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Psicóloga fala sobre a campanha 'Agosto Lilás'
O mês de agosto é intitulado como "Agosto Lilás" por trazer consigo a campanha de enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher. O Agosto Lilás foi instituído por meio da Lei Estadual nº 4.969/2016, a qual tem por objetivo intensificar a divulgação da Lei Maria da Penha, e buscar sensibilizar e conscientizar a sociedade sobre o necessário fim da violência contra a mulher, além de divulgar os serviços especializados da rede de atendimento à mulher em situação de violência e os mecanismos de denúncia existentes.
Para falar mais sobre os problemas enfrentados pelas mulheres, principalmente nesse período de pandemia, o jornal Correio dos Lagos conversou com a psicóloga anitense Maria Caroline Sutil da Silva CRP 12/10905, a qual é pós-graduada em Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico e Psicologia Forense e Jurídica.
Correio dos Lagos - Quais os tipos de agressão mais comuns?
Psicóloga Maria Caroline Sutil da Silva - Quando se trata de violência, é difícil mensurar os mais comuns, no entanto, creio que a violência psicológica seja a mais praticada, pois está associada aos outros tipos de violência e geralmente ocorre de forma muito velada, tanto, que algumas mulheres demoram algum tempo para percebem que este tipo de violência está ocorrendo.
Correio dos Lagos - O que pode acarretar como consequências negativas, na vida de uma mulher que sofre violência e também na família que vive esse drama?
Maria Caroline - Para a mulher, acarreta além de marcas físicas, cicatrizes no corpo e "na alma" problemas de cunho psicológico/emocional como ansiedade, depressão, medo, autoestima rebaixada, sensação de impotência e menos valia, transtornos mais graves como o de pânico, por exemplo, além de traumas e dificuldades em confiar e relacionar-se com outras pessoas do mesmo sexo do agressor, bem como nos relacionamentos interpessoais como um todo. Para a família também causa uma série de traumas e dificuldades, tristeza, problemas sociais, pois acabam sofrendo com o preconceito, com as dificuldades enfrentadas tanto com a própria violência quanto com os trâmites legais que perpassam estas questões. E gostaria de pontuar também a questão da gravidade e dos prejuízos emocionais que presenciar a ocorrência da violência causa nos filhos, prejudicando seu desenvolvimento biopsicossocial saudável e causando marcas emocionais muitas vezes irreparáveis.
Correio dos Lagos - A pandemia agravou esse problema?
Maria Caroline - Com certeza, o isolamento social acabou agravando os casos de violência ao passo que as famílias ficaram mais tempo juntas, e onde a violência já permeava o contexto familiar, em uma situação de risco em função do medo em relação a pandemia, os ânimos acabam ficando mais exaltados e propiciando o aumento da violência.
Correio dos Lagos - Feminicídio cresce anualmente, na sua visão, porque as mulheres têm medo de denunciar?
Maria Caroline - Geralmente o medo vem permeado pelas ameaças inferidas pelo agressor. Ocorre também muitas vezes em que o agressor após realizar a violência desculpa-se e promete mudar, muitas mulheres em função da instabilidade econômica ou até dificuldade em manter- se e cuidar dos filhos sozinha, ou quando não tem filhos, crendo na sua incapacidade, acaba acreditando nesta mudança.
Correio dos Lagos - Você acha importante as campanhas que buscam enaltecer o assunto?
Maria Caroline - Com certeza, toda forma de alerta e de esclarecimento social acerca de qualquer assunto relevante a sociedade é importante. Penso que as mulheres precisam saber que não estão sozinhas, que existe toda uma rede de proteção para dar suporte nestes casos. Então, não se cale, denuncie!
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