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Liberdade versus escravidão
Os procedimentos e rotinas burocráticas provenientes da denominação estatal organizada são utilizadas pelo comando estamental para a continuidade e ampliação do exercício de poder, representando o político “dono do poder” e seu quadro administrativo, a parte identificável do aparato de dominação política do Estado.
Sem generalizar, a compreensão da cultura patrimonialista e sua relação com a corrupção endêmica no Brasil passam pela análise de relação estável entre as forças tecnocráticas e patrimoniais. O domínio do poder político é formado em torno dos interesses corporativos de um grupo específico, organizado a partir de uma estrutura administrativa tradicional, patrimonialista por natureza, responsável pelas escolhas dos sujeitos incluídos e excluídos do gozo dos privilégios políticos, econômicos e sociais oriundos do poder.
O poder político comanda e governa as oportunidades e o acesso às políticas públicas, conduzindo brasileiros à exclusão política, econômica e social.
As distribuições de privilégios positivos e negativos comprova a dimensão do Estado patrimonial, que consolidou ao longo dos séculos das relações públicas, econômicas e sociais, atingindo, evidentemente, as políticas públicas nacionais. Os direitos sociais deixam de ser garantias constitucionais para se transformar em instrumentos de cooptação, de corrupção e da concessão irrestrita de privilégios.
Essa manipulação cria uma rede de dependência na relação entre Estado e viventes, pautada pela subordinação de muitos e o domínio de poder por parte de poucos. Os donos do poder exercem controle sobre uma população escravizada por meio de um pacto (in)formal de fidelidade e de intercâmbio através de uma grande rede destinada à obtenção de favores e benefícios.
Os direitos sociais deixam de ser garantias constitucionais para se transformar em instrumentos de corrupção.
Referência:
NETO, Affonso Ghizzo. Liberdade versus escravidão. Diário Catarinense. Florianópolis, 7 de janeiro de 2013.
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