Lages recebe nesta semana mais uma edição do Programa Alesc Itinerante
Calor intenso é mais um desafio para gerenciamento do sistema elétrico
O calor muito acima da média registrado nos últimos dias fez o
consumo de energia crescer em todas as regiões do Estado, e o crescimento do consumo exige maior disponibilidade de energia. A Celesc
está atenta a esse movimento, mantendo controle permanente do sistema de alta, média e baixa tensão.
Na área de área de concessão da Empresa, onde
são atendidas quase 2,6 milhões de unidades consumidoras, foram registrados recordes de demanda máxima na semana passada, ou
seja, o momento em que mais se exigiu energia disponível para atender o volume do consumo. No dia 21, às 15h30, a demanda chegou a 4.358
MW e no dia seguinte, 22, esse recorde foi batido novamente às 14h30, com demanda máxima de 4.596 MW.
O último recorde havia sido de 4.132 MW em 21 de fevereiro de 2013.
Com isso, a demanda máxima por energia apresentou variação de 11,25%. Nos últimos cinco anos, a média de
crescimento estava na casa dos 4 a 5%. Neste ano, somente na região da Grande Florianópolis, essa variação na demanda
chegou 18,06% e na região de Jaraguá do Sul subiu 16,05% (veja quadro abaixo).
Em todo o País, de acordo com dados da PUC/RJ, a principal causa dos
grandes picos de demanda é o uso intensivo de refrigeração, especialmente nas primeiras horas da tarde com altas temperaturas. Os
cálculos da PUC/RJ apontam que 80% do consumo do setor de comércio está dirigido para suprir os sistemas de ar condicionado. Em
dias mais amenos, o pico continua sendo no horário historicamente tradicional.
Em Santa Catarina, a demanda deve permanecer alta até o final da
primeira semana de fevereiro com a previsão de uma nova onda de calor e temperaturas passando rapidamente dos 30°C no final das
manhãs e se aproximando dos 40°C à tarde, especialmente no Litoral e Vale do Itajaí, regiões em que a
sensação de calor pode alcançar 50ºC.
Especialistas apontam que para promover a climatização correta
e manter o conforto ambiental, a temperatura deve ser mantida em 24ºC, o que permite uma umidade relativa do ar em torno 55%, mais adequada para
preservar a saúde.
Demanda e geografia
Além da questão das temperaturas extremas (calor ou frio), a
demanda crescente e as condições geográficas do território catarinense são os grandes fatores que influenciam
o gerenciamento do sistema elétrico no Estado.
Combase nos indicadores de duração (DEC) e frequência
(FEC) das ocorrências no sistema elétrico na área de concessão da Celesc, três áreas demandam maior
preocupação e necessitam de obras prioritárias: o Planalto Norte e a região continental da Grande Florianópolis
onde nos últimos anos, por questões sociais e econômicas, os índices de crescimento de mercado têm sido bem
superiores à média do mercado catarinense, além do Alto Vale do Itajaí, onde o problema principal são os
reflorestamentos.
Planalto Norte – Nos últimos anos, com o
crescimento da economia local, devido principalmente ao incremento do agronegócio, o sistema elétrico da região passou a ser
insuficiente para garantir o atendimento adequado à demanda.
Na região, a Celesc está realizando obras que somam
investimentos de R$36 milhões e que devem estar finalizadas até dezembro de 2014. O pacote de obras inclui a construção de
duas novas subestações, nova linha de transmissão e novos alimentadores, promovendo efetivo reforço ao sistema
elétrico da região.
Neste mês de janeiro foi retomada a execução da obra da
linha de transmissão de 138.000V entre os municípios de Canoinhas e Papanduva, suspensa desde fevereiro de 2013 por questões
ambientais, e foi iniciada a construção de nova subestação do sistema de alta tensão. Atualmente, estão
sendo realizados os serviços de terraplanagem do terreno para posterior início das obras civis.
