No perene debate entre a ciência e a religião, algo que costuma irritar os cientistas, ao menos que se consideram ateus, é a insistência dos que tem fé em acreditar numa realidade paralela, inacessível à razão. Vejamos isso num diálogo fictício entre um cientista ateu e uma pessoa de fé bem versada nos avanços da ciência.
Cientista: “Uma causa sobrenatural não faz sentido: se for sobrenatural, isto é, além dos limites do espaço e do tempo, das leis da natureza, do material, como podemos saber da sua existência?
Afinal, o que existe tem de ser detectado. Caso contrário, essa existência é uma fabricação, uma fantasia. Pior ainda, se essa causa se manifestar naturalmente, através de uma ‘visão’ ou de um fenômeno qualquer, vira uma causa natural, que pode ser estudada pelos métodos da ciência. Ou seja, se algum deus existe, é impossível saber da sua existência de forma concreta. E não existe outra forma de saber”.
Pessoa de fé: “ A coisa não é assim tão simples, preto ou branco, existe ou não existe.
Entendo que, dentro do método científico, algo precisa ser detectável para que se comprove que é real. Ninguém sabia da existência de Urano até sua detecção por William Herschel em 1781. Mas, antes da detecção, Urano existia ou não? Claro que sim, mesmo que não soubéssemos disso. A ciência não pode determinar com firmeza o que não existe, apenas o que existe”.
Cientista: “Mas você não pode, não deveria, comparar Deus a um objeto celeste. Pelo que entendo, sua existência não passa pelas leis da natureza. Se passasse, Deus seria um fenômeno natural e deixaria de ser essa transcendência de que vocês tanto gostam e que ajuda a crença. Se Deus se ‘esconde’ numa realidade paralela, jamais fará parte do cânone da ciência”.
Pessoa de fé: “Sem dúvida, Deus jamais,fará parte do cânone da ciência. Esse é o seu problema, tudo tem que fazer parte desse cânone. E eu já não penso assim.
Existem coisas que estão além da ciência, coisas que a ciência não tem como e nem deveria tentar explicar.
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