Intensificados os preparativos para a Cavalgada da Região dos Lagos
Anita Garibaldi sofre com a maior enchente de sua história
Na edição anterior do Jornal Correio dos Lagos, questionamos com relação ao município estar ou não preparado para um episódio como o assistido na sexta-feira, e o que pudemos observar é que muito pouco pode-se fazer com relação a tanta chuva.
Posto de saúde municipal teve todas as salas alagadas, segundo a secretária de saúde Bernadete Gehrke. "As perdas foram grandes. Foram documentos, materiais de consumo, computadores, sorte que os motores dos equipamentos não foram atingidos". No sábado a equipe de saúde trabalhou o dia todo para retirar a lama que se acumulou. O atendimento ficou suspenso na segunda-feira e as emergências foram atendidas no Hospital Frei Rogério. O local mais atingido foi a Escola José Borges da Silva, que teve todas as salas de aula danificadas, enquanto na biblioteca livros foram molhados e a sala de informática que foi inaugurada recentemente teve todos os computadores danificados, sem contar os utensílios de cozinha, alimentos e tudo mais que ficou debaixo da água. O corpo de bombeiros passou a manhã de segunda-feira ajudando na limpeza das salas de aulas. Depoimentos de quem sentiu na pele a fúria das águas Cleonice Maria da Silva teve a casa totalmente alagada, ela mora há 48 anos ao lado do Lajeado. "Não lembro ao certo que hora que o lajeado começou a subir, mas nunca na minha vida tinha visto igual. Agradeço aos vizinhos que nos ajudaram naquele momento e peço para as pessoas terem consciência e não jogar lixo no lajeado". No sábado pela manhã a casa de Cleonice estava tomada pela lama. Auri Pedro Grunitsky, O proprietário do Mercado Pacheco, Ademir de Almeida Pacheco, foi um dos mais prejudicados com a chuva, ele ainda calcula os prejuízos que ultrapassam os 40 mil reais. "Foram 250 fardos de alimentos jogados fora. Perdi todo o meu estoque. Tudo foi enterrado. Agradeço os vizinhos que nos ajudaram e peço mais organização do poder público municipal que não deu a assistência que foi preciso". Ademir além de todo o estoque teve a camioneta F1000 danificada pela chuva. O morador Lindiomar Marque Bitencourt viu os dois carros ficarem debaixo da água. "Foi por volta das 9h30 a água subiu alagando tudo. Em menos de 15 minutos os dois automóveis ficaram embaixo da água. Dentro de casa molhou tudo, os móveis acabaram". Raquel Sutil de Souza teve a casa totalmente alagada. "Quando vimos que a água começou a subir, fomos tirando o que pudemos. Os vizinhos ajudaram a retirar os eletrodomésticos da casa que ficou alagada. A perda foi grande, nunca tinha visto uma coisa dessas, dentro de casa ficou tudo boiando". Raquel agradeceu a todos os amigos e vizinhos que ajudaram nesse momento difícil. Em sua casa a água alcançou aproximadamente 1 metro de altura. Foi preciso muita água para tirar toda a lama que ficou no outro dia. Muitas das madeiras da fábrica de carrocerias de Angelim Ferrari foram embora com a chuva. "Os barracões ficaram alagados, os motores das máquinas ficaram danificados, estamos calculando os prejuízos. Tenho minha empresa aqui há mais de 20 anos e nunca tinha visto nada igual". O vereador Judemar Forest também teve sua oficina e parte da casa afetada pela chuva. "A água levou tudo da oficina, foram máquinas, chaves. Estamos calculando as perdas da oficina". Em casa a água não causou estragos e a família foi retirada. No sábado foi possível ver no meio do Estádio Municipal que fica próximo da oficina de Judemar e que também sofreu com a enxurrada a geladeira que foi arrancada de dentro da oficina e só parou na tela do campo de futebol.
Na edição anterior do Jornal Correio dos Lagos, questionamos com relação ao município estar ou não preparado para um episódio como o assistido na sexta-feira, e o que pudemos observar é que muito pouco pode-se fazer com relação a tanta chuva.