A linha de transmissão já tem 55% de suas estruturas
implantadas e tem previsão de conclusão para junho/14. A subestação deverá ficar pronta até o próximo
mês de setembro. Os dois empreendimentos somam R$ 30 milhões.
Também foi definido no segundo semestre do ano passado visando
atendimento aos municípios de Irineópolis, Bela Vista do Toldo e Porto União, implantação de uma nova
subestação de 34,5kV entre os municípios de Canoinhas e Irineópolis. A meta da Celesc é concluir o projeto,
adquirir o terreno, lançar o processo de licitação e assinar o contrato ainda no primeiro trimestre de 2014. A estimativa para
conclusão da obra é de seis meses após a assinatura do contrato, com investimento aproximado de R$ 6 milhões.
Região continental da Grande Florianópolis
– A região é atendida, atualmente, por duas subestações: a SE Roçado (69.000 Volts), em
São José, a SE Palhoça (138.000 Volts), em Palhoça. Para atender o crescimento da demanda na região
continental, a Celesc precisa concluir a construção de nova subestação de alta tensão (138.000 Volts), localizada
no bairro Sertão do Maruim, também São José.
A nova Subestação é essencial para atender à
alta demanda de energia dos municípios de São José, São Pedro de Alcântara e Palhoça, que apresentaram um
crescimento acelerado nos últimos anos. As duas subestações atuais (a de Roçado e a de Palhoça), assim como os
Alimentadores conectados às duas subestações, operam acima do limite técnico adequado (com carregamento de 75%).
Com a finalização da obra, será possível suprir
a demanda para os próximos vinte anos, além de aumentar a confiabilidade do sistema e melhorar a qualidade de vida da
população. O empreendimento inclui a construção de linha de transmissão, com extensão de 6,5km, entre ruas
dos municípios de São José e Palhoça, que conectará a nova subestação da Celesc à
Subestação Palhoça, pertencente ao sistema Eletrosul.
Os investimentos para a construção da SE e da nova LT somam R$
10 milhões.As obras já foram iniciadas, mas no momento estão embargadas pelas prefeituras de Palhoça e São
José, devido à passagem de trecho da LT em área urbana.
Alto Vale — Outra região problemática para a Empresa é a região do Alto Vale catarinense. Lá, a
grande causa das ocorrências está associada a dois fatores: intempéries (é uma região muito susceptível a
chuvas fortes, alagamentos e enchentes) e a presença de grandes áreas de reflorestamento.
Na última década, no Alto Vale, os reflorestadores passaram a
preferir a plantação de eucalipto ao pinus. O eucalipto, em apenas dois anos, atinge altura suficiente para atingir a rede de alta
tensão. O momento ideal para o corte se dá quando as árvores estão com 40 metros.
Nessa condição, a faixa de segurança para o sistema
elétrico somaria 80 metros de largura, 40 metros para cada lado da rede. Além disso, a maioria das áreas de reflorestamento no
Alto Vale (cerca de 90%) possuem menos de 50 hectares e não têm regulação específica, ou seja, não há
controle sobre o plantio.
No Verão, o eucalipto descasca. A casca solta, voa com a força
dos ventos e alcança facilmente a rede elétrica. Dados da Celesc dão conta que 90% das ocorrências no sistema devem-se a
essa causa.
Outro detalhe do processo: existem, na região, cerca de 13.000
propriedades que produzem fumo. A característica predominante é que essas áreas são divididas em três atividades: a
área para lavoura do fumo, a área para criação de gado (que gera produção de carne, leite) e o plantio de
árvores para lenha que aquece as estufas.
As árvores são plantadas justamente próximo às
cercas das propriedades, lindeiras às estradas, onde está situada a rede elétrica. A localização das árvores
se deve à facilidade do acesso ao transporte na retirada para corte ou comércio e se configura em mais um risco para o sistema
elétrico.
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