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Engenharia Florestal: A profissão sob a natureza

A especificação florestal é uma entre as diversas existentes no ramo da engenharia. Engenharia, palavra que tem origem do latim 'ingenium', que significa "produzir ou gerar talento ou qualidade nata". Já a área florestal dispõe várias atribuições aos profissionais.

Neste dia 12 de julho, celebra-se o Dia do Engenheiro Florestal, em resumo, aqueles que aliam teoria e prática diariamente na promoção da exploração sustentável de recursos florestais, que tem na natureza também os seus escritórios e fonte de trabalho.

Três engenheiros jovens e três diferentes meios de atuação dentro da mesma profissão: a Engenharia Florestal.

Gelso Pacheco Neto (32 anos), natural de Esmeralda, atua junto ao poder público, já Maurício Lizote (33 anos), que trabalha há aproximadamente 4 anos em Anita, tem a maior porcentagem de atuação de modo autônomo, enquanto a doutoranda Anieli Cioato de Souza (29 anos), que também trabalha na Região dos Lagos, dedica-se à pesquisa e formação de novos profissionais.

Em cada contexto, diferentes meios de como a Engenharia Florestal tornou-se escolha de profissão. Encantos e desafios, alguns se assemelham, outros não. E para a sociedade, presente e futura, com a dedicação dos profissionais da área, tem a ganhar? Ou ainda: como a sociedade pode contribuir e ir de acordo com a sustentabilidade que a Engenharia Florestal preza?

Essas e outras perguntas, os engenheiros Gelso, Maurício e Anieli responderam em forma de contribuição ao Correio dos Lagos. Acompanhe:


Gelso Pacheco Neto




Filho de Sandra Maria Pacheco da Silva e João Renato da Silva Cunha (In memoriam), Gelso iniciou a graduação de Engenharia Ambiental em 2004 na UDESC-CAV e concluiu na UFSM - Universidade Federal de Santa Maria. Atualmente trabalha na Prefeitura de Pinhal da Serra.


Correio dos Lagos: O que lhe motivou à escolha pelo curso de Engenharia Florestal?

Minha afinidade natural com plantas e também gostava muito das aulas de Biologia no ensino médio ligadas a área correlata a Engenharia Florestal, pois tive a sorte de ter uma excelente professora de Biologia e Química, a qual despertou as minhas habilidades na área florestal.


Correio dos Lagos: Após a graduação prosseguiu estudando?

Fiz mais cursos de atualizações.


Correio dos Lagos: Sobre a Engenharia Florestal. Quais são os encantos dessa profissão e o que ela proporciona de benefícios para a sociedade?

Os encantos são vários, o que encanta mais é o trabalho com os produtores rurais conhecendo assim muitas pessoas boas, histórias e lindas paisagens naturais. Os benefícios para a sociedade são em diversas áreas devido atuação em muitas funções, na síntese manejamos os recursos naturais com uma visão de longo prazo, o problema atual é essa visão de curtíssimo prazo da nossa sociedade de consumo se esquecendo da importância do ambiente que vivemos e seus reflexos na nossa qualidade de vida.


Correio dos Lagos: Dentro do contexto dessa engenharia, quais são os desafios?

Os desafios são as atribuições profissionais do engenheiro florestal e áreas em comum de atuação com outros profissionais, gerando conflitos de competências profissionais.


Correio dos Lagos: Como é exercer a profissão na Prefeitura de Pinhal da Serra?

Exerço o cargo de analista ambiental na área de Licenciamento Ambiental e Florestal. Há poucos engenheiros florestais trabalhando em prefeituras no Estado do Rio Grande do Sul. O engenheiro florestal pode atuar em âmbito municipal no departamento de meio ambiente quanto no trabalho multidisciplinar do planejamento da urbanização, na educação ambiental e também gostaria de salientar sobre outros municípios que tem viveiros florestais e Unidades de Conservação. Engenheiro florestal no município é importante para orientar o gestor e fomentar novas atividades na área ambiental.


Correio dos Lagos: Quais são seus planos profissionais futuros?

Entrar num programa de pós-graduação, no caso almejo o mestrado.