Foram aproximadamente sete horas de chuvas, reunindo 151,2 milímetros de água, de acordo com Ednaldo Francisco da Silva responsável por medir o nível de chuva que cai no município e repassar as informações diariamente para a Epagri de Florianópolis.
A chuva iniciou às 17h30 de sexta-feira e deixou um rastro de destruição, prejuízos para o poder público e privado e muita lama a ser retirada das casas, estabelecimentos comerciais e públicos.
O grande causador da enxurrada foi o riacho Lajeado dos Antunes que corta o município. Ele não suportou a quantidade de água e acabou transbordando, causando o prejuízo em muitas casas, supermercados, posto de saúde municipal, escola municipal e comércios. O nível do lageado subiu em torno de 3 metros.
Já o alagamento no centro da cidade deu-se devido ao escoamento da água, onde a tubulação existente não suportou a grande quantidade de chuva.
Num total foram aproximadamente 80 famílias afetadas segundo o Corpo de Bombeiros do município, que trabalhou durante toda a madrugada dando assistências às famílias afetadas.
Oito famílias que moram próximo a Gruta Nossa Senhora de Lourdes ficaram ilhadas devido a queda de uma ponte.
No sábado o cenário era de desolação e destruição. Baldes, mangueiras, vassouras era o instrumento de trabalho de muitas pessoas que tiveram suas casas invadidas pela água e lama. Ainda no sábado o poder público municipal realizou uma reunião com representantes dos Bombeiros, SDR Lages onde foi acionado a Defesa Civil do Estado e a convocação da equipe de trabalho da prefeitura para a realização da limpeza e reconstrução dos prejuízos causados. Uma equipe da prefeitura também percorreu o interior do município para avaliar a situação, mas o grande problema foi no perímetro urbano.
De acordo com o prefeito Roberto Marin a prefeitura realizou os atendimentos necessários como a disponibilização de máquinas, caçambas e a derrubada do muro do Estádio municipal ainda na noite de sexta-feira para o escoamento da água que felizmente evitou vítimas. O trabalho efetivo dos bombeiros foi muito importante na orientação das pessoas para que saíssem de suas casas e no atendimento à população. No sábado a equipe da prefeitura esteve engajada na limpeza da cidade e nos pontos mais críticos como a escola José Borges e o Posto de Saúde para então começar os levantamentos dos prejuízos e buscar os recursos necessários junto aos Governos Federal e Estadual para a recuperação das estradas do interior que foram castigadas, do calçamento e desassoriar o rio, realizar sua limpeza, mas aí precisa da colaboração efetiva da população na sua manutenção, não jogando pneus, geladeira, sofás, cobertas, é preciso a participação da comunidade na preservação.
Questionado com relação a Defesa Civil o prefeito nos passou, que a Defesa Civil existe e tem como responsável, Carlos Zanotto, mas como quase não acontece nada relacionado, relembrando que a última enchente aconteceu em 1983 há mais de 20 anos, ela não mantem um trabalho efetivo pela falta de uso, mas ela existe e através de uma reunião realizada com o Corpo de Bombeiros na segunda-feira será disponibilizado material como lona, capa de chuva, luvas e colocar um quadro de funcionários à disposição para que se caso ocorrer mais alguma tragédia estejam preparados para atender mais rápido as necessidades da população.
A Escola José Borges da Silva foi a mais castigada, ficando com as salas de aula totalmente alagadas, tendo perda de livros da biblioteca, sala de informática com 25 computadores, eletrodomésticos, móveis, mas mesmo assim será mantido o calendário escolar, a preocupação maior é com relação às estradas para o transporte escolar, mas o início do ano letivo está marcado para o dia 7 de fevereiro e não sofrerá alterações.
"Essa quantidade de chuva nunca tinha acontecido, mas a prefeitura está tomando as devidas providências e será realizado a limpeza dos rios que cortam a cidade, mas precisamos da colaboração da população para manutenção dos rios, não jogando lixo", frizou o prefeito.
Na segunda-feira foi realizada a limpeza de uma galeria no centro da cidade e foi realmente visto que a conscientização das pessoas com relação ao meio ambiente precisa melhorar. Foi retirado muito entulho, lixo e o que mais chamou a atenção foi a quantidade de xaxim que trancava a passagem da água, vale lembrar que essa espécie de planta está em extinção.
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