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O PROFESSOR E O ENSINO

A desvalorização do magistério começa pela péssima remuneração dos docentes, que sequer lhes permite investir na própria formação.

A desvalorização do magistério começa pela péssima remuneração dos docentes, que sequer lhes permite investir na própria formação.

Pesquisas nacionais e avaliações internacionais não deixam dúvida de que a educação Brasileira vai mal. De acordo com o último relatório do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), o Brasil ocupa a 53ª. posição em 65 países pesquisados pela Organização para a Cooperação de Desenvolvimento Econômico (OCDE).

As aferições internas também não são animadoras. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, indicador que se baseia no desempenho dos alunos em avaliações do Inep e em taxas de aprovação, registra notas vermelhas para os estudantes brasileiros: 4.6 para o Ensino Fundamental 1 (da 1ª. a 5ª. série) e 4.0 no Ensino Fundamental 2 (da 6ª. a 9ª. série). O Ministro da Educação fixou a média 6.0 como meta a ser atingida pelo país até o fim de 2021. Já foi pior, mas os avanços têm sido tão lentos, que o país corre o risco de perder o trem do desenvolvimento por causa da má formação de seus estudantes.

Neste contexto, que pode ser enriquecido por várias outras informações igualmente preocupantes (12% dos alunos repetem a 1ª. série do Fundamental, quase metade dos jovens brasileiros de 19 anos não conseguiu concluir o Ensino Médio), questiona-se no país a competência dos professores para liderar a transformação desejada.

Especialistas atribuem os péssimos índices da educação básica à falta de professores qualificados. E a queda de interesse pelo magistério na inscrição de jovens universitários parece confirmar a interpretação.

Significa que os professores são os culpados pela má qualidade do ensino? Evidente que não. Significa, isto sim, que o país e seus sucessivos governos vêm cometendo um verdadeiro crime contra uma profissão essencial para a preparação de sua juventude.

A desvalorização do magistério começa pela péssima remuneração dos docentes, que sequer lhes permite investir na própria formação. Some-se a isto as dificuldades do ensino na rede pública, a falta de infraestrutura, a desproteção em relação à indisciplina, as turmas excessivamente grandes e tem-se um quadro desalentador.

Nestas condições, não é de admirar que os profissionais da educação se submetam à orientação equivocada dos sindicatos corporativistas, que bloqueiam todas as tentativas de avanços e modernizações, como a avaliação por mérito. Forma-se, assim, um ciclo vicioso: os melhores estudantes rejeitam a carreira do magistério (com exceções, obviamente), os professores saem da faculdade e levam um choque com a realidade das escolas, ganham pouco, não conseguem se aperfeiçoar e são cobrados pela má qualidade do ensino.

Será que as pesquisas poderiam mostrar algo diferente? Se o país quiser realmente evoluir na educação, terá que começar por devolver a decência à docência.

"Se você parar de aprender, logo esquecerá o que sabe".

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