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Abdon Batista em seus 32 anos de muitas histórias
A formação da cidade através da emancipação pode-se dizer que é recente, apenas 32 anos, desde que o município de Abdon Batista deixou de pertencer a Campos Novos e passou a ter sua própria identidade. Porém somados a esses 32 anos, muitas histórias foram e continuam sendo vivenciadas por moradores que nasceram, cresceram, constituíram suas famílias e continuam desfrutando da tranquilidade, do amor e das oportunidades geradas pelo município. A história de Terezinha Maria Hermes Simioni, de 78 anos, e seu esposo Anselmo Simioni, de 81 anos, retratam esse amor, reconhecimento, desenvolvimento e suas contribuições para que Abdon Batista fosse hoje reconhecida como a cidade destaque da Região dos Lagos.
Dia 26 de abril é a data que marca o aniversário da conquista de muitas mãos, muitos sonhos e muitos desafios para tornar o município independente, e fazendo parte de toda essa vivência, o casal de moradores relata alguns fatos. Eles receberam a equipe do Correio dos Lagos em sua residência, localizada na comunidade de São José da Gruta, interior do município.
Com uma memória invejável, dona Terezinha relembra de acontecimentos que marcaram a história. Sua primeira lembrança foi de uma fábrica de linha instalada na comunidade, que fez com que moradores se dedicassem no cultivo de linhaça, para a fabricação de fios. Seu pai, José Luiz Hermes era o secretário da empresa e a filha guarda, com carinho, o livro ata que registra muitos nomes conhecidos da comunidade, que fizeram parte da história de uma das primeiras fábricas instaladas em Abdon Batista no ano de 1946. Com a falência da empresa em 1950, o pai se dedicou à educação, ele era professor e nomes de destaque também aparecem nos livros e relatos do pai de professores e professoras que deram suas contribuições na educação abdonense, inclusive dona Terezinha também foi professora durante 32 anos e lecionou para muitas crianças e jovens nas escolas multiseriadas. Ela também foi catequista por 40 anos.
O namoro e a união de Anselmo e Terezinha
Ele descendente de italiano, ela se designa como brasileira pura, já comemoraram 58 anos de casados. Eles eram vizinhos, Anselmo era afilhado do pai de Terezinha, e frequentava a escola em que o pai dela era professor. Entre algumas histórias relatadas pelo casal, uma chama a atenção pela forma como Terezinha escolheu entre Anselmo e um primo que também era interessado nela. "Eu sabia que o Anselmo e um primo dele gostavam de mim, mais um não sabia do outro, naquele tempo depois que a gente saia da missa, a gente ficava passando na rua e eles ficam nas janelas dos botequins esperando a gente convidar eles pra passear. Lembro de um dia de festa que meu pai era leiloeiro e eu não sabia o que fazer, pois os primos estavam na festa e andavam sempre juntos e eu não podia escolher um. Aí pedi a opinião do meu pai, o que eu poderia fazer, ele perguntou quem eram os jovens e eu falei, meu pai disse que qualquer um era de boa família e no final o escolhido foi o Anselmo", lembra ela relatando alguns outros fatos em meio a muitas lembranças. O namoro na época era a distância, nem pegar na mão podia, e como dona Terezinha destaca: "Era o casal, sete velas pra um lado e sete velas para outro", dando a entender que nunca estavam sozinhos. O primeiro beijo foi dado por Anselmo no dia do casamento e dona Terezinha diz que achou que iria morrer. Foram dois anos e meio entre namoro e noivado. "Nem pegar na mão podia", lembra seu Anselmo. Da união nasceram sete filhos e hoje a família é composta por mais 19 netos, 14 bisnetos e 1 tataraneta.
Um fato interessante eram os casamentos naquela época em que a família da noiva oferecia o café da manhã e a família do noivo o almoço. No casamento de Anselmo e Terezinha não foi diferente, a não ser o fato de que a chuva fez com que o ônibus que levava os convidados para o almoço ficasse atolado e os convidados precisaram caminhar dois quilômetros a pé em meio ao milharal e a noiva ao descer do carro para ir ao almoço e receber os cumprimentos dos convidados, acabou caindo ao descer do carro. "Meu sogro colocou umas tábuas para eu descer do carro e ir a até a casa, quando desci do carro escorreguei e cai, sujei as mãos, os joelhos e o vestido, e todo mundo me olhando", lembra ela em meio as risadas de uma boa recordação. Outro fato que chama a atenção foi que após três meses de casados, a casa em que o recém casal morava, pegou fogo e eles perderam tudo: móveis, presentes e o enxoval.
Seu Anselmo sempre se dedicou a agricultura e foi político desde sempre pelo partido do PP, concorreu ao cargo de vereador por três vezes, sendo duas ficando como suplente e uma sendo eleito, oportunidade em que contribuiu para a construção do salão na comunidade. Foi candidato a vice-prefeito no ano de 2007.
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Gruta de Nossa Senhora de Lurdes
Entre tantas histórias e recordações relatadas pelo casal, escolhemos algumas para levar aos leitores, e a gruta localizada nas terras da família, construída pela avó de dona Terezinha, é uma dessas histórias. A avó de dona Terezinha era muito devota a Nossa Senhora de Lurdes e resolveu fazer a gruta que hoje também é conhecida por Gruta Hermes. A gruta irá completar nesse ano de 2021, seus 70 anos desde a construção e, durante todo esse tempo, recebeu fiéis, que comemoravam no dia 8 de dezembro a Festa de Imaculada Conceição. Ali passou a ser realizados casamentos, primeira comunhão, missas campais e festas, e tempos depois a capela foi construída ao lado, porém há mais de 10 anos não se realiza mais nenhum evento na gruta.
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As primeiras igrejas
Nas anotações do pai de Terezinha, seu José Hermes, está relatado como era o espaço escolar da comunidade. "A mesma casa servia de escola e de capela. A casa era alta e embaixo ficavam os cavalos amarrados nos dias de chuva, durante a semana funcionava a escola e a cada seis meses vinha o padre de Lages para fazer casamentos, primeira comunhão, batizados. Tinha mãe que batizava dois, três filhos juntos", lembra dona Terezinha relatando, também, que após um desentendimento na comunidade, o bispo resolveu fechar a capela e a imagem de São José, vinda da cidade de Guaporé, toda esculpida em madeira, foi levada para um capitel construído na casa de dona Rosa Tessaro. "A imagem foi colocada lá no capitel, até que ele pegou fogo e a imagem foi retirada e levada para capela que já estava pronta. Lembro que padre Angelo queria levar a imagem para o museu e a comunidade se reuniu e não deixou. Ele é diferente, mas é o nosso santo", comenta dona Terezinha. Em 1945 foi construída a primeira igreja na sede do município.
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Abdon Batista e seus anos de história
O casal que nasceu e vive até hoje nas terras abdonenses destaca que nesses anos muita coisa mudou. "Vimos um Abdon Batista que se chamou Vargem, depois Vila Nova até se transformar distrito e ganhar o nome de hoje. A sede tinha um hotel, uma loja e poucas casas. No lugar onde hoje é a praça, tinha uma capoeira que depois fizeram um jardim, um lugar muito bonito e hoje se transformou em uma bela cidade. Gostamos muito de viver aqui", enaltece o casal que esbanja simpatia, vitalidade e muita história para contar.
Parabéns Abdon Batista!
Parabéns gestores municipais!
Parabéns população abdonense!
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