Em entrevista exclusiva, o Gestor de Contratos da empresa Triunfo, responsável pela construção da Usina Garibaldi, que está sendo instalada no município de Abdon Batista esclareceu alguns fatores referentes ao incêndio que destruiu parte dos alojamentos da Usina.
Correio dos Lagos - O que aconteceu na madrugada de quinta-feira, 8 de março?
Pedro Leite – Por volta das 3h15 da manhã foi registrado um foco de incêndio próximo ao depósito da lavanderia, dois funcionários que trabalhavam no turno da noite registraram o fogo que foi imediatamente apagado. Após apagar esse, outro foco de grandes proporções surgiu sendo necessário um caminhão pipa da obra para apagar as chamas. Foi aberto um acesso entre os blocos para o caminhão chegar até o local. Com a equipe de Segurança e da Brigada de Incêndio conseguiram controlar esse foco e com a chegada dos bombeiros apagaram por completo. Quando estava controlado o segundo foco foi registrado há 200 metros um terceiro foco de incêndio, os bombeiros e toda a equipe se mobilizaram para lá. Demorou cerca de 1 hora para apagar o incêndio, a situação estava praticamente controlada e nesse momento, o que os bombeiros queriam era impedir que o fogo se alastrasse para outros alojamentos que ficam próximos. Tendo a situação controlada um novo foco de incêndio surgiu e somente por volta das 6h da manhã o fogo foi controlado.
Correio dos Lagos – Como estava a situação quando chegou?
Pedro - A partir do momento que cheguei por volta das 4h40, a gente conseguiu controlar a situação pois até o momento percebíamos que os colaboradores estavam desesperados, desorientados, não sabiam que rumo tomar e o que fazer, muitos colaboradores estavam ajudando a apagar o incêndio e controlar outros focos. O que fizemos foi tentar tirar as pessoas de lá para manter a integridade delas com a ajuda dos bombeiros, polícia militar e civil e ajuda do prefeito de Abdon Batista que nos cedeu o centro comunitário. Conduzimos os colaboradores para lá e começamos a fazer uma triagem com eles levantando dados como de que cidade eram para onde precisavam ir, pois a diretriz que eu recebi da empresa é que naquele momento deveríamos enviar todos para casa, pois eles estavam abalados, muito tristes, percebia-se muita gente chorando. Tentamos e conseguimos controlar duas coisas. Primeiro o controle da situação e segundo a integridade dos colaboradores. Em torno de 80 encarregados, engenheiros, ajudaram na operação.
Correio dos Lagos – Quantas pessoas perderam tudo?
Pedro - Aproximadamente 200 pessoas perderam documentos, roupas e calçados. Eram as pessoas que estavam trabalhando no turno da noite.
Correio dos Lagos - O que foi feito com os colaboradores após o incidente?
Pedro - Imediatamente deslocamos para hotéis e a polícia civil cedeu seu espaço para registrar boletim de ocorrência como a perda de documentação. Realizamos todo o processo burocrático para dar conforto para essas pessoas e imediatamente contratamos em torno de 15 ônibus para direcionar esse pessoal para casa.
Correio dos Lagos – Surgiram boatos de que houve demissões em massa, isso e verdade?
Pedro - Não existem demissões, todos os direitos foram assegurados, eu pessoalmente falei com as pessoas, elas foram encaminhadas para casa tranquilamente e foi combinado que assim que tivéssemos a liberação da perícia policial eles retornariam aos alojamentos como foi o que aconteceu com cerca de 80 pessoas que na sexta-feira já estavam alojadas. Eles continuarão recebendo normalmente o que é de direito de cada um.
Correio dos Lagos – Esses colaboradores são de onde?
Pedro - A empresa tem hoje registrado 1250 colaboradores. A grande maioria cerca de 80% são aqui da região e num raio de 500km. Em torno de 15% dos colaboradores são de outros estados e 2% são do Norte e Nordeste.
Correio dos Lagos - Já tem um prazo para retorno?
Pedro - Hoje almoçaram 575 pessoas aqui com a gente é um número expressivo e é o que a gente esperava. Quando decidimos mandar o pessoal para casa era para tirar o foco daqui, precisávamos dar um conforto para o pessoal e dar tranquilidade para a comunidade local. No sábado esses colaboradores já retornaram de uma forma organizada e controlada para os alojamentos. A obra está trabalhando normalmente, mas está fazendo um retorno controlado.
Correio dos Lagos – Existem motivos para a ação?
Pedro - Os próprios colaboradores indicaram alguns suspeitos, o nome desses suspeitos já está com a polícia e com o Ministério Público, mas eu não sei o porquê isso aconteceu. Eu procuro junto com a equipe conversar com os colaboradores, atender as pessoas. Temos aqui um setor específico que trata o convívio social com duas psicólogas, não tínhamos nenhum registro de que pudesse chegar a uma situação dessa.
Correio dos Lagos - E os salários?
Pedro - Os salários estão em dia, todo o mês estamos antecipando o pagamento. Todas as condições são bem claras no momento da contratação, se as pessoas criam expectativas do que não existem isso não cabe à empresa. Todas as contratações são legalizadas, documentadas e bem explicadas.
Correio dos Lagos – Quanto aos colaboradores que foram embora, acredita que voltarão?
Pedro - Eu acredito que vão retornar, pois no momento eu conversei com muitos que chegaram chorando dizendo que nunca tinham participado de uma situação como essa e o que eles queriam era trabalhar, continuar trabalhando.
Correio dos Lagos – Irão investir mais em segurança?
Pedro - Vamos procurar reconstruir o que já existia como o sistema de monitoramento, iluminação. Estamos estudando um apoio junto à polícia militar, pois entendemos que colocar segurança privada às vezes não é o mais correto. Mas estamos estudando junto ao poder público, polícia militar e a prefeitura um caminho que seja bom para os dois, tanto para funcionários quanto empresa.
Correio dos Lagos – Como está hoje o local do incêndio
Pedro - A empresa assim que teve a liberação da perícia técnica e polícia civil, já iniciou a limpeza e todos os destroços já foram retirados. O prazo de reconstrução é de aproximadamente 30 dias.
Correio dos Lagos - Novos colaboradores serão contratados?
Pedro - O cronograma está em dia e muitas atividades estão antecipadas, vamos chegar a um pico de mão de obra de 1600 pessoas e vamos continuar a contratação dando preferência para as pessoas da região. Essa é a nossa diretriz, principalmente o pessoal de construção civil pesada. Se não encontrarmos mão de obra disponível vamos continuar dando treinamento as pessoas, como fizemos durante o ano que passou, foram ministrados praticamente 700 cursos para as pessoas, isso engloba tanto operadores de equipamentos que temos no canteiro de obras como também através de convênio junto ao Sesi para formação de carpinteiro, pedreiro, soldador. Esses treinamentos são feitos na obra com aulas teóricas e práticas.
De acordo com o gestor a situação foi completamente controlada, a construtora Triunfo procurou proteger a integridade de todos, tanto dos colaboradores quanto das pessoas que vivem em Abdon Batista. “Procuramos atender a cada um dos colaboradores, para poder tranquilizar as pessoas e conseguimos fazer isso. A maior vitória que tivemos é que não teve nenhuma vítima, apesar de toda a ação. Tivemos o apoio do corpo de bombeiros que chegou aqui em 25 minutos após acionado, polícias civil e militar e o prefeito do município que cedeu o centro comunitário.”
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