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Comida e poder

 Nos anos 70, ao ouvir que o McDonald’s acabara inaugurar sua primeira loja em Tóquio, o linguista nipo-americano S. Hayakawa: “que terrível vingança por Pearl Harbor”. Queria dizer que delicada dieta japonesa sofreria muito mais com a penetração da “junkfood” do que a base americana no Havaí com ataque dos aviões e navios do Japão 1941. Afinal, o bombardeio de Pearl Harbor só durou uma manhã. O do McDnald’s seria para sempre.

O uso de comida ou bebida para fins de dominação é conhecido. Vide a visita do Presidente Richard Nixon à China de Mao Tse-tung, em 1972. Os EUA passaram a vender Pesi-cola aos chineses, e o que aconteceu? Assim que começaram a tomar a gororoba pelo canudinho, os chineses nunca mais quiseram saber da assim que começaram a tomara gororoba pelo canudinho, os chineses nunca mais quiseram saber da Revolução Cultural.
A comida pode ser também uma arma secreta, e não é de hoje. No século 16,os soldados espanhóis no México foram amistosamente recebidos pelos astecas e comeram do bem e do melhor. Em troca, mataram o imperador Montezuma e tomaram conta do pedaço. Mas pagaram caro. A comida dos astecas provocou-lhes uma tal diarreia, que, até hoje, qualquer infecção intestinal em viagem, não importa onde, tornou-se “a vingança de Montezuma”.
Pois, durante os séculos, o Brasil viveu de vender açúcar e café no mercado externo. Leia-se EUA. O fato de a economia nacional depender de produtos tão singelos, feitos para café da manhã ou para a sobremesa, era até simbólico. Significava que não participava do grande banquete internacional.
Bem, as coisas mudaram. Hoje, esse banquete consiste justamente na “junkfood” hambúrguer, batata frita, mostarda, ketcthup, cerveja. Bilhões de pessoas passam a isso todos os dias. E são empresários brasileiros que estão abocanhando, engolindo e tomando esse mercado.
 
Referência:
CASTRO, Ruy. Comida e poder. Folha de S. Paulo. São Paulo, 22/02/2013.
 
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