Ex-carpinteiro que é pioneiro das rádios comunitárias da região

Carminho Vicente de Amorin, conhecido por Carmo Amorin, tem 44 anos, é natural de Anita Garibaldi, e mora há oito anos em Pinhal da Serra. O Correio dos Lagos teve a honra de conhecer a trajetória desse carpinteiro que realizou o sonho de infância em ser radialista e é, também, pioneiro na fundação das rádios de quase todos os municípios da Região dos Lagos. Nessa semana, no dia 7 de novembro, celebrou-se o Dia do Radialista, e em homenagem a todos os amigos do rádio, convidamos a acompanhar a entrevista que segue.
Correio dos Lagos - Como iniciou o seu trabalho no rádio? Há quanto tempo tornou-se radialista?
Carminho Vicente Amorin - A minha história no rádio se deve a vários fatores. Meu irmão mais velho, o Sebastião, já trabalhava em rádio, na Catarinense de Joaçaba/SC, e em seguida o meu irmão Juvenil começou a trabalhar na Rádio Cultura, de Curitiba/PR. Mas me lembro que o rádio sempre esteve na minha mente, e gostava de ouvir outras emissoras, como as de São Paulo e do Rio de Janeiro, que na época se ouvia muito. Desde criança, eu e o Paulo Pires, que está atualmente na Rádio Explosão, de Campo Belo, brincávamos de narrar futebol. Eu subia numa árvore, pegava um pedacinho de madeira e ficava lá narrando, e o Paulo era o repórter. Daqui a pouco, por muitas pessoas que queriam que fossemos radialistas, começamos a sonhar em rádio, junto a uma turma que queria fazer rádio também. Como não tínhamos condições financeiras e muitas vezes em Anita as pessoas não acreditavam naqueles guris, lembro que numa certa tarde o José Maria Canani, o Juquinha, chegou e falou que tinha conseguido um transmissor de AM, e a gente se empolgou. Digo a gente: eu, Moisés Cirino de Freitas, finado Ari Santos, Sérgio Martins Pinheiro, Paulo Pires, enfim, tantas pessoas que queriam fazer rádio e não tinham condições. O tempo passou e eu trabalhei um bom tempo de carpinteiro e pedreiro e daqui a pouco surgiu uma oportunidade para fazer um piloto na Rádio Clube de Lages. Passei no teste. Isso mudou a minha vida, ali começa a nascer o radialista Carmo Amorin. Lá se vão 23 anos. O sonho do rádio sempre esteve em mim, desde pequeno.
Correio dos Lagos - Em quais rádios já trabalhou?
Carmo Amorin - A única cidade da região que eu não montei rádio comunitária foi em Cerro Negro. Em Lages trabalhei nas rádios: Clube, Princesa AM, Band FM e na Metropole AM em Crissiumal/RS.
Correio dos Lagos - Atualmente como é sua rotina na Rádio Pinhal da Serra FM? E há quanto tempo está nessa rádio?
Carmo Amorin - Acordo todos os dias 6h e venho para emissora para produzir o Jornal da Manhã. Às 7h30 entro no ar com este jornal e fico até as 10h no Conexão da 87. Volto com o Jornal do Meio Dia trazendo notícias, e no final da tarde com o Inform 87. É uma rotina corrida, porque além de fazer os programas jornalísticos, faço também a parte de divulgação e venda em toda a região atrás de apoiadores. Também produzo todos os comerciais da emissora. Estou há oito anos na Pinhal da Serra FM. Essa é a minha casa, tenho orgulho em trabalhar nessa rádio e dizer que represento ela em toda a região. Trabalhamos com uma equipe muito boa e com satisfação atingimos o nosso objetivo junto aos nossos ouvintes.
Correio dos Lagos - O que mais lhe encanta em trabalhar com a comunicação por meio do rádio em nossa região?
Carmo Amorin - Sempre digo que o rádio encanta a todos. Pode até não te dar fortuna, te deixar rico, mas te dá muitas coisas boas, como amigos verdadeiros. Proporciona o dom de levar alegria e encantamento as pessoas. Falar da nossa região é para mim gratificante, eu gosto de trabalhar aqui, tenho orgulho de dizer que faço parte da Região dos Lagos e da Região dos Campos de Cima da Serra.
Correio dos Lagos - A integração dos meios de comunicação convencionais com as novas mídias é cada vez mais necessária. Como você, que há anos está no ramo do rádio, analisa essa questão?
Carmo Amorin - Sou do tempo da cartucheira, onde se gravava comercial na fita. Atualmente o que mais chama a atenção é a velocidade das notícias, principalmente com a internet, que é o meio mais rápido e necessário. Hoje o rádio não vive sem a internet, que proporciona saber as notícias de forma imediata. Por isso essa mídia só vem dar valor para o rádio, tanto em informações quanto na questão do acesso às músicas. A tecnologia ajudou também no desenvolvimento do rádio, certamente.
Correio dos Lagos - Em quem você se inspirou, ou ainda se inspira, no meio da comunicação? O que lhe motivou a acreditar na carreira?
Carmo Amorin - Tenho várias pessoas que lembro de ter como escola de rádio, que me incentivaram. Uma pessoa que sempre admirei muito no rádio, um cidadão de uma voz tranquila: Luiz Zanella Sobrinho. Outro que muito me ensinou e me modelou para o rádio: Argeu Küster, da Rádio Princesa de Lages, também cito meu amigo Arouldo de Souza. Gosto muito de ouvir outras rádios, porque o bom radialista não pode ficar ouvindo só a emissora que ele trabalha. O que motivou a acreditar na carreira foi à vontade de crescer e acreditar que com minha voz eu poderia fazer um bom trabalho.
Correio dos Lagos - Qual conselho você daria para os que sonham em viver da comunicação de rádio? Quais características são importantes para ser um radialista?
Carmo Amorin - Fazer rádio é gostar daquilo que se faz, ter humildade, saber trabalhar em equipe (porque rádio não se faz sozinho), rádio é feito com o coração e a alma, é respirar o dia e a noite, as vezes perder o sono durante a madruga se preocupando com uma transmissão, para que tudo saia da melhor maneira. Viver do rádio é ter vontade, porque financeiramente ele não te oferece grandes lucros, mas dá pra você viver, basta fazer o trabalho com amor, levando alegria aos ouvintes. Quanto às características, a primeira delas é ter uma boa dicção e, claro, gostar do que faz. Você precisa agradar o seu ouvinte. Da mesma forma que tive oportunidade de ser radialista, também oportunizo junto a Rádio Pinhal da Serra a quem tem interesse em fazer rádio.
Correio dos Lagos - Quais suas projeções futuras na área da comunicação?
Carmo Amorin - Recebo propostas para deixar Pinhal da Serra, mas deixo claro que gostaria de ficar aqui por um bom tempo. Na área da comunicação, tenho vontade de voltar a cursar a faculdade de Markentig, que parei, ou talvez fazer outro curso no ramo da comunicação. Hoje eu digo que não sei tudo, mas passo a aqueles que querem ser radialista.
Meu muito obrigado a família que eu tenho, porque muitas vezes somos visita em casa. Agradeço a Deus pelo dom da comunicação que me deu. Agradeço aos colegas da Rádio Pinhal da Serra FM e a todos que nos ouvem diariamente, seja pela rádio ou pelo site: www.pinhaldaserrafm.com.br. E não esqueçam: Quem tem um sonho de ser radialista, vá à luta, nunca desista do seu sonho, siga em frente!
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