Chegou a hora em que a maioria dos alunos do último ano do ensino médio preparam-se para prestar o Enem e ingressar em uma instituição de ensino superior.
Com o número crescente de pessoas matriculando-se em instituições de nível superior, a disputa por uma vaga aumentou. Além disso, a cultura de que estudar garante o futuro faz com que os jovens sejam direcionados desde cedo a um projeto de vida no qual passar pela graduação é algo inquestionável.
O governo, cheio de boas intenções, lança incentivos para que os brasileiros tenham o acesso facilitado ao ensino superior. De acordo com dados do Ministério da Educação apresentados em 2012, as instituições federais tiveram um aumento maior de matriculados do que as particulares. Parte desse aumento na rede pública resulta de medidas como a expansão das universidades federais e do alcance das unidades existentes.
O Programa Universidade para Todos (ProUni), criado em 2004, é uma oportunidade para se conseguir bolsas de estudos integrais ou parciais nos cursos de graduação disponibilizados por instituições privadas, as quais aderem ao programa a fim de receber isenção de tributos. Outra saída para facilitar a conclusão da faculdade na rede privada é o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), destinado para financiar os estudos.
Tanto o ProUni quanto o Fies têm o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), cujas inscrições foram abertas no 13 de maio, como uma de suas bases para selecionar candidatos que podem receber os benefícios desses programas. Por isso, anualmente, milhões de estudantes passam pela prova em busca de bonificações para cursar o ensino superior, sem saber ao certo que cenário terão de enfrentar após a formação.
Embora o Enem não esteja alheio a polêmicas, cada vez mais universidades deixam de lado os tradicionais vestibulares para usar a nota dessa prova como critério de seleção. Por isso, algumas escolas, como a Padre Antônio Vieira, de Anita Garibaldi incentivam e desafiam os alunos a se inscreverem, disponibilizando o acesso à internet, para ajudá-los com a inscrição, e a providenciar o transporte até os locais das provas. De acordo com a equipe da escola, a quantidade de estudantes que participam sempre é grande.
Observando a movimentação em Anita Garibaldi, tem-se uma noção do porquê de mais de trezentas mil pessoas já estarem inscritas para o teste nas primeiras três horas do último dia 13, após a abertura do prazo de inscrições
A estudante Mariana Zanotto, que pretende cursar Direito, fez o Enem em 2012 para conhecer mais sobre a prova na prática. Este ano, ela prestará novamente o exame para aumentar suas chances de entrar numa boa universidade. “Vou fazer a prova com o objetivo de conseguir uma boa nota que me ajude a ingressar na faculdade que desejo, seja na federal ou outra instituição, pois o resultado que eu alcançar será importante no vestibular ou no Sistema de Seleção Unificada”, diz Mariana, contando ainda que se prepara para a prova fazendo revisões dos conteúdos vistos em sala de aula nos anos anteriores, além de fazer redações e ficar atenta aos assuntos que estão em alta na mídia.
Para 2013, a estimativa do Ministério da Educação é que mais de 6 milhões de estudantes se candidatem ao exame, o qual acontecerá nos dias 26 e 27 de outubro. Com a grande concorrência, é importante que aqueles que quiserem uma chance estejam bem preparados.
Arriscando na contramão
O estadunidense Dale Stephens, 20 anos, seguiu um caminho não muito comum às pessoas da sua idade, tanto nos Estados Unidos quanto aqui no Brasil. Em 2010, o jovem ficou entre os vinte que receberam US$ 100 mil do fundador do site de pagamentos Paypal para que deixasse a faculdade.
Hoje Dale é empresário e dedica-se a convencer outros jovens a vislumbrar alternativas além da universidade. Em seu site (UnCollege.org) ele aborda temas que auxiliam quem quer estudar por conta própria. Em entrevista à revista Época do dia 8 de abril, ele diz que não há nada de errado em cursar faculdade, porém há razões erradas para se fazer isso. Ele diz que, dos motivos equivocados para ir à faculdade, o pior de todos é ir porque não se sabe o que fazer: “Se você não sabe o que fazer, trate de descobri primeiro. O problema é seguir esse caminho como se as universidades fossem a única opção para quem quer aprender”, disse Stephens.
Desde de 2005, o número de ingressos em instituições federais de ensino superior superando os índices dos anos anteriores com uma diferença cada vez maior, como pode ser visto no gráfico ao lado. De acordo com dados do Ministério da Educação, apresentados no ano passado, o número de universitários no Brasil chegou a 6,7 milhões em 2011, com um aumento 360 mil novas matrículas em relação a 2010. As instituições federais apresentaram 5,2% a mais de novos estudantes quando comparadas às particulares, que somaram um aumento de 4,8%.
A entrada de novos alunos demora no mínimo quatro anos para se refletir no número de estudantes que se formam.
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