Lausina Furtado, filha do pioneiro no tradicionalismo em Santa Catarina, Fulvio Ramos Furtado, é a entrevistada da semana. Lausina é uma das responsáveis pelo sucesso da Cavalgada da Mulher Campobelense.
Correio dos Lagos – Qual é a edição da cavalgada deste ano?
Lausina – É a quinta cavalgada da Mulher Campobelense. Neste ano, integrando a família, agora a gente resolveu abrir para os homens. O nosso estatuto diz que é só para as mulheres, mas resolvemos abrir porque eles reclamavam muito, por isso este ano a cavalgada é para a família.
Correio dos Lagos – Vocês têm um grupo formado?
Lausina - Nós temos a Associação Sócio Cultural de Mulheres Cavalarianas, que é registrada, tem sede própria e apoio da Florestal Gateados, que sempre nos apoiou. O grupo não faz só as cavalgadas, a gente também desenvolve um trabalho social na comunidade.
Correio dos Lagos - Quantas mulheres fazem parte da associação?
Lausina - São mais ou menos 35 associadas, porém sempre contamos com a colaboração de outras mulheres que não são sócias, mas que ajudam muito.
Correio dos Lagos – Como tudo iniciou? Quem eram as responsáveis?
Lausina - Surgiu da ideia de três mulheres que buscavam resgatar a cultura tradicionalista. Começamos pela cavalgada e depois começamos a unir o pessoal com viagens realizadas uma vez ao ano, resgate de danças antigas, serenatas e o próprio tropeirismo que era utilizado pelos antepassados. As iniciantes foram Marineide Matos, Ludmila Pereira de Jesus e eu. Nós três demos início ao grupo.
Correio dos Lagos - Quantas pessoas participaram da primeira cavalgada?
Lausina - Cavalgamos com 94 mulheres, depois foram em torno de setenta e como é dois dias muitas não saem juntas, mas no caminho muitas se integram ao grupo e no final envolve cerca de duzentas a trezentas pessoas. A expectativa deste ano é reunir um número maior de pessoas pelo fato de reunir as famílias.
Correio dos lagos - Quando iniciaram tinham ideia da proporção que a cavalgada ganharia hoje?
Lausina - A gente nunca achou que teríamos um nome a nível de Serra Catarinense. Começamos por uma brincadeira, por um lazer e resgate da cultura e hoje a gente se sente feliz pois além da cavalgada a gente faz outros trabalhos sociais e tem objetivos a serem cumpridos, principalmente com pessoas carentes. Fazer trabalho em escolas, com inclusão e ações em prol do hospital são algumas metas do grupo.
Correio dos Lagos - De onde surgiu a ideia de fazer cavalgadas só para as mulheres?
Lausina - Na verdade Campo Belo é muito pobre na cultura, ele é rico na parte campeira, mas a parte artística para mulher, jovens e crianças é muito fraca. Como sou tradicionalista de berço, optei pelo tradicionalismo que era o que o meu pai mais gostava.
Correio dos Lagos – O que significam as cavalgadas para você?
Lausina - É algo antiestress, um lazer. Conhecemos pessoas de outros municípios e que participam conosco. É um intercambio cultural, pois vamos a outros municípios e eles retribuem as visitas. Nunca saímos para fora do estado, mas já estamos organizando uma cavalgada para o próximo rodeio de Vacaria. Além da união e esse intercâmbio prezamos muito pelo respeito, neste ano como haverá a presença de homens e nada irá mudar, sempre prevalece a amizade e o respeito.
Correio dos Lagos – O grupo já tem outras cavalgadas organizadas?
Lausina - Sim, ainda este ano queremos cavalgar na Coxilha Rica. Estamos organizando a nossa cavalgadinha das mulheres para lá.
Correio dos Lagos - O que mudou da primeira cavalgada para agora?
Lausina - Cada edição que passa a gente escuta que foi a melhor, porque a gente faz uma programação bem boa. Esta edição a gente vai passar por duas fazendas e dois sítios maravilhosos, com coisas de nosso município que o pessoal não conhece. Eu sempre digo que na nossa cavalgada participam mulheres dos oito anos aos oitenta. E a nossa equipe é essencial, é maravilhosa, sem elas nada acontece. Nossa equipe de apoio também é excelente, assim como a equipe de cozinha, são os homens que cozinham e é 100%. O pessoal pega junto.
Correio dos Lagos - As famílias acompanham durante as cavalgadas?
Lausina - Na minha família sim. O filho, a nora, o genro e os netos gostam de me acompanhar e tem outras famílias também. Para mim me sinto realizada por conseguir levar a família inteira.
Correio dos Lagos - E com relação aos pontos visitados, como são as fazendas?
Lausina - Uma das fazendas é muito antiga e são os filhos que tocam. É um lugar onde não mora ninguém. Um lugar para resgate, para relembrar as fazendas antigas é maravilhosa. A cavalgada começa no sábado saindo em direção a Lages, passando pela fazenda da Sra. Zilda Letti, após passaremos na fazenda dos senhores Omar e Paulo Delfes, em seguida conheceremos a fazenda do Sr. Miro Schons, onde pernoitaremos. Durante a cavalgada teremos tertúlia, apresentações artísticas, contação de causos, quadrilhas, baile e cada um vai se organizando.
Correio dos lagos – Algum agradecimento ou convite especial?
Lausina - Agradeço aos patrocinadores, equipes que sem elas não podemos fazer nada, ao grupo de Cavalarianas e os donos das fazendas e sítios que estão nos acolhendo e aos que nos acompanham na nossa cavalgada. Fica o convite para qualquer um que queira participar. Estamos Esperando!
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