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Entrevista com Carlos Eduardo Menegazzo Canani

'Ser professor é uma espécie de vocação. A minha foi descoberta de uma maneira nada convencional'

 O PROFESSOR ANITENSE CARLOS EDUARDO MENEGAZZO CANANI tem se destacado graças às conquistas alcançadas com seus alunos. No ano passado, um deles foi para a semifinal da 3ª Olimpíada de Língua Portuguesa, competindo com 7 milhões de produções literárias de escolas de todo Brasil. Este ano, Carlos ajudou o jovem Gabriel Rosa Padilha, de 12 anos, a vencer outros estudantes na disputa para representar Santa Catarina no quadro “Soletrando”, apresentado pelo programa Caldeirão do Huck.

Carlos é formado em Letras pela Universidade do Planalto Catarinense e cursa mestrado em Literatura pela Universidade Federal de Santa Catarina. Em Anita Garibaldi, ele leciona Inglês na Escola Estadual Isidoro Silva. Em Lages, continua orientando Gabriel para que ele vença os representantes dos demais estados brasileiros, levando como prêmio uma bolsa de estudos de R$100 mil. 
Saiba um pouco mais sobre a trajetória desse professor de 23 anos, como ele trabalha e o que pensa sobre a educação.
 
Correio dos Lagos: Professor não é uma das profissões mais desejadas nos dias de hoje, entretanto você resolveu seguir esse caminho profissional. O que o levou a isso?
Carlos: Ser professor é uma espécie de vocação. A minha foi descoberta de uma maneira nada convencional. Meu sonho era fazer Jornalismo, porém como não tive oportunidade de fazer o curso na época em que me formei no Ensino Médio, procurei um curso que se aproximasse da área da Comunicação e, por isso, ingressei no curso de Letras. Pouco tempo depois, com apenas 18 anos já comecei a lecionar e, desde então, não parei mais. Acabei descobrindo, com o passar do tempo, uma grande paixão pelo magistério.
 
Correio dos Lagos: É quase uma regra pensar que professor serve para ensinar, entretanto acredita-se, também, que seu papel na escola pode ser muito maior. Qual é o papel de um professor numa instituição de ensino?
Carlos: O professor precisa ser visto antes de tudo como um facilitador da aprendizagem. Ensinar é apenas consequência de uma série de outras ações como motivar, despertar para o saber, repassar conhecimentos e preparar para o futuro e a vida em sociedade. 
 
Correio dos Lagos: Qual o principal problema enfrentado pela educação e quais são suas causas?
Carlos: Acredito que seja a falta de investimentos e, principalmente, o desinteresse dos alunos, que é ocasionado por um grande número de fatores que perpassa desde a ausência da família no processo de ensino-aprendizagem até o salário dos professores, que é de fato ínfimo. Assim, temos um sistema educacional ultrapassado que necessita de uma reforma urgente, maior incentivo do governo e políticas que permitam o avanço na qualidade de ensino. 
 
Correio dos Lagos: Toda sala de aula tem potenciais destaques entre os alunos. Como professor de português, qual a maneira para despertar o interesse nos estudantes para que se sobressaiam?
Carlos: O professor precisa acreditar no potencial dos seus alunos, por mais que este não esteja latente, pois todos podem render muito mais e ir muito mais longe, basta que recebam o incentivo e o apoio para isso. Por isso, sempre forneço o suporte necessário para que eles participem dessas competições escolares e para que acreditem que podem alcançar êxito nelas, basta se esforçarem para isso.
 
Correio dos Lagos: Como foi a preparação do Gabriel para o “Soletrando”?
Carlos: O Gabriel foi selecionado para representar a escola numa seletiva realizada em novembro do ano passado. Desde então, temos nos dedicado ao estudo da etimologia das palavras, radicais e afixos, além de regras e dicas ortográficas diversas. Quando soubemos da seleção dele para a etapa estadual do concurso, intensificamos essa rotina de estudos, com atenção especial para alguns grupos de palavras específicos e o estudo diretamente no dicionário, que tem sido um companheiro inseparável dele nos últimos tempos. Na última semana, o Gabriel chegou a estudar de 8 a 10 horas por dia, o que contribuiu para que ele conseguisse a vitória na etapa estadual.
 
Correio dos Lagos: E a partir de agora, como será essa preparação?
Carlos: Agora nosso objetivo é intensificar ainda mais a rotina de estudos para que ele possa chegar à etapa nacional com uma bagagem de conhecimento e um repertório de palavras ainda maior. Nesta fase, contaremos com o auxílio de uma fonoaudióloga, para contribuir para uma melhor articulação e soletração das palavras, e de uma psicóloga, para que ele possa ter toda a preparação emocional necessária para sua ida até o programa.
 
Correio dos Lagos: Você já se considera um professor de sucesso perante essas conquistas ao lado de seus alunos?
Carlos: A definição de sucesso é algo muito relativo. O fato é que sempre me cobro muito e, assim como incentivo meus alunos, sempre quero ir muito mais longe. Contudo, essas conquistas recentes vão muito além do que tracei como metas para minha curta carreira no magistério e, por ser tão jovem, me considero de fato um professor de sucesso. O reconhecimento pelo meu trabalho é algo que me deixa imensamente feliz.
 
Correio dos Lagos: Hoje, você já é visto por muitas pessoas como uma referência. Como professor, quais foram as pessoas que mais o influenciaram ou motivaram até hoje?
Carlos: A motivação inicial sempre vem de casa, da família, principalmente de meus pais, que sempre me incentivam e celebram comigo minhas conquistas, e minhas tias que são professoras. Já a minha maior influência durante minha graduação em Letras, foi a professora Danusia, por sua erudição e por sempre querer despertar em seus alunos o melhor que eles têm a oferecer.
 
Correio dos Lagos: Como você vê o futuro da educação no Brasil?
Carlos: Acredito que a educação no país melhorará, receberá mais investimentos e será transformada. Se não acreditasse nisso não teria porque continuar a ser professor. Por isso, espero que possamos, inclusive com o auxílio das tecnologias que estão cada vez mais inseridas no contexto educacional, ter uma educação de qualidade para todas as pessoas, com alunos motivados e família mais presente. Utopia? Talvez, mas é preciso sonhar que este dia chegará.
 
Correio dos Lagos: Por que vale a pena ser professor?
Carlos: Não é pelo salário nem pelo reconhecimento profissional, pois nenhum desses dois fatores compensa. Então, penso que seja por ser a forma mais direta de transformar a realidade que nos cerca, tornando-nos semeadores do saber. Não há alegria maior para um professor do que ver seu aluno construir conhecimentos, chegar mais longe, vencer na vida. Não há alegria maior do que ver a gratidão de um aluno por você ter contribuído para a sua construção enquanto indivíduo, por ter colaborado em seu processo de formação. E tudo isso não há outra profissão que proporcione. É algo que não tem preço.
 
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