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Novas tecnologias na produção de uva

A família já produzia uva, tendo os pais e avós como inspiração, Roberto Viecelli trouxe para o município de Anita Garibaldi muitas técnicas utilizadas pela família que reside no interior de Videira e carrega a tradição de produzir uva e vinho com plantações centenárias que continuam produzindo e levando o progresso para a família.
O município anitense, em seu histórico cultural, a uva já fazia parte do cenário dos antepassados e primeiros colonizadores. Roberto vindo de família produtiva e conhecendo o clima e solo favorável da região, além de descobrir que antigamente a cultura já era explorada no município, resolveu investir.
Em 2002 foi criado um programa para cultivo da uva no município, dois anos depois, ele, juntamente com apoio da família iniciava sua cantina, na linha Scarmagniani, hoje a qual fica localizada no centro da cidade, e que recebe a produção de uva dos agricultores do município, e quando a safra é boa, o excedente é encaminhado para outros municípios.
Roberto destaca que sua produção é voltada aos vinhos comuns, com variedade de uva, como a bordô para o vinho tinto e a Niágara para o vinho branco e rosê, porém uma nova variedade está sendo testada e poderá ser inserida no contexto de uvas voltadas a fabricação do vinho, que é a Moscatel Bailey, sendo essa uma variedade pouco conhecida e que Roberto plantou em seu parreiral demonstrativo.
Investindo em novas variedades
Além do aprimoramento das técnicas e tecnologias, as variedades também são estudadas e analisadas por Roberto e a família. Em seu parreiral demonstrativo, Roberto testa novas tecnologias e demonstra para produtores e para quem quiser conhecer o local, de que é possível produzir com qualidade e rentabilidade. "Nosso município está longe das tecnologias avançadas, tem muitas dificuldades de desenvolvimento via acessibilidade, falta de indústrias, mas temos a facilidade de evoluir na fruticultura", comentou Roberto.
Em seu parreiral demonstrativo, o produtor passou a utilizar de uma técnica que vem da infância. "Lembro de minha época de infância de uma técnica utilizada na produção de pêssegos para proteger das moscas, e via essa técnica na casa de um vizinho que eu gostava de ir com meu pai quando íamos levar a santinha e ele desembrulhava os pêssegos de um saquinho de papel e me entregava, aqueles pêssegos eram sempre bonitos, e foi daí que tivemos a ideia de embrulhar as uvas em papel jornal, para proteger dos insetos e passarinhos", comentou Roberto, destacando que utilizou da técnica de enrolar o jornal nos cachos, na nova variedade de uva que está implantando, a Moscatel Bailey, a qual tem um valor elevado a nível de produtor e com uma produção bem rentável.
O que esperar para o futuro na produção de vinho?
"A primeira meta que tínhamos era registrar as marcas e foi um processo lento e prolongado com uma discussão boa com o Ministério da Agricultura, com adequação das instalações dentro das normas, para depois o procedimento ser encaminhado para a licença da vigilância sanitária e registros estadual e federal com todas as normas e procedimentos legais e hoje o último processo que está faltando é a impressão dos rótulos já registrados. É um sonho, concluir esse processo para que possamos trabalhar legalizados e o nosso produto esteja nas prateleiras dos mercados", enfatizou Roberto.
Quanto a produção Roberto destaca que a quantidade produzida de vinho não é muito elevada, mas suficiente para suprir a demanda, sendo que o maior cliente é o turista e alguns representantes. "O turista ou viajante que passa pelo município faz questão de levar o produto daqui. Temos uma produção na média de 40 mil litros por ano", frisou.
O apoio da família é fundamental enfatiza Viecelli. "Aqui dividimos o trabalho. minha filha Luciana é responsável pela Enologia Técnica, o Henrique meu genro, responde pela parte técnica de agronomia e faz parte da sociedade, a minha esposa ajuda na produção do vinho e comercialização.".
Roberto enfatiza a importância do produtor que conta com o apoio da Secretaria de Agricultura, a qual presta apoio técnico e também logístico para a distribuição da uva. "Quero agradecer em especial o apoio importante do ex-secretário da agricultura Carlos Zanotto e Dirceu Dalamico que é o responsável técnico pelo programa da Uva".
A uva tem um valor comercial elevado e rentável. Roberto destaca como exemplo a uva moscatel bailey que cada planta produz em média 10kg, sendo que num hectare de uva tem aproximadamente 2 mil plantas, onde podem produzir 20mil kg, a um valor de 5,00 o kg, o produtor pode ter um montante de R$ 100 mil por hectare, vendendo a fruta in natura.
Um outro exemplo são das uvas comuns a nível de indústria onde o valor gira em torno de R$ 1,60 o kg, tendo uma produtividade normal, pode - se colher até 30 toneladas por hectare, trazendo para o produtor um rentabilidade de R$ 48 mil por hectare da fruta e tendo um custo de manutenção entre R$ 5 a 7 mil por hectare.
Esses exemplos são de uma produção normal, onde a planta não sofra com as intempéries, ao contrário da produção dessa safra que sofre uma queda na visão de Roberto de 80% devido ao grande quantidade de geada e granizo. "Esse prejuízo não foi só na nossa região e sim em todos os três estados do sul do País, e isso não aconteceu somente nas uvas mas acabou prejudicando toda a parte da fruticultura. Precisamos buscar alternativas para conviver com as mudanças do clima", finalizou o produtor.
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