Administração municipal cancela a 1ª Expo Anita e 8ª Festa do Migrante
CNDL: 50% dos empreendedores abrem empresas sem experiência
Para o presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Júnior, estudo demonstra determinação dos novos empresários
Eles são persistentes, demonstram ter confiança em si mesmos, têm paixão pelo que fazem, não têm medo de ousar e avaliam que contam com boa experiência de mercado. A conclusão é de um estudo inédito realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), que traça o perfil do empreendedor do setor de prestação de serviços, identificando práticas de gestão, dificuldades e perspectivas de investimento.
Movidos principalmente pelo sentimento de que possuem aptidão para o negócio, quase a metade (48%) dos empreendedores entrevistados iniciou a vida profissional no segmento de serviços sem ter tido qualquer experiência prévia no setor. Outros 29% já haviam trabalhado em alguma empresa do segmento e 20% começaram o negócio por influência familiar.
Na avaliação de Roque Pellizzaro Junior, presidente da CNDL, o resultado revelado pelo estudo “demonstra a determinação e o destemor de quem entra na área sem medo de encarar o desconhecido, tanto que 79% desses empreendedores não contaram com o apoio de linhas de financiamento para o capital de giro e acabaram utilizando dinheiro do próprio bolso para abrir a empresa”.
Além de revelar o perfil persistente desses empreendedores, a pesquisa mostra que ter experiência de mercado é um diferencial. Seis em cada dez (60%) prestadores de serviços entrevistados se consideram profissionais plenamente capacitados para exercer a função e dentre eles, 40% atribuem à experiência de mercado como a principal razão. Entre os entrevistados, 72% estudaram no máximo até o Ensino Médio. Vale destacar que apesar de boa parte dos entrevistados terem empreendido sem qualquer experiência anterior, 76% deles já possuem pelo menos mais de três anos de expertise no segmento.
“Para o empresário, a bagagem acumulada com os anos de negócio é o seu principal trunfo para se estabelecer no mercado. Por isso que ele tende a valorizar muito mais o dia a dia da profissão do que cursos e a capacitação formal”, explica Pellizzaro Junior.
Os atributos que os empreendedores consideram essenciais para o sucesso profissional são autoconfiança, em primeiro lugar com 64%, paixão com 21% e ousadia com 14%. Um exemplo que reforça a autoconfiança por parte desses empreendedores é o de que 92% deles se consideram empresários de sucesso e a maior parte (56%) relaciona o sucesso à recompensa financeira e ao fato de trabalhar com o que gosta.
Uma das razões que explica o otimismo é que o empresário do setor de serviços tem uma renda média bruta maior do que o restante da população brasileira. Segundo dados apurados pela pesquisa, a renda mensal de um empresário de micro e pequeno porte do setor de serviços é de R$ 4.060,00 – 51,7% a mais do que um trabalhador comum. Já os empreendedores formais têm uma renda que chega a ser de quase 20% a mais que os informais (R$ 4.343,43 contra R$ 3.611,24).
“Com uma média salarial bastante acima dos demais brasileiros, talvez seja compreensível a alegação de que 43% dos empreendedores entrevistados não mudariam de emprego caso surgisse uma oportunidade em alguma área diferente da atual, conforme aponta a pesquisa”, afirma o gerente financeiro do SPC Brasil, Flávio Borges.
O significado de ter um negócio
Quando indagados sobre qual expressão melhor define o fato de terem um empreendimento próprio, 38% responderam que significa ter liberdade e autonomia para fazer as coisas do seu próprio jeito, ao passo que para 24% dos entrevistados, ele é sinônimo de assumir responsabilidades.
E se tratando de compromissos, é grande a parcela dos empreendedores que não conseguem encontrar tempo para descansar. De acordo com a pesquisa, em alguns casos, a jornada de trabalho média diária de um empreendedor de serviços supera a de um trabalhador comum contratado em regime CLT. Dentre o universo de entrevistados, 56% afirmam que trabalham até nove horas por dia e 44% avaliam que trabalham mais de 10 horas – percentual que sobe para 49% entre os formais e cai para 35% entre os informais.
Além de se dedicarem por uma extensa jornada de trabalho, períodos de férias não são garantias para esses empresários. A pesquisa indica que mais da metade (51%) dos pesquisados não tira férias e entre os que conseguem alguns dias de descanso, apenas 3% têm quatro semanas livres, como os trabalhadores assalariados convencionais. Dos que alegam não tirar férias, 40% justificam não ter ninguém de confiança para tocar o negócio em sua ausência e 33% alegam não encontrar tempo para a pausa.
Gestão e perspectivas
A pesquisa também procurou entender como o empreendedor de serviços faz a gestão do seu negócio. Quatro em cada dez (37%) entrevistados admitem não adotar qualquer tipo de gestão financeira, seja para controlar, analisar ou planejar o dinheiro acumulado com o negócio. O índice é ainda maior entre os que se encontram na situação de informalidade e atinge 52% dos casos. Já a prospecção de novos clientes é feita na maior parte das vezes (59%) por meio do famoso boca a boca, ou seja, pela indicação de clientes.
Para 33% dos entrevistados, a maior dificuldade para gerir o negócio é alta carga tributária. O problema é maior ainda para os formalizados (40%) do que para os informais (21%). Na avaliação de Flávio Borges, “apesar de o momento econômico vivido pelo Brasil proporcionar facilidades aos empreendedores, fomentando a criação de novas empresas, principalmente a partir da criação do MEI, o Microempreendedor Individual, a burocracia ainda impõe limites para o desenvolvimento do empresário, de modo geral”.
Embora 42% admitem desconhecer programas de financiamento para pequenas e médias empresas, os empresários se mostram otimistas quanto às perspectivas de investimento no próprio negócio para 2014. A maioria deles (57%) pretende fazer investimentos. O percentual sobe para 64% entre os formais, que detém uma maior capacidade de planejamento e de acesso no mercado, e cai para 48%, dentre os informais.
Entre os que vão investir, a prioridade são as áreas relacionadas à infraestrutura e que tendem a impulsionar o crescimento do negócio como um todo, como, por exemplo, a ampliação e melhoria de instalações (38%) e aquisição de máquinas e equipamentos (32%).
“O fato de eles estarem investindo na ampliação e na melhoria de suas instalações é uma demonstração das boas perspectivas do negócio e na capacidade de ampliar a presença no mercado. Os empresários do setor de serviços combinam ingredientes fundamentais para traçar um cenário otimista para o segmento: confiança em sua própria capacidade empreendedora e boas perspectivas de investimento no curto e médio prazos”, conclui Borges
Deixe seu comentário