Há 14 anos, neste mesmo espaço, escrevi que o uso de agrotóxicos estava envenenando a população. Hoje, tantos anos passados, o cenário praticamente é o mesmo. Não há fiscalização eficiente na lavoura, tampouco nos centros de venda. Qual é o ponto essencial da questão? Os agrotóxicos, depois de um certo número de dias (cada produto tem seu tempo de carência especificado na embalagem), é eliminado da planta. Depois disso, o resíduo é considerado tolerável pelo organismo humano.
O que acontece é que alguns maus agricultores colhem antes desse tempo para que o produto resista mais ao transporte e à exposição nos postos de venda. Pouco adianta lavar antes de consumir, porque o tóxico permanece na polpa da frutae se o tempo de carência não foi observado. Nos grandes centros de distribuição de frutas e verduras, como no Ceasa de São Paulo, dizem que há fiscalização “por amostragem”, o que é falho. E na lavoura é muito difícil encontrar um agrônomo ou técnico fiscalizando. O Brasil é o maior importador de agrotóxicos do mundo. Os EUA não utilizam tanto quanto nós, pois lá há um controle que não existe aqui. Por que nós estamos condenados a comer veneno?
O câncer produzido pelo agrotóxico surge a longo prazo e é muito frequente no Oeste e em regiões semelhantes do Estado do Rio de Janeiro, como também nas adjacências de Teresópolis. Jean Lederer em seu livro Alimentação e Câncer, fala justamente desse câncera longo prazo, produzido pela utilização de agrotóxicos. Além disso, há ainda a intoxicação aguda a que estão sujeitos os agricultores quando não manuseiam corretamente os agrotóxicos e que também podem ser observadas, muitas vezes, a longo prazo, talvez mal diagnosticadas, sendo atribuídas erroneamente a outros fatores. Conclusão: há um envenenamento progressivo da população que poderia ser evitado.
Referência:
KARAM, Francisco. Os agrotóxicos. Diário Catarinense. Florianópolis, 16 de abril de 2012.
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