O processo de alfabetização e as pessoas. Gostar de gente é pré-requisito de todo bom educador. Gente é conflito, contradição e questionamento o tempo todo.
Se você está lendo estas linhas já vivenciou um fenômeno totalmente humano: a aprendizagem da língua escrita. Muitas pessoas e, me causa surpresa, até alguns especialistas em educação consideram a alfabetização algo simples de ser ensinado. Na realidade, alfabetizar crianças, jovens, adultos e idosos exige honestidade científica, diálogo permanente e o gosto de trabalhar com gente.
A honestidade científica impõe para quem alfabetiza a leitura permanente daquilo que se está produzindo em alfabetização e letramento. É impossível ser um bom professor alfabetizador ficando arraigado em práticas curriculares ultrapassadas e não mais adequadas ao aprendiz contemporâneo. O diálogo permanente se revela em atividades em que se desenvolvam a oralidade, a leitura e a escrita dos alfabetizandos , numa perspectiva crítica e atual.
Como se produz um texto na era virtual? Como se alfabetiza os nativos digitais? Como alfabetizar letrando na sociedade da informação? Como se alfabetiza o sujeito em que o lápis ainda é apenas a enxada na mão? Essas são algumas perguntas que nos remetem à reflexão permanente sobre os processos de formação inicial e continuada dos docentes alfabetizadores.
Por último, estou plenamente convencido que alguns educadores têm alergia a gente. Gostar de gente é pré-requisito de todo bom educador. Gente não tem relação com linearidade, harmonia e aceitação. Gente é conflito, contradição e questionamento o tempo todo.
Uma escola de gente ideal não existe. Escola ideal não é feita por seres humanos. Humanos fazem escolas reais. Por isso, um bom alfabetizador sabe que trabalhar com gente é um exercício permanente de aprendizagem e alteridade, na feitura de uma sociedade mais equânime, solidária e inclusiva.
Referência:
FILHO, Lourival José Martins. O processo de alfabetização e as pessoas. Diário Catarinense, Florianópolis, 9 de junho de 2014.
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