricultores São Bom Jesus da Lagoa da Estiva. Ele comenta sobre os programas dos governos federal, estadual e municipal, que vêm ajudando os agricultores, principalmente a secretaria de agricultura do município que tem dado uma grande ajuda e incentivo, como assistência técnica, doação de tratores e implementos às associações o que reflete na melhoria da produção de cada agricultor. “Também temos um grande parceiro dos agricultores que é o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, o qual vem desempenhando um papel fundamental”, comenta Sutil, destacando também o papel das associações. “Com a associação de agricultores, cada sócio tem direito aos serviços do trator, pagando as horas de trabalho prestado, com os recursos oriundos dos serviços é pago o tratorista funcionário da associação e todas as despesas e investimentos necessários com as aquisições de novos maquinários para auxiliar nos trabalhos dos sócios”.
A associação reúne-se a cada sessenta dias, para prestação de contas e discussão de diversos assuntos pertinentes e de interesse de todos os associados.
“Parabenizo os agricultores pelo seu dia, sabemos que nós agricultores familiares somos responsáveis por garantir o alimento na mesa das populações que vivem nas cidades, somos verdadeiros guerreiros. Hoje há uma valorização e muitas mudanças vêm ocorrendo, hoje somos vistos como empresários rurais”, finaliza o agricultor que não pensa em deixar a vida no campo e pretende continuar investindo na agricultura.
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