Lages recebe nesta semana mais uma edição do Programa Alesc Itinerante
O relato de quem convive com as dificuldades deixadas pela Pólio
Valdir Alves de Oliveira, mais conhecido por Dile, tinha 13 meses de vida quando foi acometido pela Poliomielite. Após três dias de febre, ele perdeu o movimento das pernas e passou a ter dificuldade de movimentar alguns membros do lado esquerdo do corpo.
Hoje, Dile tem 54 anos e uma trajetória de dificuldades, mas principalmente de superações. Anitense, morador da comunidade de São José, ele participou da Live promovida pelo Rotary Distrito 4740 no último sábado (24), no Dia Mundial de Combate à Poliomielite, através de depoimento relatando sobre como é a sua vida enfrentando a doença desde a infância.
Até os 12 anos de idade, Dile ficou praticamente só em casa. "Minhas pernas eram encolhidas, só conseguia me arrastar. Mas sempre tive o apoio da minha família, meu pai e meus irmãos me pegavam nos braços e me levavam passear para eu me distrair", relata emocionado.
Foi nessa idade que ele passou pelo primeiro procedimento cirúrgico. "Fui fazer uma cirurgia em Lages, foram nove cortes, mas a esperança de que minhas pernas esticassem e os movimentos voltassem, foram em vão. Então os médicos engessavam as pernas para forçar a esticar. Senti muita dor, e quando as dores acalmavam eram esticadas novamente e engessadas. Foram 60 dias até espichar elas. Depois meus pais compraram um aparelho para conservar as pernas alongadas. Quando tinha 25 anos passei por uma cirurgia com um médico espírita que me ajudou bastante", salienta.
Dile não fez fisioterapia e nem usou cadeira de rodas, a partir dos 12 anos começou a usar andador e posteriormente muleta.
O tempo passou e Dile, aos 22 anos, constituiu família, casou, tem três filhos e uma neta. O apoio da família é fundamental: "Toda a minha família sempre me apoiou e me respeitou, isso é muito importante para mim".
O anitense, que é agricultor, relata que a vida é normal, mas com adaptações. "Faço atividades como roçar e carpir, porém tenho que fazer de joelhos. Consigo andar a cavalo e dirigir veículos automáticos ou adaptados. Tudo tenho que triplicar a força, também preciso ter muito cuidado com o chão para manter o equilíbrio", comentou. Perguntado se sente dores, ele lembra o que os pais lhe diziam: "Graças a Deus não sinto dor, meus pais contavam que quando era criança eu tinha dor. Mas sei que futuramente posso sentir, por conta desse esforço maior que tenho que fazer".
Além da agricultura, Dile trabalhou durante 20 anos como músico em uma banda, chegou a tocar bateria e depois passou somente a vocal. Hoje em dia canta em encontros com a família e amigos. No período de 2012 a 2016 foi vereador em Anita.
Dile não foi imunizado contra a Pólio e enfrenta diariamente dificuldades ocasionadas pela doença, por isso faz um apelo aos pais: "Tenham o máximo de cuidado em levar os filhos para receber todas as vacinas. Na minha época não tinha imunização contra a Pólio. Eu vivo, mas o sofrimento faz parte da minha vida. A sociedade precisa se conscientizar o quanto é importante prevenir contra essa triste doença que fez muitas vítimas e ainda ameaça as crianças do mundo", concluiu Dile.
A poliomielite é uma doença altamente infecciosa e afeta principalmente crianças menores de cinco anos de idade. O vírus da pólio, geralmente contraído pela ingestão de água contaminada, ataca o sistema nervoso e pode levar à paralisia. Embora não haja cura, a pólio pode ser prevenida pela vacina.
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