logo RCN

Agosto Lilás: uma importante luta na violência contra a mulher

A violência contra a mulher é um assunto abordado nesse mês com a Campanha "Agosto Lilás", a qual enfatiza o tema e ações que estão sendo realizadas nos municípios por órgãos diretamente ligados a prevenção e ao acolhimento de mulheres vítimas de todo e qualquer tipo de violência.

Para relatar mais sobre o tema, a equipe técnica da gestão da Secretaria de Assistência Social de Anita Garibaldi, formada pela secretária Samara Zanoni Dutra, a assistente social, Ana Carolina Oliveira e a psicóloga Anna Sara Menegazzo passam importantes informações sobre o surgimento da campanha, tipos de violências, canais de denúncias, entre outros assuntos.

Correio dos Lagos - No dia 7 de agosto de 2020 completaram 14 anos da Lei Maria da Penha, criada em 2006 para tentar combater a violência contra a mulher e quem explica mais sobre essa lei e a destinação do mês de agosto à prevenção da violência é a secretária Samara.

Secretária Samara Zanoni Dutra - O "Agosto Lilás" surgiu devido a Lei Maria da Penha. Para entender melhor sobre a lei, vou relatar, brevemente, a história de quem foi Maria da Penha. Era uma mulher farmacêutica, casada com um professor universitário que sofria agressões, ficou paraplégica com um tiro, foi eletrocutada e ficou quatro meses hospitalizada. Ao sair do hospital, mesmo paraplégica, começou uma campanha judicial contra o marido, para tentar mostrar que o que havia sofrido era uma agressão contra a mulher. Isso aconteceu no ano de 1983 e somente 2001 o caso foi resolvido e em 2006 a Lei Maria da Penha de número 11.340 /2006 foi criada. A gente observa a distância e o tempo que demorou para serem entendidas as violências contra a mulher. É importante falar que nessa lei são reconhecidos todos os tipos de violência contra a mulher e não é mais permitido que o agressor pague pelo crime com cesta básica, com fiança e sim que ele seja detido, preso. É através desta lei que se define as formas de prevenção, como o distanciamento da mulher, a proibição de se manter contato com a mulher e com a família, e isso traz garantias de direito, assistência e formas de defender a mulher. Através desta lei estamos fazendo uma campanha onde previne essa violência, porém vale ressaltar que essa batalha não é só no mês de agosto, mas ano após ano que abordamos o tema na Política de Assistência Social e da Saúde que nos auxilia e em todos os outros meios. Essa lei ampara todas as ações realizadas por nossos profissionais.

Correio dos Lagos - Quais os casos de violência contra mulher que mais acontecem no município de Anita Garibaldi?

Assistente social, Ana Carolina Oliveira - Os casos que mais acontecem são as violências psicológicas. As mulheres sofrem pressão, se sentem obrigadas a ficar com o parceiro por determinadas frases, como exemplo: - se você não ficar comigo eu te mato -, entre outras frases que intimidam a mulher psicologicamente. Mas temos outras violências, como a física e a sexual. Temos em média três casos por mês registrados através de denúncias. É um número alto, porém esses são os casos que temos conhecimento, mas calculamos um número bem maior que acabamos não tendo conhecimento, pois ainda enfrentamos situações de mulheres que não fazem denúncias.

Correio dos Lagos - Como identificar se a relação é de amor ou de abuso?

Psicóloga Anna Sara Menegazzo - Muitas vezes as mulheres acabam sofrendo tipos de violências na vida cotidiana e acham que isso é normal. Vou apresentar alguns exemplos que a mulher pode passar a prestar atenção e identificar: Se o agressor te põe pra baixo, trai, te culpa com frequência, te isola de ver amigos e parentes, quer controlar a vida financeira ou a vida cotidiana, passa a humilhar, constranger na frente de pessoas, tudo isso é considerada uma relação de abuso.

Correio dos Lagos - Por que as mulheres ainda continuam com essa relação de abuso?

Psicóloga Anna Sara - Em muitos casos elas não têm apoio de amigos, da família e muitas ainda tem medo de abandonar o relacionamento pensando no que as pessoas vão falar. Tem a situação de que o parceiro não é violento o tempo todo, promete que vai mudar e a parceira acaba criando expectativas e continua, mas a violência continua também e a causa principal é o medo. Quando a gente fala de violência contra a mulher a gente não fala somente da violência física e psicológica, mas também da financeira, sexual e patrimonial e ela deve ficar atenta, pois muitas vezes o parceiro quer controlar, humilhar, quer fazer com que a mulher ache que está ficando louca, quer controlar o dinheiro e até mesmo expor a vida íntima.

