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O Jovem e a mídia

 Um jovem que não quer parar.

A geração digital tem um espírito empreendedor, de falar o que pensa sobre os detalhes  simples do seu cotidiano, mas também faz intervenções maiores,  mais aprofundadas. É uma geração que não quer parar, que fica ligada, que passa horas jogando games, que passa muito tempo editando suas músicas,  seus filmes, envolvidos com prazeres e seus desejos. É uma geração que faz o seu próprio vídeo, que escuta a rádio que quer escutar a  e não somente a rádio  que está ali disponível. 
A grande diferença entre a geração digital e as gerações anteriores está no acesso muito fácil à informação, que não para e deixa o jovem de hoje mais inquieto. Este não tem um foco único: ele faz muitas coisas ao mesmo tempo. Para conduzi-lo e encantá-lo, tem que ser muito bom. Se não for, o jovem não ouvirá e buscará os conteúdos de significação mais importante para ele. Esse jovem só dá valor àquilo que, para ele, tem significado.
Nuances diferenciados – Se no passado as pessoas eram mais calmas, elas também se agitavam em outras questões:  brincavam mais, brincavam muito mais tempo na rua durante o dia. Era diferente dos jovens de hoje, para os quais a noite e a madrugada têm outo sentido. Acabou o tempo em que os pais determinavam aos filhos que estivessem em casa à noite. E quando o jovem está em casa, está naquele mundo virtual , no Facebook, no Twitter, nas redes sociais, também se comunicando, interagindo.
Por outro lado, os especialistas já conseguiram estabelecer um diálogo para jovens que ficam mais de 12 horas direto no computador, como se fosse uma espécie de vício. De qualquer forma, existem dependências de outros hábitos que se estabeleceram na história da humanidade. Então, acredito que esse fator não deve ser motivo para tanto receio, e  a utilização desses equipamentos é inevitável. Claro que não dá para negar os efeitos da dependência. Algumas pessoas vivenciam um processo de isolamento, em que o seu mundo passa a ser exclusivamente o virtual, mas não é o comportamento da maioria. 
Não pertenço à corrente que a afirma haver um grande isolamento por causa disso. A técnica sempre acompanhou o ser humano. Ela pode trazer nuances e movimentos diferenciados, mas sempre acompanhou. Porém essa realidade nos deixa um pouco  tontos, perturbados. Uma forma de interagir mais e melhor com o jovem é se atualizar e se comunicar através de redes sociais, inclusive no que diz respeito à utilização para a construção de conhecimentos, fazendo uma extensão da sala de aula, por exemplo.
Estranhamento com o novo – Compreender a geração digital é uma condição necessária. Mesmo que tenhamos resistência, a partir do momento em que conseguimos reunir elementos para  compreender melhor esse contexto a relação, o processo comunicacional, a aderência com relação ao que se está propondo (conteúdo, dinâmica em sala de aula) podem ser facilitados. E se isso pode nos ajudar, por que não utilizar?
Independentemente de ser mais ou menos digital, de ser mais quieto ou inquieto, ou não respeitar hierarquias, temos que compreender o jovem, porque é a pessoa adulta do amanhã. E, acima de tudo, para além do aspecto digital, o que vale é formar e construir seres humanos com a grandeza  que isso nos permite. E é algo que não depende só da tecnologia. A tecnologia está aí para ajudar. Porém, para além disso, compreender o jovem de hoje significa pensar na sociedade que nós queremos no futuro. E se quisermos menos barbárie e mais educação, mais entendimento entre as pessoas, o exercício da empatia, talvez essas sejam as melhores condições e habilidades que tenhamos que preservar, com ou sem recursos tecnológicos.
A tecnologia facilita a comunicação, mas não determina a vida. As soluções passam por um excelente professor, pela relação do mestre e do aluno, do educador, daquele que extrai do aluno o que ele tem de melhor para ele próprio  se fazer em conhecimento.
 
Referência: 
MACHADO, Neka. O Jovem e a Mídia.  Jornal Mundo Jovem. Porto Alegre, fevereiro de 2014.
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