Maurício Lizote CREA-SC 084038-3




Formado desde 2008 em Engenharia Florestal pela UNC (Universidade do Contestado), de Canoinhas - SC, Maurício é sócio proprietário de empresa de assessoria e planejamento florestal e sua experiência já soma quase duas décadas. 


Correio dos Lagos: O que lhe motivou à escolha pelo curso de Engenharia Florestal? 

Atuo na área florestal há mais de 19 anos, iniciei acompanhando e auxiliando meu pai na Colheita Florestal (prestação de serviço no corte, carregamento e transporte de madeira). Foi surgindo o interesse e curiosidade no profissional que atuava neste segmento. E após uma experiência, aos 14 anos, já tinha decidido que essa seria minha profissão, e desde então, nunca cogitei outra profissão.


Correio dos Lagos: Após a graduação prosseguiu estudando?

Sou especialista em GEODÉSIA - Georreferenciamento de Imóveis Rurais, técnico em Transações Imobiliárias, técnico em Segurança do Trabalho, cursei Topografia por Competência no Instituto Federal Catarinense (IFSC) e iniciei o curso de Direito, mas não conclui.


Correio dos Lagos: Sobre a Engenharia Florestal. Quais são os encantos dessa profissão?

A beleza da minha profissão está no dia a dia, nos pequenos detalhes, e principalmente nos resultados obtidos no gerenciamento das pequenas, médias e grandes propriedades e empreendimentos. Com a valorização das questões ambientais, atuamos em diferentes atividades, passamos a englobar desde a tradicional manutenção dos recursos florestais até a gestão ambiental e o licenciamento.

É preciso desmistificar que engenheiro florestal entende só de Pinus e Eucalipto, é um curso muito amplo, tem atuação na parte legislativa/administrativa (Defesas ambientais), manejo florestal, educação ambiental...

Amo o que faço, é um prazer imenso trabalhar com a parte ambiental e florestal. É uma beleza exuberante que às vezes passa despercebida que não damos valor, não sou preservacionista, defendo o uso sustentável dos recursos naturais.


Correio dos Lagos: Dentro do contexto dessa engenharia, quais são os desafios?

Sempre falo que tem três desafios na minha profissão:

1º - projetos, desafio de adaptar a legislação ambiental que está em constantes modificações com a realidade "in loco" sem ter alterações econômicas significativas nas propriedades rurais;

2º - Com relação aos profissionais e capacitação técnica dos mesmos, que aí vem a competitividade, vários profissionais que desempenham a mesma função muitas vezes sem a capacitação e conhecimento devido;

3º - Tratos Silviculturais (Entendimento de reflorestamento).

Vespa da madeira

É um grave problema na região. Como acontece: reflorestamentos que não recebem mais cuidados de poda e desbaste, por motivo da desvalorização do preço da madeira. A árvore então começa a ficar estressada, umas ficam finas, outras quebram, isso começa a atrair a vespa da madeira, que deposita os ovos dentro da madeira e vai matando a árvore. Então há perca econômica e a vespa vai atingindo reflorestamentos próximos. Problema de pequenos produtores, principalmente. Municípios da região estão afetados.


Correio dos Lagos: Em qual empresa ou instituição e em que cargo específico trabalha atualmente?

Sou sócio proprietário da Empresa MEDITER FLORESTAL, Assessoria e Planejamento Florestal. Trabalho com planejamento e organização ambiental de madeireiras na região, licenciamento ambiental, defesas ambientais, elaboração de projetos, tais como: recuperação de área degradada, supressão de vegetação nativa, levantamentos topográficos, avaliação de imóveis rurais, perícias ambientais e a questão dos tratos silviculturais de reflorestamento e combate da vespa de madeira.


Correio dos Lagos: Quais são seus planos profissionais futuros com relação a Anita Garibaldi?

Tenho uma abrangência regional, com escritório em Campos Novos há oito anos e em breve também abrirei escritório em Anita. Pretendo trabalhar também com a educação ambiental de forma mais materializada.


"Viver em um mundo melhor significa viver de acordo com as normas da natureza. Preservá-la não é somente cuidar desta, mas vivê-la".



Anieli Cioato de Souza





Depois do mestrado, neste mês de julho, a engenheira ambiental Anieli defende a tese que lhe dará o título de doutora em Produção Vegetal. A pesquisa lhe atraiu desde o início da graduação, motivando a continuação dos estudos, e atualmente é professora na UNOESC.