Correio dos Lagos - Quais ações são realizadas no município para tentar combater a violência contra a mulher em Anita Garibaldi?

Assistente social, Ana Carolina - A primeira ação quando a gente recebe uma mulher vítima de violência é o acolhimento. Acolhemos, escutamos, deixamos a mulher se sentir a vontade para nos contar o que está acontecendo. É trazer essa mulher pra perto e passar confiança. Acredito que essa é a forma que todos os órgãos deveriam fazer, pois ela já chegou até nós sendo vítima de uma violência e precisamos ter o cuidado para abordar e conseguir tirar dela as informações que a gente precisa. Temos o CRAS que faz o trabalho de prevenção, temos o PAIF e o SCFV que também abordam bastante esse assunto, pois muitas crianças já trazem essa bagagem da violência vista em casa e trabalhamos para tirar das crianças essa ideia de violência. Com as mulheres do PAIF também é feito um trabalho de orientar e mostrar o que é saudável em uma relação. Temos a equipe da gestão e trabalhamos com a média e alta complexidade, nós trabalhamos com as relações rompidas, o CRAS trabalha a prevenção e nós entramos quando o direito já foi violado, quando já ocorreu a violência. Nosso trabalho é acolher, encaminhar e orientar.

Correio dos Lagos - Quais os profissionais da Assistência Social que trabalham diretamente com a violência contra a mulher?

Secretária Samara - Primeiramente tínhamos somente o profissional de Serviço Social, e agora temos uma equipe técnica formada por assistente social e psicóloga. Muitas denúncias vêm pra nós, outras para a Polícia Militar, Polícia Civil, Conselho Tutelar, Unidade Básica de Saúde que são nossos parceiros, e hoje posso dizer que os profissionais que estão atuando junto as mulheres é a equipe técnica da Secretaria de Assistência Social, sendo este um trabalho fundamental para garantir o direito dessas mulheres de voltar para suas casas e de estar com os filhos, e contamos com a parceria de todos os outros profissionais. Temos uma importante parceria com um escritório de advocacia do município que presta assessoria jurídica para auxiliar essas mulheres. Importante frisar que todas as denúncias que chegam até nós mantemos o sigilo, e as mulheres podem ficar tranquilas. Temos uma importante parceria da equipe do CRAS, é um trabalho que todos temos que fazer, que é a prevenção da violência contra a mulher. Estamos aqui para atender vocês, sem pré-julgamentos e acolher com muito carinho e atenção.

Correio dos Lagos - Quais os canais de denúncia?

Assistente social, Ana Carolina - Nesse período de pandemia as mulheres se veem muito dentro da casa com o agressor, se já existia violência, agora mais ainda e é importante que elas saibam que existem formas de denúncia e também que qualquer pessoa pode ajudar denunciando. Se você viu algo errado, uma alteração de voz, discussão... denuncie. Temos o 180, o Disque 100, o 190 da Polícia Militar e nessa parceria temos o telefone celular de plantão 49 98859-9299 que fica direto com os policiais, a secretaria 49 35430039 e 35431238 e em qualquer um desses telefones prestaremos atendimento.

Correio dos Lagos - O que significa a Campanha X vermelho na mão?

Assistente social, Ana Carolina - Essa campanha nacional foi criada para auxiliar as mulheres vítimas de violência para pedirem ajuda nas farmácias. Se a mulher está passando por algum tipo de violência, está junto ao agressor e não consegue denunciar, elas podem fazer um X vermelho na palma da mão com caneta, batom, esmalte... e mostrar para o atendente de farmácia, que este já saberá como agir e buscar ajuda.

"Lugar de mulher é onde ela quiser, com quem quiser e como ela quiser. Se você mulher está passando por alguma situação assim, procure uma forma de se comunicar para que isso não acabe em consequências maiores."


Moisés: 'Quando os catarinenses se unem, qualquer obstáculo pode ser superado' Anterior

Moisés: 'Quando os catarinenses se unem, qualquer obstáculo pode ser superado'

Pavimentação em fase de conclusão Próximo

Pavimentação em fase de conclusão

Deixe seu comentário