De cada dez pessoas que procuram a Assistência Social oito pedem por reforma ou construção de moradia
No início deste ano o Correio dos Lagos noticiou sobre duas famílias que estavam residindo nas instalações do antigo Centro de Educação Infantil do Bairro Borges, em Anita Garibaldi. Passados cinco meses, uma das famílias saiu do local, porém a outra continua, mas por pouco tempo.
O motivo é que, a família composta por cinco integrantes, recebeu um mandado de imissão de posse, o que significa que mediante mandado judicial, o proprietário, que no caso é o município de Anita Garibaldi, visa obter a posse direta do imóvel. É o meio de aquisição de posse a que se tem direito. A data de emissão do mandado é de 22 de junho. Segundo a mãe da família, Maristela Dutra da Silva, eles receberam o mandado no dia 16 de julho e possuem a partir desta data mais quinze dias para se retirarem do local.
No documento há multa de R$200,00 por dia para o caso de novo esbulho, ou seja, desvio de um direito de alguém.
Em conversa com a família, eles explicaram que decidiram vim residir no espaço público por não ter onde morar, como explicou Célio Dutra: “Trabalho por dia e nem todo dia consigo ganhar alguma coisa. O máximo que consigo por mês são uns R$400,00, minhas filhas não recebem Bolsa Família. Então não tenho como pagar um aluguel, por que aí não sobra para as outras coisas, como para a comida”, contou o pai de três filhos com idades entre 04 meses e 10 anos.
A família Dutra está decidida a sair do antigo Centro de Educação Infantil, eles construirão a casa no terreno do padrasto de Maristela, localizado na comunidade rural de Santo Anjo. A Prefeitura Municipal, através da Secretaria de Assistência Social doou a madeira, aberturas e parte elétrica para a futura residência, mas a família precisa de mais ajuda, tanto para a construção da casa, quanto para mobiliá-la. “Boa parte do que estamos usando aqui na antiga creche é da Prefeitura, temos bem pouca coisa”, disse Maristela, que comentou que eles precisam também de roupas.
Segundo o secretário municipal de Assistência Social, Ananias Hubner, a família está recebendo ajuda do poder público de acordo com as condições possíveis. “Não há recurso disponível para doar um terreno e uma casa para a família. A maneira para conseguirmos habitações é através de recursos federais”, disse o secretário que explicou sobre o andamento para a elaboração desses projetos. “Fui atrás dos programas habitacionais e soube que para conseguir recurso é preciso haver um Conselho Municipal de Habitação, então procuramos nos arquivos da Secretaria e localizei um livro de ata, o qual consta que o Conselho foi fundando em 2008 e teve a eleição dos conselheiros em 2009, porém depois disso nada mais foi feito. Já estamos tomando as providências jurídicas para reativar o Conselho e a partir disso retomar os projetos de habitação”, explicou Ananias, que lembrou que as últimas moradias que foram realizadas no município foram em 2008, e então houve a alteração da lei que prevê a obrigatoriedade da existência do Conselho.
“Anita está com um déficit habitacional grande, de cada dez pessoas que procuram a Assistência Social oito pedem por reforma ou construção de moradia, são mais de 200 cadastros”, acrescentou o Hubner.
Sobre as instalações do antigo Centro de Educação Infantil, Ananias informou que atualmente o local está sendo usado para depósito de materiais inutilizados.
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