Nossos filhos têm de saber que a felicidade não pode estar acima da virtude.
Definitivamente, não estamos preparando nossos filhos para enfrentar a vida. Estamos carregando-os dentro de uma espécie de bolha, impedindo-os de entrar em contato com o mundo real. Estamos superprotegendo nossas crianças, impedindo-as de aprender a voar. Podemos e devemos dar as coordenadas do voo, mas a viagem a ser empreendida é tarefas que elas deverão executar sozinhas. Eu sei que é duro, pois queremos nossos filhos para nós. Projetamos neles tudo aquilo que não fomos e gostaríamos de ter sido, mas esquecemos que eles são personalidades autônomas, não propriedade nossa.
Bolhas estouram, e quem estiver dentro delas poderá se sentir nu ou vulnerável quando as cortinas do palco da vida se abrirem e os atores forem chamados a interagir com a plateia. No Brasil atual, vejo pais que não sabem se impor, filhos excessivamente mimados ou abandonados, excesso de tutela e intromissão por parte do Estado na vida das famílias.
Não devemos nos resignar, mas lutar contra os males que nos assolam. Durante um combate, é estratégico identificar os inimigos, quantificá-los e distingui-los dos demais. Proponho aos pais e educadores as seguintes indagações: quem são esses inimigos? Com que meios nos atacam? Qual estratégia temos para combatê-los? Será o mercado o nosso inimigo? Mas ele (o mercado) existe desde que o homem começou a caminhar ereto e, com seu progressivo aperfeiçoamento, melhoramos, e muito, nossas vidas. Será a burguesia a nossa inimiga? Mas foi graças a ela que nos libertamos do feudalismo opressor. Serão o capitalismo e a propriedade privada os nossos inimigos?
A praga que nos devora hoje é o relativismo moral. Não sabemos mais distinguir o certo do errado. Digamos a nossos filhos que a felicidade não pode estar acima da virtude e que só há um caminho para uma vida que vale a pena ser vivida: o caminho da responsabilidade. Somos nós os protagonistas de nossas vidas, os responsáveis por quase tudo de bom ou ruim que possa nos acometer.
Referência:
MAZZOLA, Juliano Martins. Geração de mimados. Diário Catarinense, Florianópolis, 18 de abril de 2015.
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