Correio dos Lagos: O que lhe motivou à escolha pelo curso de Engenharia Florestal?

Foi por trabalhar no meio da natureza, de algumas vezes você precisar ficar no escritório, porém outras vezes o seu escritório ser no meio das árvores, ouvindo o canto dos pássaros.


Correio dos Lagos: Quando iniciou a graduação e em qual instituição?

Iniciei a graduação em 2006 na Universidade Federal do Pampa, na cidade de São Gabriel- RS. Em 2008 transferi o curso para a Universidade do Estado de Santa Catarina, onde conclui a graduação em Engenharia Florestal no ano de 2011.


Correio dos Lagos: Após a graduação prosseguiu estudando. Quais são essas especializações?

Após a graduação, cursei Mestrado em Engenharia Florestal, concluindo em 2014, na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), e no final deste mês (julho/2018) defendo a minha tese, obtendo o título de Doutora em Produção Vegetal. O doutorado realizei parte na UDESC e parte no Millenium Seed Bank, Kew, na Inglaterra, um dos maiores bancos de sementes do mundo, onde proporcionou um grande avanço nas pesquisas iniciadas aqui no Brasil. Desde quando comecei a graduação a pesquisa me cativava, sempre busquei compreender melhor os processos que ocorriam na natureza, e hoje concluindo o meu doutorado a cada dia tenho novos tópicos para pesquisar, a cada descoberta novas perguntas e assim fazendo ciência.


Correio dos Lagos: Sobre a Engenharia Florestal. Quais são os encantos dessa profissão e o que ela proporciona de benefícios para a sociedade?

A Engenharia Florestal é cativante, trabalhar no meio da natureza é surpreendente, a cada dia uma pequena descoberta, e a compreensão de como funciona o ecossistema, o quão perfeito ele é. Hoje o homem, compreende processos evolutivos que as plantas desenvolveram para a sobrevivência e manutenção das espécies há centenas de anos atrás. Quanto aos benefícios para a sociedade, além da produção de madeira, e outros produtos com valores econômicos oriundos da floresta, um ambiente ecologicamente equilibrado pode ser um dos desafios do engenheiro florestal.


Correio dos Lagos: Dentro do contexto dessa engenharia, quais são os desafios?

A engenharia florestal é um campo de trabalho amplo, onde há diversas áreas de atuação, como por exemplo consultoria e licenciamento ambiental, estudos de impacto ambiental, manejo sustentável de florestas nativas, conservação do meio ambiente, produção de florestas plantadas com alta rentabilidade, beneficiamento da madeira, produção de energia e papel, produção de mudas, melhoramento genético vegetal, dentre outros. Um dos grandes desafios da profissão é que o mercado florestal sofre com a oscilação do mercado interno e externo do preço da madeira, pois a madeira é o produto final que o profissional da Engenharia Florestal oferece, porém há um grande processo envolvido para a obtenção deste produto. Para oferecermos um produto de qualidade, é necessário muito planejamento e conhecimento, pois tratamos de espécies de ciclo longo o que não se admite erros, pois não é possível corrigir no próximo ano e apenas no próximo ciclo, este que pode demorar décadas.


Correio dos Lagos: Em qual empresa ou instituição e em que cargo específico trabalha atualmente?

Atualmente sou professora universitária na Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC), trabalho com pesquisas científicas na área florestal e consultorias florestais e ambientais.


Correio dos Lagos: Quais são seus planos profissionais futuros?

Pretendo continuar na área acadêmica, como professora em universidades, desenvolver mais pesquisas no setor florestal buscando desenvolvimento e conservação das florestas. Continuar prestando assessoria florestal e ambiental aos produtores rurais, auxiliando no desenvolvimento da região, além de fazer o elo entre o conhecimento científico e a comunidade.


Correio dos Lagos: Qual sua ligação com os municípios da Região dos Lagos?

Visito com frequência a região, pois assessoro alguns produtores residentes na Região dos Lagos, auxiliando em Licenciamentos Ambientais Municipais e Estaduais além da adequação e regularização das propriedades rurais aplicando a legislação vigente.


A todos os engenheiros florestais, parabéns pelo nosso dia!


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